Exportação de soja do Brasil deve cair 12% em 2019, estiagem é risco, diz Anec

SÃO PAULO (Reuters) - O Brasil deverá exportar 73 milhões de toneladas de soja em 2019, projetou a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), em uma queda de cerca de 12 por cento ante o recorde registrado no ano passado, marcado pelo forte apetite chinês e uma safra histórica.
A entidade, contudo, alertou para a possibilidade de embarques menores, caso perdas expressivas sejam de fato registradas na atual temporada, dada a estiagem há mais de um mês em importantes áreas produtoras do país, o maior exportador global de soja.
"Hoje, sabemos que teremos uma safra com viés de baixa em relação à do ano passado. Dados indicam que deveremos ter perdas resultantes de calor excessivo no oeste do Paraná, sul de Mato Grosso do Sul e em alguns pontos do Centro-Oeste. Desta forma, nossas previsões de exportação de grãos poderão sofrer alterações decorrentes do clima", afirmou em nota o diretor-geral da Anec, Sergio Mendes.
Em 2018, o Brasil embarcou um recorde de 82,8 milhões de toneladas de soja, segundo a Anec. O governo reportou na semana passada algo mais próximo de 84 milhões de toneladas.
No ano passado, os produtores brasileiros foram favorecidos por uma colheita de aproximadamente 120 milhões de toneladas e por uma maior demanda da China, que taxou a oleaginosa dos Estados Unidos em meio à guerra comercial e precisou se voltar ao produto sul-americano para suprir seu consumo doméstico.
De acordo com a Anec, só em dezembro foram enviados ao exterior 2,6 milhões de toneladas de soja, com 96 por cento desse volume indo para a China. A associação considerou o volume "atípico" para o mês.
Das exportações totais do ano, 10 milhões de toneladas foram puxadas por causa da guerra comercial entre EUA e China, as duas maiores economias do mundo, acrescentou a Anec.
Mendes, entretanto, pondera que a continuidade dessa disputa poderia prejudicar o Brasil.
"Embora o Brasil tenha sido beneficiado com um volume estimado em cerca de 10 milhões de toneladas absorvidas pela China, esse cenário gera imprevisibilidade, o que não é desejável para o nosso setor, que já lida com diversas outras variáveis, como o clima, oscilações do real com relação ao dólar e questões logísticas", afirmou.
MILHO
Em relação ao milho, a Anec estima exportações de 31 milhões de toneladas em 2019, alta de 36 por cento ante o reportado em 2018, ano marcado por uma quebra de produção devido a adversidades climáticas.
Em dezembro, as vendas de milho do Brasil foram de 3,8 milhões de toneladas, segundo a entidade.
"A proximidade da colheita da soja, que deve ser iniciada mais cedo este ano em diversas regiões devido ao plantio realizado logo no início da janela, motivou os produtores a comercializarem seus estoques de milho, liberando espaço para armazenamento da nova safra de soja", destacou a Anec.
(Por José Roberto Gomes)
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Adilson Garcia Miranda São Paulo - SP
A China não vai fazer acordo comercial com o Trump. Ela só está tentando ganhar tempo, até que o mandato dele acabe, para fazer um acordo mais vantajoso com o próximo presidente que assumir. Pois o Trump está querendo demais dos chineses.
O caso do muro com o México e' um chilique, mas o caso da China e' diferente trata-se de um deficit em contas monstruoso, trata-se de matemática---
Adilson Garcia Miranda São Paulo - SP
Quando o trump resolver taxar o resto das importações chinesas, a China voltará a comprar nosso soja em grande quantidade e com prêmios altos. Já que não temos estoques, e a nossa produção e também a da Argentina foram prejudicadas pelo clima.
Vai falando do pedestal,---- Já vi muita gente pagar a língua . A China e a Koreia do Sul já plantam soja no vizinho território russo. A longo prazo você vai ter que chupar pirulito.