"Não vai faltar soja no Brasil", diz presidente da Aprosoja Brasil apesar das exportações fortes

Publicado em 28/04/2020 19:22 e atualizado em 28/04/2020 21:56

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"Não vai faltar soja no Brasil", afirmou Bartolomeu Braz Pereira, presidente da Aprosoja Brasil, em um webinar promovido pela Datagro nesta terça-feira (28). Segundo Braz, a produção do país tem condições de atender a demanda interna e seguir com as exportações em um momento historicamente positivo para o produtor brasileiro. 

Pereira explicou ainda que a baixa nos preços do diesel tem sido mais um fator positivo para os custos operacionais no campo e que um dos pontos de maior atenção tem sido o dólar bastante alto neste momento. 

"Tenta equilibrar isso para que possamos aproveitar o dólar alto e fazer bons negócios, até mesmo para garantir que teremos o plantio futuro", diz. Afinal, a moeda americana alta reflete instantaneamente em custos mais altos de produção, com boa parte dos insumos sendo importados. 

No encontro virtual estiveram ainda o presidente da Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais), André Nassar; o diretor da ANEC (Associação Nacional dos Exportadores de Cereais), Sérgio Mendes; e foi mediado pelo chefe do setor de grãos da Datagro, Flávio França. 

EXPORTAÇÕES

As exportações brasileiras de soja, como explicou Mendes, foram recordes em março e deverão ser novamente em abril frente ao contínuo fluxo dos embarques no Brasil e ao sistema logístico que vem operando normalmente desde os primeiros dias da quarentena e dos isolamentos sociais. 

"Temos que levantar nossas mãos para o céu, porque em vista de outros setores, estamos indo muito bem e não temos do que reclamar", disse Mendes. O objetivo da reunião dos especialistas foi entender os atuais desafios do mercado brasileiro de grãos neste atual momento de crise causado pela pandemia do novo coronavírus. 

A ANEC estima as exportações de soja em 73 milhões de toneladas e de milho algo entre 31 e 32 milhões. "O problema nos preços do petróleo prejudicam muito o milho nos EUA e isso pode prejudicar o Brasil", complementa o diretor da associação. 

INDUSTRIALIZAÇÃO

A ABIOVE volta a reafirmar que 2020 será um ano de esmagamento recorde, com 1 milhão a mais de toneladas em relação a 2019 e chegar a 44,5 milhões. Bons volumes nas exportações também de farelo e óleo de soja também são projetados pela associação, com números de, respectivamente, 16,5 milhões e 500 mil toneladas. 

Haverá muita industrialização da soja neste ano, como explica Nassar, diante dos bons momentos do setor brasileiro de carnes e também com a expectativa da retomada da demanda pelo biodiesel. A pandemia promoveu uma drástica redução no consumo de combustíveis de uma forma geral, que afetou duramente o setor e, consequentemente, do óleo de soja. 

CRÉDITO

Todos os representantes do complexo acreditam que a próxima safra deverá observar um cenário de oferta de crédito mais conservadora, com ressalvas a e possibilidade de recursos mais limitados. Mais do que isso, o presidente da Aprosoja Brasil fez ainda sua crítica aos juros elevados que ainda oneram o produtor rural brasileiro e que precisam ser repensados. 

ADAPTAÇÕES

Em tempos de isolamento social, todos os setore estão se adaptando e trazendo soluções para que os serviços continuem acontecendo. Assim, uma das medidas de avanço da Anec é o aumento do números de clientes aceitando certificados fitossanitários digitais. "Isso é um bom ganho do nosso setor, e a tendência é de que isso continue aumentando", diz Sérgio Mendes.

Covid-19 eleva cautela em negócios da safra futura de soja do Brasil, diz Abiove

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SÃO PAULO (Reuters) - As tradings e processadoras de soja do Brasil estarão mais cautelosas em negócios antecipados da oleaginosa da próxima safra do Brasil, diante das incertezas trazidas pela Covid-19, avaliou nesta terça-feira o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), André Nassar.

Ele lembrou que um aumento de pedidos de recuperação judicial por produtores de grãos no Brasil --o que aumenta os riscos de tradings que fazem negócios antecipados com agricultores-- já deixava a indústria compradora mais cautelosa, algo que pode ser acentuado dependendo dos desdobramentos da crise do coronavírus.

"Temos uma preocupação anterior à Covid, que é a recuperação judicial... Dez pedidos de recuperação só em janeiro... é capaz de ter mais. As empresas vão estar um pouco mais cautelosas no financiamento da próxima safra, vai depender muito de como a gente sair da questão do isolamento", declarou ele, durante webinar promovida pela consultoria Datagro.

Segundo Nassar, para a próxima safra que começa a ser plantada em setembro, a intenção de realizar mais negócios antecipados pelas tradings vai ser determinada pela situação pós-coronavírus.

Só neste momento as empresas poderão decidir se aumentam ou diminuem a sua exposição em termos de compra antecipada, comentou ele, acrescentando que a demanda, que está forte no momento, vai ser determinante também.

A possibilidade de a China vir a comprar mais soja dos EUA no segundo semestre é um fator a ser acompanhado, acrescentou.

"Por outro lado, o produtor pode ter muito interesse em fazer uma operação de 'barter' bem montada", ressaltou Nassar, comentando que os patamares atuais do dólar são um estímulo para negócios.

Mas, disse ele, se começar a ter "defaults" e recuperações judiciais por causa da Covid, "isso vai inibir bastante as empresas".

"Ainda está cedo, tem que deixar passar abril, maio e junho para ficar claro qual será a exposição que as empresas vão ter, mas elas têm interesse em comprar antecipadamente."

De qualquer forma, segundo analistas e órgãos de pesquisa, a comercialização da safra de soja do próximo ano já está bastante antecipada, com produtores vendo boas oportunidades de negócios com o dólar em máximas históricas.

Agricultores de Mato Grosso, maior produtor brasileiro, já comercializaram mais de 30% da safra de soja do próximo ano, segundo o instituto Imea, ligado ao setor produtivo do Estado. Nunca a comercialização antecipada atingiu tal nível nesta época.

No mesmo período do ano passado, o Mato Grosso havia comercializado antecipadamente 8% da safra futura.

(Por Roberto Samora)

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Por:
Carla Mendes| Instagram@jornalistadasoja
Fonte:
Notícias Agrícolas

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