Soja tem 2ª feira de estabilidade em Chicago e mercado brasileiro focando dólar e prêmios
Os futuros da soja fecharam o pregão desta segunda-feira (8) com estabilidade na Bolsa de Chicago, mas do lado negativo da tabela. As cotações terminaram o dia perdendo entrre 0,50 e 3,50 pontos, com o maio sendo cotado a US$ 11,81 e o agosto a US$ 11,92 por bushel. Durante todo o dia o mercado caminhou de forma lateral.
"Do lado baixista, o mercado observa a diminuição das tensões no Oriente Médio. Nesta 2ª, Israel disse que estaria retirando sua tropa militar do sul de Gaza, o que levou a uma derrocada do petróleo, que bateu nas máximas em cinco meses na semana passada, ao mesmo tempo em que pressionou os futuros do óleo de soja, atingindo também a oleaginosa. As perdas para a soja, porém, acabaram amenizadas por um dólar enfraquecido, dando suporte aos grãos americanos", afirma o tima da Agrinvest Commodities.
Além da espera por novas notícias fortes, que possam redefinir as rotas do mercado, os traders - nesta semana - também se ajustam antes da divulgação de um novo boletim mensal de oferta e demanda pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), na quinta-feira (11). Embora os dados sejam sempre muito aguardados, o mercado se posiciona também antes da chegada do reporte de maio, quando os dados da nova safra norte-americana começarão a ser divulgados.
"A falta de demanda e de notícias fundamentais positivas tem deixado as commodities agrícolas na CBOT à deriva e sem tendência. No momento, com tudo concluído na América do Sul, com a colheita brasileira em sua reta final e o avanço da colheita argentina, o mercado passa a focar exclusivamente no clima norte americano", afirma o diretor geral do Grupo Labhoro, Ginaldo Sousa.
E as previsões, ainda segundo Sousa, mostram que os próximos dias, de acordo com o modelo GFS, chuvas fortes e localizadas nos estados do Sul e Sudeste, com as áreas Centrais e Oeste do Corn Belt recebendo apenas chuvas moderadas e leves.
"O clima nos EUA será, daqui para frente, o fator mais importante deste ano para os preços em Chicago, já que a demanda é por todos conhecida e não haverá grandes mudanças. Portanto, é a oferta que vai definir e dar sua contribuição ao mercado, com preços mais baixos ou mais altos", conclui Sousa.
MERCADO BRASILEIRO
Essa falta de tendência, de fundamentos fortes para a soja na Bolsa de Chicago tira um pouco do fôlego dos preços também no mercado brasileiro. Enquanto isso, o produtor, no mercado nacional, se foca no dólar ainda orbitando perto dos R$ 5,00 e dos prêmios que estão se fortalecendo internamente. "Dólar e prêmios ajudam, mas Chicago não", afirma Sousa.
E embora a remuneração ainda não seja a mais adequada, o diretor da Labhoro explica que os negócios estão evoluindo na medida em que as necessidades dos sojicultores vão se apresentando e com as oportunidades se mostrando ao decorrer dos mercados. "Além de dólar e prêmios, o produtor brasileiro tem que aproveitar qualquer rally em Chicago para descarregar parte de suas posições, ou a situação pode ficar ainda pior", diz.
O Brasil já tem, ainda segundo ele, perto de 50% de sua safra comercializada. "O produtor brasileiro ainda vai ter que vender muita soja. E o futuro dos preços vai depender do clima nos EUA. Por enquanto, o clima está correndo normal, teremos que ver lá para frente", diz. As atenções se dão sobre o La Niña que se apresenta no horizonte, mas "ainda é cedo", afirma o especialista.
Sousa complementa dizendo que Chicago poderia, inclusive, testar uma pressão mais agressiva sobre as cotações da soja na Bolsa de Chicago caso não haja um problema de clima, o que pode resultar em pressão sobre os preços da soja brasileira também.
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