Oferta de soja do Brasil em jan/fev será a menor desde 2008

Publicado em 29/11/2010 14:58 e atualizado em 29/11/2010 16:23
A disponibilidade de soja da nova safra do Brasil no primeiro bimestre de 2011 será a menor para o período desde 2008, após um atraso devido à falta de chuva no plantio em Mato Grosso, o maior produtor brasileiro, avaliou consultoria Agência Rural.

Agora, após as condições climáticas terem se regularizado em Mato Grosso e também favorecido a semeadura em outros Estados produtores, o plantio no país já ultrapassou o total da área semeada na mesma época do ano passado. Mas o início tardio dos trabalhos por mato-grossenses atrasará a chegada da soja brasileira ao mercado em um mês em 2010/11, em relação a 2009/10.

Até a última sexta-feira, os produtores do Brasil tinham semeado 86 % da área prevista em 24 milhões de hectares, contra 81% na mesma época do ano passado.

"Mas o maior problema não cura, o maior problema foi o Mato Grosso", declarou nesta segunda-feira o analista Fernando Muraro, da Agência Rural, ao comentar os dados de plantio, que recuperou um atraso inicial.

O Mato Grosso, que deve colher 19,8 milhões de toneladas de soja em 10/11, de um total estimado pela Agência Rural para o Brasil em 69,6 milhões de toneladas, já tinha bons volumes para ofertar em janeiro deste ano, algo descartado para o início de 2011.

"A gente espera o menor volume em quatro anos de oferta de soja em janeiro do Mato Grosso", afirmou Muraro.

Como em Goiás, outro importante produtor do Centro-Oeste, também houve atraso no plantio, a oferta brasileira se manterá apertada no início do ano, uma vez que a colheita no Sul do país só apresentará alguns volumes em fevereiro, mesmo com os Estados sulistas tendo adiantado a semeadura, segundo analistas.

"Teremos dois problemas: não tem soja em janeiro; segundo, a colheita vai estar muito concentrada entre o final de janeiro e início de março", acrescentou o analista, referindo-se aos riscos climáticos e problemas logísticos decorrentes de uma concentração das atividades.

Muraro estima que a colheita, ao final de fevereiro de 2011, estará concluída em apenas 1,9 milhão de hectares em Mato Grosso (um terço da área do Estado), contra 3,1 milhões de hectares (ou metade da área plantada) no mesmo mês de 2010.

No ano passado, o clima permitiu que os produtores antecipassem os trabalhos no Centro-Oeste, uma tendência verificada nos últimos anos que inclui a utilização de sementes de ciclo precoce.

Ao final de fevereiro de 2009, produtores de Mato Grosso tinham colhido 2,5 milhões de hectares, contra 1,6 milhão de hectares no mesmo período de 2008.

VALE OURO

Com a baixa disponibilidade de soja em janeiro, o produtor que tiver a soja para entrega no primeiro mês de 2011 poderá ter bons lucros. "Acho que a soja de janeiro deve continuar valendo ouro, será um grande negócio...", declarou Muraro.

Vendedores querem os mesmos prêmios para embarque em janeiro pedidos para o "spot", no pico da entressafra.

O Paraná, segundo produtor brasileiro, com trabalhos mais adiantados em 10/11 na comparação com 09/10 por conta de chuvas favoráveis, pode se beneficiar das boas cotações no início da safra. Mas isso esbarra na época de colheita do Estado.

"O Paraná vai colher no seu tempo, embora um pouco antes do ano passado. O Paraná colhe em março e alguma coisa em fevereiro. Este ano talvez colha um pouco mais em fevereiro", disse Aedson Pereira, analista da AgraFNP, acrescentando que o Estado não terá volumes expressivos da nova safra em janeiro.

O tempo tem favorecido de maneira geral as lavouras do país, sendo a única preocupação por enquanto o Rio Grande do Sul, onde as precipitações estão mais escassas e irregulares, notou Pereira.

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Tags:
Fonte:
Reuters

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