Juros altos limitam novos investimentos no setor canavieiro, que já sofre com quebra na produtividade e altos custos de produção
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A possibilidade de juros mais elevados no próximo Plano Safra deve trazer impactos significativos para o setor sucroenergético, que já lida com uma série de desafios. A produtividade segue limitada por efeitos climáticos e queimadas registradas na última safra, enquanto os custos de produção continuam em patamares elevados. Em paralelo, o mercado atravessa uma tendência de preços mais baixos, dificultando ainda mais a recuperação das perdas do ciclo anterior.
Um retrato dessa realidade está nos dados mais recentes da UNICA (União da Indústria de Cana-de-Açúcar). Na primeira quinzena de junho, a moagem no Centro-Sul somou 38,78 milhões de toneladas, retração de 21,49% frente às 49,40 milhões do mesmo período de 2024. No acumulado até 16 de junho, o volume processado chega a 163,58 milhões de toneladas, queda de 14,33% na comparação anual. A qualidade da matéria-prima também sofreu. O ATR (Açúcares Totais Recuperáveis) foi de 128,66 kg por tonelada de cana na primeira metade de junho, contra 134,55 kg/t no mesmo período do ano passado, redução de 4,37%. No acumulado da safra, a queda é de 4,54%.
Para José Guilherme Nogueira, CEO da Orplana (Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil), esse contexto, somado ao encarecimento do crédito, torna ainda mais difícil a realização de novos investimentos na cadeia. “O custo financeiro, do jeito que está, com as taxas que a gente vê sendo praticadas, vai ser muito complicado para o produtor fazer renovações, investir em tecnologia ou ampliar áreas plantadas,” afirma.
Segundo ele, os produtores devem ser os mais impactados por essa combinação de desafios. “Com os preços pagos atualmente e os custos de produção tão altos, há uma preocupação real com a viabilidade do setor. Se não houver um ajuste na precificação ou uma redução nos custos, veremos cortes drásticos nos investimentos e até risco à sustentabilidade financeira de muitos produtores.”
Apesar do cenário adverso, lideranças do setor têm atuado junto ao governo e ao Congresso Nacional para garantir melhores condições de financiamento e apoio à produção. O IPA (Instituto Pensar Agro), via Frente Parlamentar da Agropecuária, tem pressionado por mais recursos no Plano Safra, além de juros mais acessíveis e ampliação do seguro rural.
“São dois pontos essenciais para o nosso setor. Hoje, com a Selic próxima a 15%, mesmo um crédito com juros de 11% a 12% continua caro e dificulta a sustentabilidade das operações. Precisamos trabalhar alternativas como financiamentos diretos pelas usinas, pelas empresas de insumos, ou alongar prazos de pagamento para aliviar esse peso no caixa do produtor,” conclui José Guilherme
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