Argentina reduz participação a apenas 16% no complexo soja global; menor índice desde 2017/18

Publicado em 02/02/2021 14:32

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A participação da Argentina no mercado global de farelo de soja vem ganhando menos espaço nas últimas temporadas diante do atual cenário da oleaginosa no país. De acordo com um reporte da Bolsa de Comércio de Rosário, o derivado argentino corresponde a 39,9% do mercado internacional, sendo este o menor nível em 20 anos. A instituição afirma ainda que o Brasil deverá seguir respondendo por 25% e os Estados Unidos podendo aumentar sua fatia e chegar aos 20%. 

"Embora a Argentina continue a ser o principal fornecedor de farelo, com as exportações 2020/21 estimadas em 26,5 milhões de toneladas, a relativa participação do país no mercado mundial deverá passar por esse recuo pela primeira vez desde a temporada 2000/01", traz o reporte da bolsa. 

O consumo, em contrapartida, segue crescendo e, com a dificuldade de chegada da oferta do grão no Brasil e na Argentina - também com os produtores evitando novas vendas, ao menos por hora - e aos poucos, a dinâmica neste mercado vem se alterando, assim como aconteceu no da matéria-prima.

"No mercado global, com uma demanda aquecida, onde provavelmente no Brasil e na Argentina com dificuldade de chegada da produção com uma falta de farelo, acaba caindo nos Estados Unidos, onde tem sido esmagados muito mais volumes por conta dos seus estoques, que eram maiores. Mas estes estoques têm sido reduzidos porque a cada dia a demanda está acontecendo e os enxugando", explica Mário Mariano, diretor comercial da Agrosoya e da Novo Rumo Commodities. 

Além disso, na análise de Mariano, o farelo brasileiro já responde por 50% do mercado global e segue muito demandado, enquanto os americanos ampliaram sua participação em 5%. 

Além da demanda interna aquecida pelo derivado, as exportações do Brasil também caminham em ritmo normal. De acordo com os dados reportados pela Secex (Secretaria de Comércio Exterior) nesta segunda-feira (1), foram embarcadas 1,060,8 milhão de toneladas na última semana, contra 1,050,3 de janeiro de 2020. 

"Tudo aponta que o ano da soja e derivados será forte, mas os volumes devem crescer a partir de março. Os operadores temem que muitos embarques de fevereiro não conseguirão ser realizados devido ao atraso na colheita, podendo congestionar os portos em março e abril", explica Vlamir Brandalizze, consultor de mercado da Brandalizze Consulting.

Dessa forma, e com o grão ainda em patamares bastante elevados, além de passar por um momento de forte escassez de oferta, os preços do farelo de soja segum muito altos no mercado brasileiro. Ainda segundo o levantamento da consultoria, as referências variam entre R$ 2720,00 e R$ 2950,00 por tonelada. 

COMPLEXO SOJA

Entre os números do óleo de soja, a Argentina permanece líder. O reporte da Bolsa de Comércio de Rosário estima que as exportações argentinas do derivado sejam de 5,7 milhões de toneladas neste ano comercial, respondendo por 47% do mercado global. Na temporada anterior, eram 5,4 milhões e 45% de market share. 

Da mesma forma, a bolsa estima as exportações brasileiras em 1,2 milhão de toneladas, ou 10% do mercado mundial. 

Para todo complexo soja, a estimativa do órgao é de que a Argentina alcance 16% do mercado internacional na temporada 2020/21, refletindo as dificuldades do setor no país nos últimos três anos. 

"De 1990 até hoje, a única vez que a participação da Argentina no complexo soja ficou abaixo desta marca foi na safra 2017/18, quando uma severa seca impactou a produção nacional, que foi reduzida a apenas 35 milhões de toneladas. Estes 16% são apenas a metade do recorde de 32% que foi alcançado na campanha 2007/08", disse a bolsa de Rosário. 

DEMANDA x OFERTA DISPONÍVEL

Enquanto os estoques são drenados nos Estados Unidos e a oferta da nova safra demora a chegar na América do Sul e ser disponibilizada para exportação - e para o cumprimentos dos inúmeros contratos já firmados - a demanda continua se mostrando muito intensa. Entre analistas internacionais, a expectativa é de que os Estados Unidos terão, inclusive, que ampliar suas importações da oleaginosa para atender a todos os seus compromissos. 

Afinal, como explicou Mário Mariano, além de mais de 95% da safra norte-americana já comprometida com as exportações, os processadores do país vêm processando volume de soja recorde atrás de recorde, confirmando assim uma "escassez de soja, ao menos no papel", como informa a agência de notícias Bloomberg. 

À agência, o consultor de gerência de risco da StoneX, Matt Campbell, as importações de soja do país poderiam alcançar seu maior volume desde 2014. "Todo ano há algumas quantidades importadas, no entanto, neste ano podem ser os maiores volumes já registrados", diz. 

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Por:
Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte:
Notícias Agrícolas

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