Soja e arroz estragam nas lavouras em Santa Cruz do Sul/RS por conta das chuvas

Publicado em 19/04/2011 07:42
A chuvarada que atingiu a região na última quinta-feira não fez estragos somente no perímetro urbano, mas também na zona rural. A intensidade e o volume da chuva surpreenderam os produtores. Somente em Santa Cruz do Sul, conforme levantamento pluviométrico da Emater-RS/Ascar, foram mais de 95 milímetros. O acumulado de abril chega a 151,5 milímetros, o que é considerado acima da média para todo o mês. Conforme o chefe do escritório da Emater de Santa Cruz, engenheiro agrônomo Assilo Martins Corrêa Junior, o maior problema está nas plantações de soja e arroz, que estavam prontas para colher.

Estima-se que 18% da soja e 15% do arroz ainda estejam nas lavouras no município. “Quando a produção está madura precisa ser colhida”, explica. Os maiores riscos são o apodrecimento e a germinação dos grãos. Além disso, a enxurrada provocou o acamamento das panículas em diversas áreas arrozeiras. Muitos agricultores não conseguem sequer acessar as lavouras, pois a água acumulada dificulta a locomoção das máquinas.

Por enquanto, segundo Corrêa Junior, não há um levantamento definitivo sobre os estragos, mas muitos já falam em perdas significativas. “Todo tempo que se perde reflete diretamente na queda da produtividade”, esclarece. Os arrozeiros e sojicultores torcem por dias constantes de sol para que os trabalhos sejam retomados. Para o agrônomo, até mesmo o plantio de hortaliças pode ser comprometido com o excesso de umidade.

QUEBRA

Em Capão da Cruz Oeste, o produtor de arroz Darci Luiz Kern, de 51 anos, conta que o trabalho de colheita na lavoura seguia normalmente até a semana passada. Dos 170 hectares cultivados em sociedade com o irmão Rogério, aproximadamente 70% já tinham sido colhidos. No entanto, depois do temporal de quinta-feira, os serviços foram paralisados. A várzea na costa do Rio Pardinho ficou inundada. Estradas de acesso ainda estavam inacessíveis até ontem. “Não pudemos mais trabalhar desde a chuvarada”, lamenta.

Na localidade, a chuva registrada foi de 138 milímetros no dia 14, o que provocou o alagamento das lavouras que estavam prontas para serem colhidas. A forte correnteza resultou no acamamento do arroz e ainda em estragos nas cercas da propriedade. Por enquanto, o arrozeiro diz que é difícil contabilizar os prejuízos. No entanto, estima a perda de mais de mil sacos. “A produtividade estava boa e a colheita era superior a 7,5 mil quilos por hectare”, conta.

Enquanto lamenta as intempéries, Kern ressalta que mais difícil que o tempo são as condições de mercado. “Está complicado para os produtores, que estão com a safra na mão, mas não conseguem um preço justo para poder pagas as contas.” Muitos vendem a saca de 50 quilos a R$ 18,00. O agricultor é contra as políticas de prorrogação das dívidas. “Eu defendo a rentabilidade para que possamos nos manter na atividade. Adiar contas é como prorrogar a morte”, compara.

Lado positivo

Se por um lado o excesso de chuva prejudicou culturas como o arroz e a soja e a produção de hortaliças, por outro pode ser favorável a outras atividades. O milho safrinha, por exemplo, está em fase de enchimento de grãos e é beneficiado pela umidade do solo. A incidência pluviométrica também contribui para a implantação de coberturas de solo, tais como as pastagens de inverno, que vão garantir o alimento dos rebanhos nos próximos meses.

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Fonte:
Gazeta do Sul

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