China: Problemas com a energia paralisam apenas 10% do esmagamento diário de soja, explica consultor

Publicado em 27/09/2021 16:12

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Os problemas de falta de energia na China estão obrigando algumas fábricas processadoras de soja a paralisar suas atividades e deram um susto no complexo global da oleaginosa. No entanto, Vlamir Brandalizze, consultor de mercado da Brandalizze Consulting, explica que trata-se de algo menor do que as manchetes possam passar. 

"A paralisação destas empresas representa 10% da capacidade diária de esmagamento de China. Estamos falando de cerca de 24 mil toneladas de soja que deixam de ser esmagadas em um dia calmo de esmagamento, onde eles têm capacidade de esmagar 250 mil toneladas/dia. A China é muito grande para parar", afirma Brandalizze. 

E ele ressalta ainda que a nação asiática ainda precisa fazer compras grandes da oleaginosa até o final deste ano para estar plena e adequadamente abastecida. Nesta segunda-feira, os chineses já compraram mais 334 mil toneladas da commodity nos EUA, mesmo diante da logística comprometida e cara ainda sendo sentida pelos norte-americanos. 

Informações de portais internacionais dão conta de que as plantas processadoras de soja estão inclusas em uma série de fábricas de outros setores que foram obrigadas a parar com suas atividades diante de um aumento expressivo dos preços das matrizes energéticas - principalmente o carvão - e de um redirecionamento do governo chinês para que o país alcance a meta de carbono neutro. 

E especialistas internacionais reafirmam a análise de Vlamir Brandalizze sobre tal paralisação não causar grande impacto sobre o mercado e as importações chinesas de soja. No entanto, os preços do farelo e do óleo de soja na Bolsa de Dalian apresentam altas desde a última sexta-feira (24). A análise se complementa ainda com as informações de que por mais que a produção dos derivados agora seja menor, as indústrias têm estoques capazes de manter o mercado ao menos equilibrado. 

E também para garantir este equilíbrio é de Brandalizze e demais analistas e consultores de mercado acreditam que os próximos meses serão de fortes importações de soja por parte da nação asiática. "O quarto trimestre é, tradicionalmente, um dos picos de consumo de óleo comestível as importações de soja serão relativamente grandes", diz Jiao Shanwei, editor-chefe da cngrain.com, um site especializado em notícias de grãos da China ao portal Global Times. 

O QUE OCASIONOU A FALTA DE ENERGIA NA CHINA?

A maior demanda chinesa por energia se chocou com o risco de uma grave escassez de carvão e gás, o que pode se agravar durante o inverno, com mais utilização dos sistemas de aquecimento nas residências. E tal cenário, ainda de acordo com os especialistas, poderia ofuscar algumas perspectivas de crescimento de uma das maiores economias do mundo. 

“Com a atenção do mercado agora focada em Evergrande e nas restrições sem precedentes de Pequim no setor imobiliário, outro grande choque do lado da oferta pode ter sido subestimado ou mesmo perdido”, alertaram analistas da Nomura Holding Inc., em nota reportada pela agência de notícias Bloomberg. 

Parte do aumento da demanda se deu com a volta das atividades pós pico da pandemia do Covid-19, impulsionando o consumo em diversos setores. Ao mesmo tempo, porém, preocupa, ainda como relata a Bloomberg, o menor investimento de mineradores e perfuradores, o que acaba limitando a produção e geração de energia. 

Mais do que isso, as manchetes sobre a escalada dos preços do carvão têm sido recorrentes, batendo recordes recentes. Há restrições sobre a produção local, bem como as importações de seu principal fornecedor, a Austrália. Acompanhando as altas do carvão, os preços do gás natural abriram a semana registrando altas de mais de 4% no mercado internacional. 

Ao lado de tudo isso, o governo chinês segue se esforçando para cumprir as metas de descarbonização de sua economia, limitando ainda mais as opções de aumento da produção. 

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Por:
Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte:
Notícias Agrícolas

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