Números das importações da China em outubro mostram preferência do país pela soja do Brasil

Publicado em 22/11/2021 12:27 e atualizado em 22/11/2021 14:46

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Mais do que em temporadas anteriores, a demanda chinesa por soja ficou mais pulverizada entre Estados Unidos e Brasil, o que refletiu nos últimos números da balança comercial de outubro da nação asiática. As importações chinesas de soja norte-americana foram de 775,331 mil toneladas no mês passado, volume 77% menos do que as 3,4 milhões na comparação anual. Os dados partem da Administração Geral das Alfândegas. 

Entretanto, ainda em outubro, a China importou 3,3 milhões de toneladas de soja do Brasil. Apesar do bom volume, na comparação com o mesmo período do ano passado houve uma baixa de 22%, ainda de acordo com dados da alfândega do país. 

No total, as importações chinesas da oleaginosa no mês passado foram de 5,11 milhões de toneladas, 41% menos do que há um ano e o menor volume desde março de 2020. Nos primeiros 10 meses de 2021, as importações de soja da China somam 79,08 milhões de toneladas, 5% menos do que no mesmo intervalo de 2020. 

O mapa a seguir, da agência Refinitiv Eikon, mostra o fluxo de navios carregados com soja dos portos do Golfo ou do Pacífico, nos EUA, com destino, em sua maioria, à China, em 16 de novembro. 

Navios de soja 16.11
Mapa: Refinitiv Eikon

A imagem seguinte mostra os navios da tarde desta segunda-feira (22) com os navios saindo do Brasil em direção à nação asiática:

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Mapa: Refinitiv Eikon

Segundo analistas de mercado, parte dessa diminuição das compras chinesas no mercado americano se deve às margens de esmagamento apertadas na China neste momento - pressionadas, principalmente, pelo momento difícil da suinocultura -, bem como a boa competitividade do produto brasileiro que se deu não só pelo preço, mas também pela qualidade. Seu maior teor de proteína e óleo resultavam em mais rendimento e para atender à demanda imediata foi vista pelos compradores como uma alternativa mais atrativa, como o Notícias Agrícolas veio informando nos últimos meses. 

O gráfico abaixo, da Bloomberg, destaca os momentos em que a soja brasileira esteve mais barata do que a dos EUA mesmo nos momentos de pico da colheita norte-americana. 

Soja BRxEUA
Gráfico: Commmodity3 + Bloomberg

Assim, a soja dos EUA - e demais fornecedores - foi buscada para embarques mais longos, principalmente os primeiros meses de 2022. Tradicionalmente, a oleaginosa dos EUA domina o mercado chinês no quarto trimestre do ano, quando a colheita no país está na fase conclusiva e há maior volume disponível de produto, o que acaba deixando a soja mais barata por lá. 

Além das características da soja brasileira terem-na deixado mais competitiva do que a americana, o comportamento do dólar frente ao real também contribuiu. A desvalorização da moeda brasileira diante da brasileira deixou a commodity dos EUA menos atrativa para os importadores e a do Brasil mais acessível.

Somente de 30 de setembro e 31 de outubro, o dólar subiu quase 6% frente ao real e deu espaço a esta busca maior pela soja nacional por parte dos importadores. 

Dolar x Real - outubro
Dólar x Real em outubro - Gráfico: Investing

CHEGADA MAIS CEDO DA SOJA BRASILEIRA

O mercado está bastante atento à chegada da soja 2021/22 do Brasil nesta temporada que pode acontecer mais cedo. Dado o plantio acontecendo em ritmo recorde no país, as primeiras colheitas deverão se dar já depois do Natal e mesmo pontualmente começam a trazer mais oferta ao mercado. 

“O ritmo acelerado de semeadura no Brasil e as perspectivas de safra recorde e precoce têm ajudado a pressionar os preços de Chicago, já que os EUA podem perder participação no comércio global”, disse Daniele Siqueira, analista da AgRural, à Bloomberg. 

Nas duas primeiras semanas de novembro, as exportações de soja do Brasil somam 1,539 milhão de toneladas, contra o volume de pouco mais de 1,4 milhão de todo novembro de 2020, de acordo com os últimos dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior). Em todo 2021, as vendas externas do Brasil somam 86,2 milhões de toneladas, contra 82 milhões do mesmo período de 2020. 

Assim, a sinalização acompanhada pelo mercado é de que as exportações dos EUA, naturalmente, poderiam ficar mais lentas e, de acordo com analistas e consultores, não ser compensadas na totalidade pela demanda interna mais forte que tem sido registradas nas últimas semanas. Há um aumento expressivo do consumo de derivados no país, mas que pode ser insuficiente para conter um incremento dos estoques finais norte-americanos de soja.

“Essa demanda doméstica pode diminuir o impacto da lentidão nas exportações, mas infelizmente não vai compensá-la completamente”, disse o analista da AgriVisor LLC, Karl Setzer, em uma nota divulgada pela Bloomberg na última semana.

E ainda assim, as cotações da soja negociadas na Bolsa de Chicago seguem encontrando espaço para se manter acima dos US$ 12,00 por bushel. 

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Por:
Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte:
Notícias Agrícolas

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