Vendas antecipadas de soja dos EUA estão mais lentas do que em anos anteriores

Publicado em 17/06/2020 14:39 e atualizado em 17/06/2020 16:48
192 grupos agrícolas assinam carta a Trump pedindo pressão para que China compre mais

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A comercialização norte-americana de soja dos EUA está mais lenta este ano em relação a anteriores. Na análise de Aaron Edwards, consultor de Mercado da Roach Ag Marketing, o principal motivo são os preços baixos. "Os produtores não queriam abrir mão e as tradings costumam ter mais grãos comprados neste período do que elas têm agora", diz, direto dos EUA ao Notícias Agrícolas. 

"O produtor não quer fazer compromissos nestes níveis para a safra, então espera agora por algo melhor e também não quer garantir um prejuízo se estiver abaixo do custo de produção, e ele está receoso", completa. O receio, afinal, vem de um mercado que segue muito lateralizado, e sem força suficiente para se direcionar de forma mais clara. 

O consultor explica ainda que a tendência é de alta para os preços da soja na Bolsa de Chicago, porém, afirma que esta tendência precisa ser alimentada com notícias que deverão vir, principalmente, do lado da demanda. Por outro lado, Edwards diz também afirma que os possíveis riscos climáticos para a safra a nova safra dos Estados Unidos são monitorados e, eventualmente, poderão ser combustível para as cotações. 

"Nós esperamos mais um pico entre agora e a safra americana. É muito difícil termos um mercado que só sobe, estamos em um movimento lateral, e na ausência das notícias continuadas de alta, a tendência é a gravidade nos puxar para baixo um pouquinho até o novo pico de alta", acredita o consultor da Ag Roach Marketing. 

O contrato novembro/20, importante referência para os produtores norte-americanos, mostra uma bom avanço no último mês, como sinaliza o gráfico a seguir. Com as leves altas registradas na tarde desta quarta-feira (17), a posição era negociada era cotada a US$ 8,75 por bushel. Em 18 de maio, eram US$ 8,52. 

Soja Novembro Chicago

"Tivemos uma semana de preços fortes e agora estamos tendo um recuo, isso parece uma pressão de venda dos produtores, e isso é normal", explica Edwards. "E quando a safra chegar, eles terão que abrir mão de seus estoques para abrir mais espaço de armazenagem. Então, é uma combinação de preço e calendário. Se o preço for atrativo, eles vão vender e haverá pressão de venda, ou se o calendário estiver muito adiantado. Então, não há muita opção". 

Os últimos acontecimentos - começando pela guerra comercial entre China e Estados Unidos, passando pela pandemia do novo coronavírus e chegando a maior competitividade da soja brasileira - criou um cenário distinto para a comercialização da oleaginosa norte-americana que, ainda segundo Edwards, está sendo absorvido e tentando ser otimizado pelos produtores dos EUA. 

"Temos uma situação cheia de incertezas, os produtores não gostam do preço, não querem vender, estão sendo paciente, mas a safra avança, o calendário avança, e eles não poderão esperar para sempre", complementa. 

CARTA A DONALD TRUMP

Diante da atual situação de um agravamento nas relações entre chineses e americanos, 192 instituições, entre grupos de produtores e do agronegócio dos EUA enviaram uma carta, nesta terça-feira (16), ao presidente Donald Trump pedindo maior pressão sobre a China para que a nação asiática aumente suas compras de produtos agrícolas norte-americanos. A notícia parte do portal internacional Fern's AG Insider. 

"Atualmente, o mercado mundial de grãos e oleaginosas está experimentando o maior excesso de produção desde os anos 80, e os Estados Unidos estão enfrentando uma crescente concorrência de fontes estrangeiras (...) A Fase Um do Acordo Comercial atuará como base para a prosperidade do setor agrícola dos EUA", diz a carta ao presidente americano. 

O documento foi assinado, ainda segundo o  Fern's AG Insider, por representantes dos setores de milho, soja, algodão, trigo, arroz, aves, ovos, laticínios, gado e suínos, bem como grupos representando os setores de pesca, transporte marítimo, biotecnologia, agroquímico e biocombustível. Entre as gigantes do setor, assinaram a carta a Tyson Foods, Bayer, Bunge e a Smithfield Foods. 

Muitos especialistas acreditam que o total acordado entre os dois países não será alcançado em 2020 nas compras agrícolas da nação asiática no mercado americano de US$ 36,5 bilhões. Em dois anos, esse total deveria ser de US$ 80 bilhões. 

No ritmo em que as operações caminham, porém, as perspectivas não são das melhores. O país asiático deverá ser o terceiro maior comprador dos EUA neste anoo fiscal com US$ 13 bilhões, volume distante dos US$ 21 bilhões/ano antes do início da guerra comercial. 

No ano fiscal de 2019, as exportações agro dos EUA caíram 5% para US$ 135,5 bilhões. A expectativa é de que registrem um aumento de US$ 1 bilhão neste ano. 

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Por:
Carla Mendes| Instagram@jornalistadasoja
Fonte:
Notícias Agrícolas

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