Soja: China ainda precisa comprar de 10 a 15 mi de t para concluir 2019 e estar bem abastecida

Publicado em 14/10/2019 16:44

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A Peste Suína Africana (PSA) continua promovendo uma sombra sobre a demanda da China por soja. Ainda assim, as importações dessa commodity pela nação asiática foram de 8,2 milhões de toneladas. Apesar de apresentarem uma baixa de 13,5% em relação ao mês anterior , já que em agosto foram 9,48 milhões de toneladas, na comparação anual as importações chinesas da oleaginosa foram maiores, já que em setembro de 2018 totalizaram 8,01 milhões de toneladas.

E no acumulado de 2019, mesmo com todos os problemas, a China comprou 7,9% a mais do que nos primeiros nove meses de 2018 ao adquirir 64,511 milhões de toneladas. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (14) pela Administração Geral das Alfândegas da China. Os números demandaram alguma atenção dos participantes do mercado, mas sem causar grandes preocupações. Na Bolsa de Chicago, as cotações fecharam o dia em campo positivo - motivadas também por outros fundamentos altistas - e de olho nas últimas compras feitas pela China nos EUA. 

Soja porto China

Soja importada sendo transportada no poro de Nantong, Jiangsu province - Foto: Reuters

Mais do que isso, ambos os países informaram que alcançaram algum consenso, na última sexta-feira (11), sobre o comércio de produtos agrícolas, em um 'acordo parcial'. Segundo o presidente americano Donald Trump, os chineses teriam se comprometido em ampliar suas compras agrícolas nos EUA para algo entre US$ 40 e US$ 50 bilhões nos próximos anos. 

Especialistas internacionais julgam isso como 'algo sem sentido'. Afinal, isso seria o dobro do gasto pela China nos EUA de US$ 24 bilhões em 2017, antes do início da guerra comercial, conflito que já dura 18 meses. "Eu acredito que seja um grande número sem sentido, jogado para capturar manchetes e que não irá se consolidar", disse Darin Friederichs, analista de commodities sênior da INTL FCStone, na Ásia, á Reuters Internacional. 

Mais do que isso, como foi dito ao Notícias Agrícolas pelo diretor da ARC Mercosul, Tarso Veloso, o acordo que tem sido repercutido pela mídia - e que foi de fato uma boa notícia para o mercado - ainda precisa apresentar mais detalhes, tempo para entrar em vigor e o quanto desse volume todo será de fato efetivado. 

Entenda mais:

>> China x EUA: Trump fala em "fase um" de acordo parcial e compras da China de até US$ 50 bi

A China precisa agora fazer um apelo positivo aos EUA para que possa garantir sua matéria-prima e a brasileira somente já não é suficiente. Além disso, com esse atraso no plantio promovido pelas condições adversas de clima, haverá um atraso também na chegada da nova oferta do país, o que é mais um ponto de atenção para os compradores. 

"Continuamos na dianteira, vendendo mais para a China, mas eles precisam comprar um mais dos EUA agora", diz Brandalizze. E esse movimento já tem, inclusive equilibrado os prêmios futuros no Brasil aos americanos. "Nossos prêmios estão entre 25 e 45 cents (acima de Chicago) e os americanos entre 25 e 35 cents. O nosso deve ficar um pouco acima porque nossa soja tem mais proteína", completa. 

O consultor explica ainda que embora a Peste Suína Africana seja um preocupação, a China segue comprando forte porque a demanda por rações está ainda aquecida no país. "Há problemas com os suínos, mas eles estão migrando para outras carnes. E abatendo porcos com menos tempo, mas usando mais ração, para manter a demanda abastecida. Então, há alternativas", diz. 

Para Brandalizze, nestes próximos dois meses de 2019 a China precisaria comprar ao menos algo entre 10 e 15 milhões de toneladas para estar bem abastecida pelos próximos meses. 

"E esse ainda pode ser um número conservador. As compras têm que ser constantes e os recebimentos mensais. A China não pode também promover uma pressão de alta por lá e comprometer suas margebs de esmagamento. Enquanto eles têm Chicago maia prêmio abaixo de US$ 11,00 por bushel, têm margens positivas", diz. 

A cautela, portanto, está ainda mais presente nas operações chinesas nos últimos meses, desde que a doença se espalhou, virou uma epidemia e já provocou uma expressiva redução no plantel do país. O Ministério da Agricultura da China acredita que o rebanho do país de suínos, em agosto, tenha sido reduzido em 38,7% se comparado a há um ano. Instituições particulares, porém, acreditam que essa baixa já seja maior. 

"O volume de soja processada em setembro foi relativamente menor frente a uma menor demanda por farelo e menores margens de esmagamento por conta da Peste Suína Africana", disse também à Reuters Internacional, o analista da Cofeed, da China, Xie Huilan.

Mais do que isso, há ainda uma queda na população de matrizes de suínos na China, como explica o analista de mercado Eduardo Vanin, da Agrinvest Commodities. "Isso é um problema e preocupa. Ainda não houve uma estabilização da população de suínos, a velocidade de abate está maior do que a produção. A demanda da China ainda é uma incógnita", diz. 

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Por:
Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte:
Notícias Agrícolas

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