Acelerando o crescimento da soja

Publicado em 31/05/2021 09:38
Modificação genética permite o crescimento vegetal mesmo em situações adversas

Um acelerador de crescimento vegetal que promove o aumento da planta mesmo em condições adversas é a aposta da empresa goiana NovAg Agrícola LTDA em sua parceria com a Unicamp. Fundada em 2018, a NovAg é uma empresa voltada ao lançamento de novos produtos a partir da transferência de tecnologias desenvolvidas em universidades e institutos de pesquisa. Segundo seu sócio-fundador Giovani Saccardo Clemente, a empresa tem a missão de captar novas tecnologias produzidas no meio acadêmico e, através do licenciamento dessas tecnologias, transformá-las em produtos que solucionem problemas.

”No meio acadêmico, existe muito conhecimento gerado. Nós procuramos inserir esse conhecimento em nossos produtos e comercializá-lo para quem precisa dessas soluções”, explica Giovani.

Uma dessas soluções é justamente a tecnologia que descreve um modo de aceleração do crescimento vegetal em plantas transgênicas, desenvolvida no Instituto de Biologia da Unicamp (IB Unicamp) pela equipe liderada pelo professor Marcelo Menossi. A patente foi depositada pelo time da Agência de Inovação Inova Unicamp, que também tratou do licenciamento, formalizando a transferência da tecnologia para a NovAg em 2020, com foco em sua aplicação para a ampliação de resultados no cultivo da soja.

Sobre o desenvolvimento da tecnologia, Menossi explica que a aceleração do crescimento vegetal é obtida através de um mecanismo de silenciamento do gene que codifica a proteína DELLA. A proteína DELLA por sua vez, é encontrada em uma grande quantidade de plantas e tem um papel importante para controlar seu crescimento nas situações em que a planta é submetida a estresse. 

“Essa proteína funciona como um freio para o crescimento da planta. Quando a planta é submetida a algum tipo de estresse, que pode ser causado por fatores ambientais como a seca, ela tenta interromper seu crescimento, produzindo muito dessa proteína” explica Menossi.

Pensando nisso, os pesquisadores se perguntaram se uma modificação genética na planta, para que ela produzisse menos da proteína DELLA, permitiria manter seu crescimento mesmo sob situações adversas. “Foi o que aconteceu!” comemora Menossi, pontuando que, ao silenciar o gene responsável pela proteína DELLA, a planta passa a se desenvolver muito mais rápido.

O estudo foi conduzido na Unicamp com foco para o cultivo da cana-de-açúcar, mas o docente explica que, com a soja – que é o objeto do licenciamento para a NovAg – talvez os resultados sejam ainda melhores.

“É possível que a planta apresente a mesma produtividade, porém num intervalo de tempo menor, ou ainda, é possível que, além de se desenvolver mais rápido, ela seja também mais produtiva e forneça mais sementes” enfatiza Menossi. 

Segundo o docente, a tecnologia tem ainda potencial para ser empregada nos cultivos destinados à produção de biomassa para bioenergia, como o milho, sorgo e a chamada cana energia (uma qualidade de cana com menor teor de açúcar, muito empregada na produção de biomassa).

Impactos da biotecnologia na produção agrícola

Engenheiro Agrônomo formado pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da USP (ESALQ – USP), Giovani explica que tecnologias envolvendo transgenia permitem modificações que dificilmente seriam alcançadas de outras formas, como por exemplo produzir uma planta com maior teor de proteína ou um tipo de soja que possa ser cultivada em regiões mais secas, como é o caso desse licenciamento. “Quando essa tecnologia de ponta chega ao agricultor brasileiro, ela impacta toda a sua produção. É a solução do problema chegando às mãos de quem precisa’’, pondera Giovani sobre a atividade de transferência de tecnologias. Ele completa seu raciocínio dizendo que um dos objetivos da NovAg com esse licenciamento é justamente disponibilizar esse produto para que o pequeno produtor tenha mais chances no mercado. 

Menossi, por sua vez, reforça a importância da biotecnologia na produção agrícola ao mencionar estudos feitos pela Organização das Nações Unidas que apontam dificuldades na produção de alimentos para a população mundial sem o uso da biotecnologia. “Frente ao enorme desafio de incrementar a produtividade agrícola, ampliar a sustentabilidade e não ampliar a área de cultivo, a biotecnologia oferece uma ampla gama de opções, sendo uma estratégia fundamental”, conclui Menossi. 

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Inova

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