USDA pode reduzir área de soja e aumentar de milho no reporte de 30 de junho; mercado já especula

Publicado em 03/06/2022 15:44 e atualizado em 03/06/2022 17:22

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Junho está só começando, porém, boa parte das atenções do mercado já está voltada para um novo boletim que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) traz no final do mês, com uma revisão da área para a safra 2022/23 do país. As condições climáticas, o ritmo do plantio e, principalmente, as relação de preços entre soja e milho poderiam provocar uma mudança na semeadura e ser, ao se confirmar, umas das principais surpresas desta nova temporada. 

De acordo com os analistas e consultores de mercado ouvidos pelo Notícias Agrícolas, esta relação que vinha favorecendo e estimulando o cultivo da oleaginosa mudou e passou a dar mais oportunidades comerciais para o milho. 

"O produtor norte-americano já possui quase três meses de maior rentabilidade projetada no milho do que na soja. A migração não será agressiva, porém, o mercado da soja está muito sensibilizado com a queda de oferta da América do Sul no último ciclo", afirma Matheus Pereira, diretor da Pátria Agronegócios. 

Dessa forma, as primeiras projeções de área ára a safra 2022/23 poderão não se estabelecer, com um aumento para a soja e uma redução para o milho. O que pode, na verdade, acontecer ao contrário. 

"A rápida evolução do plantio do milho nessas últimas três semanas reforçou as apostas de aumento da área de milho sobre a soja, em especial no Meio Oeste, onde o milho perdeu 1,2 milhão de acres (490 mil hectares) para a soja na intenção de plantio. Hoje, o produtor americano faz US$200 por acre a mais no milho em relação à soja no Meio Oeste, reforçando esse cenário", detalha o analista de mercado Eduardo Vanin, da Agrinvest Commodities.

As novas expectativas para a área nos Estados Unidos, portanto, passam a indicar um aumento de cerca 810 mil hectares (2 milhões de acres) na área de soja e uma redução de 610 mil hectares (1,5 milhão de acres) no milho nesta temporada. As mudanças, como explica Vanin, poderiam já ser vistas no reporte de área do dia 30 de junho que será trazido pelo USDA. Mais do que isso, lembra ainda que a soja poderia perder área também nos estados mais a norte, onde os agricultores deram preferência ao milho. 

"O produtor americano lembra que em 2019 a neve veio mais cedo e o milho lá foi colhido em abril do próximo ano. Plantar milho junho a dentro no norte sempre é uma atividade de alto risco, ainda mais esse ano que já começou mais frio", afirma Vanin.

Os custos de produção muito elevados para os produtores nos Estados Unidos também foram um fator determinante para a definição da área 2022/23. Os produtores rurais norte-americanos foram os primeiros a "pegarem a onda" dos patamares historicamente altos dos fertilizantes para esta nova temporada e as consequências já eram esperadas. 

"Parte do que fez a relação de preço favorecer o milho - estando mais próxima de 2 -  foi o aumento do fertilizante. O milho, especialmente nos EUA exige mais investimento em adubação. Então, a soja estava 'barata' (para se produzir) já que não demandava um investimento tão grande. Agora, com o preço do fertilizante em queda, os fundos acharam o milho caro, a soja barata e estão se reposicionando", explica, direto dos EUA, o consultor de mercado Aaron Edwards, da Roach Ag Marketing. 

Todavia, ainda segundo o especialista, as decisões de plantio não devem ser drasticamemte alteradas, até mesmo pelo tempo e pelas limitações logísticas para movimentos como esse. No entanto, para os preços os primeiros efeitos já começaram a aparecer. "Não houve mudança fundamentalista, mas é um lembrete de quanto especuladores podem mexer no preço", diz.

Também como lembra Vanin, os dados de área deverão passar ainda por mais quatro revisões, sendo esta de junho, mais setembro, novembro e janeiro. "A decisão que o produtor já foi feita e o que se espera, e o mercado vem apostando nisso, é de que venha um aumento na área de milho e uma redução na área de soja. E esse número não muda porque o produtor decidiu em julho, por exemplo, não plantar, ele muda porque vêm os reportes dos produtores, a decisão do não plantio para mais ou para menos. Então, há uma série de ferramentas e mecanismos na comercialização americana que faz com que essa área mude do início até o final", explica o analista. 

Mais do que isso, ele afirma ainda que os dados de área colhida também vão sendo alterados no decorrer da safra. "A produção americana reduz mais em anos de muita chuva do que em anos de seca, porque há dois mecanismos: a área plantada e área colhida (...) Daqui para frente o mercado ainda vai ter muitas informações neste sentido". 

Veja a íntegra da entrevista de Eduardo Vanin ao Notícias Agrícolas no fechamento do mercado nesta sexta-feira (3):

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Por:
Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte:
Notícias Agrícolas

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