Instituto Soja Livre debate créditos de carbono para soja livre de transgênicos em Brasília

Publicado em 16/06/2023 10:12
O crédito de carbono da soja não-transgênica poderá contribuir na rentabilidade do nicho, mitigando assim o risco para a cadeia

Os créditos de carbono para soja livre de transgênicos foram pauta de reunião de representantes do Instituto Soja Livre (ISL), consultores e empresas do ramo com setores ministeriais ligados à atividade agrícola em Brasília na terça (13).

A agricultura sustentável brasileira é essencial para o sequestro de carbono e as discussões giraram em torno do segmento de não transgênicos, sua importância na preservação da biodiversidade das sementes de soja e o perfil dos solos do Cerrado brasileiro, que é conhecido como floresta invertida, guardando estoques significativos de carbono.

“Apenas 1% dos créditos de carbono no mercado são voltados à agricultura, apesar do setor ser fundamental para as emissões e gestão de estoques de carbono”, disse Vasco Van Roosmalen, cofundador da ReSeed, empresa especializada na gestão de créditos de carbono.

NICHO DE MERCADO

O gerente executivo do ISL, Eduardo Vaz, lembrou que a cadeia da soja convencional já foi muito penalizada por causa da volatilidade dos prêmios pagos ao produtor. Nesta safra, inclusive, é esperada uma queda da intenção do plantio por causa da discrepância de prêmios.

“O crédito de carbono da soja não-transgênica poderá contribuir na rentabilidade do nicho, descorrelacionando exclusivamente o prêmio do farelo europeu, mitigando assim o risco para a cadeia. Além disso, contribui na pegada ambiental dos mais exigentes mercados”, avaliou.

A expectativa é que haja mais estabilidade para a produção e o desenvolvimento de sementes convencionais no Brasil. “A alta volatilidade dos prêmios do não-transgênico e a baixa previsibilidade dos volumes demandados traz enormes desafios para a nossa atividade”, informou Luiz Fiorese, diretor da Quati Sementes e conselheiro do Instituto Soja Livre.

Os produtores rurais brasileiros atendem altas exigências dos consumidores europeus, o que os torna, segundo Luiz Fiorese, “campeões de sustentabilidade, jogando dentro das regras do mercado europeu há anos, mas também exercem grande pressão econômica para a cadeia de fornecimento brasileira”.

Os consultores Fernando Nauffal Filho e Johnny Drescher concordam com o executivo. Para eles, o mercado de não-transgênicos apresenta grandes oportunidades no tema das emissões de CO2, pelo histórico do setor no cumprimento de todos os requisitos de sustentabilidade, uma exigência de longa data dos importadores europeus ligados a cadeia do “GMO Free”.

“Os extremos climáticos vividos pelos europeus nos últimos anos têm trazido discussões intensas sobre o aquecimento global, e os projetos de sequestro de carbono estão no centro das atenções, principalmente em um cenário onde a Alemanha tenta substituir o uso de combustíveis fósseis, processo que se acelerou com a guerra entre russos e ucranianos”, contextualiza Drescher, que vive na Alemanha.

MOMENTO FAVORÁVEL

O Brasil sediará em 2025 a COP-30 e, por isso, esse também é um momento favorável para projetos envolvendo créditos de carbono e a sustentabilidade da cadeia da soja convencional. Na Europa, os volumes de importação certificada sob o selo de não transgênicos originadas no Brasil garantem a sustentabilidade deste mercado e a liberdade de escolha na alimentação de uma população com alto nível de exigência.

Fernando Naufall lembrou que grandes empresas do agronegócio brasileiro empregam atualmente muitas pessoas no país. “Além disso, presença do Brasil como um dos maiores fornecedores de alimentos no mundo tem permitido que centenas de milhões de pessoas no mundo saiam da insegurança alimentar e mantenham dietas nutricionais adequadas”, disse.

As discussões incluíram também uma agenda com o setor de sustentabilidade do Banco do Brasil, recepcionados pelo assessor da Vice-Presidência de Governo e Sustentabilidade, André Machado, onde os fluxos de não transgênicos entre Brasil e Europa foram apresentados pelo consultor Johnny Drescher, conectando o tema às questões dos créditos de carbono na agricultura.

Também participaram das reuniões Jones Petry, diretor comercial da Quati, Chang Wilches, chefe geral substituto da Embrapa Cerrados, Rogério Vian, Presidente do GAAS, Maria Eduarda Senna Mury, advogada especialista em regulamentação de CCS para a ReSeed, Mariana Coelho, da Conecta Associados, e Dalci Bagolin, coordenador geral de Promoção Comercial do MAPA.

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Fonte:
Instituto Soja Livre

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