Unica projeta redução de 6% na moagem de cana no Centro-Sul do Brasil

Publicado em 13/07/2011 14:10
A União da Indústria da Cana-de-Açúcar (UNICA), em conjunto com o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), demais sindicatos e associações da região Centro-Sul, finalizou hoje sua revisão da estimativa para a safra 2011/2012 de cana-de-açúcar. A nova projeção aponta para uma moagem de 533,50 milhões de toneladas, uma redução de 6,16% em relação ao total estimado em março de 2011 (568,50 milhões de toneladas), e queda de 4,21% sobre o valor final da safra 2010/2011 (556,94 milhões de toneladas).
 
Na avaliação da UNICA, os principais fatores que levaram a essa redução no volume de cana disponível para a moagem foram:
 
•    Idade avançada do canavial  - a menor renovação do canavial nos últimos anos, associada à redução nos tratos culturais em algumas regiões, reduziu a produtividade da área a ser colhida, pois o canavial mais velho possui baixo rendimento agrícola. Esse aspecto já havia sido previsto e incorporado na primeira estimativa de safra divulgada pela entidade.  
 
•    Estiagem - o longo período de estiagem observado entre abril e agosto de 2010, com índices pluviométricos muito inferiores à média histórica, aliado ao “veranico” verificado em maio deste ano, prejudicou severamente o desenvolvimento da planta. O impacto dessa condição climática sobre a produtividade agrícola do canavial tem se revelado mais intenso do que o previsto inicialmente.
 
De acordo com dados apurados pelo CTC, a produtividade agrícola da área colhida até este momento ficou em 76,0 toneladas por hectare, queda de 19,66% em relação ao valor apurado no mesmo período de 2010 (94,6 toneladas de cana por hectare).
 
Segundo o Diretor Técnico da UNICA, Antonio de Padua Rodrigues, “no ano passado havia muita cana bisada, que não pode ser colhida em 2009, e isso também elevou a produtividade média do Centro-Sul”. Entretanto, mesmo desconsiderando esse volume de cana bisada, a produtividade da área colhida até o momento está 13,8% inferior ao observado na safra 2010/2011, afirma o executivo.
 
•    Outros fatores não previstos – algumas variáveis observadas nesta safra não haviam sido incorporadas no primeiro exercício de projeção. Entre essas variáveis estão: o florescimento e a geada.
 
O florescimento do canavial, fenômeno induzido por condições de temperatura, fotoperíodo, umidade e radiação solar bastante específicas, tem ocorrido em algumas regiões produtoras, principalmente nos Estados de São Paulo, Goiás e Minas Gerais. Essa condição não é desejada em áreas comerciais, pois no florescimento a planta direciona energia para a propagação, reduzindo a produtividade agrícola e a concentração de açúcares no colmo.
 
Além do florescimento, algumas regiões canavieiras, principalmente nos Estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná, foram prejudicadas pela geada que ocorreu no final de junho. A geada comprometeu a disponibilidade de cana para moagem em várias unidades produtoras. As perdas vão desde a “queima” do ponteiro apical, com inibição do crescimento, até a morte de tecidos da planta.
 
Doenças fúngicas como a ferrugem alaranjada e a curvularia também estão sendo  monitoradas, apesar de ainda não terem influenciado na redução da projeção para a atual safra. Dependendo das condições de umidade nos próximos meses, as áreas a serem colhidas com variedades de cana suscetíveis a essas doenças poderão ter sua produtividade afetada.
 
Para o Diretor da UNICA, o cenário atual impõe um desafio adicional a qualquer exercício de previsão: “Além do canavial desbalanceado, as condições climáticas atípicas e as diferentes respostas fisiológicas da planta dificultam o uso de parâmetros estabelecidos com dados passados”.
 
“A situação exige um acompanhamento contínuo das condições do canavial nos próximos três meses, período em que cerca de 45% da produção é realizada. Vamos monitorar essa evolução de perto e, se necessário, faremos novos ajustes e correções na estimativa de safra,” acrescentou o executivo.
 
Qualidade da matéria-prima
 
As condições que reduziram a produtividade do canavial também trouxeram impacto para a qualidade da matéria-prima. Até o final de junho, a quantidade de ATR (Açúcares Totais Recuperáveis) por tonelada de cana ficou 2,80% inferior ao valor observado no mesmo período de 2010 (126,82 kg de ATR/tonelada).
 
A nova estimativa aponta para um ATR de 135,70 kg por tonelada de cana, contra 140,11 kg estimados em março de 2011 e 140,50 kg observado na safra passada (safra 2010/2011).
 
“A concentração de açúcares na planta deverá ficar abaixo dos índices observados em 2010, nosso sentimento é de que a condição atual do canavial não vai permitir uma resposta adequada da planta em termos de ATR,” avalia Rodrigues.
 
Produção de açúcar e de etanol
 
Do total de cana projetado para a safra 2011/2012, a UNICA estima que 46,94% será destinado à produção de açúcar, um pequeno acréscimo em relação aos 45,56% que foram divulgados no início da safra. Assim, a exemplo dos anos anteriores, a maior parte da cana colhida nesta safra (53,06%) deverá ser utilizada para a produção de etanol.
 
A produção de açúcar projetada é de 32,38 milhões de toneladas, queda de 6,36% em relação à primeira estimativa e de 3,35% em relação aos 33,50 milhões de toneladas produzidas na safra 2010/2011.
 
Já a produção de etanol deverá atingir 22,54 bilhões de litros, queda de 11,61% em relação ao número inicialmente projetado e de 11,19% sobre os 25,38 bilhões de litros da safra anterior.
 
“Basicamente, os novos patamares de moagem e ATR deverão promover uma redução de 2,2 milhões de toneladas de açúcar e de quase 3 bilhões de litros de etanol em relação à projeção inicial,” acrescentou o Diretor Técnico da UNICA.
 
Dos 22,54 bilhões de litros de etanol que deverão ser produzidos nesta safra, 13,99 bilhões serão de etanol hidratado e 8,55 bilhões de anidro – volume suficiente para atender o mercado doméstico com o nível de mistura vigente, sem levar em consideração possível importação de volume adicional do produto.
 
Em relação à definição do nível de mistura de etanol na gasolina, representantes dos produtores têm participado das reuniões da mesa tripartite estabelecida pelo governo federal, onde está sendo realizado um acompanhamento minucioso da evolução da produção e do consumo de etanol e também de gasolina.
 
Para Rodrigues, “a mesa tem propiciado diálogo e discussão entre o governo e todos os agentes de mercado, procurando antecipar possíveis problemas de abastecimento no período de entressafra e fornecer todos os subsídios necessários para que o governo tome decisões acertadas em relação ao mercado de combustíveis, principalmente no tocante ao mercado de etanol”.
 
Mercado de açúcar e de etanol
 
De acordo com a nova expectativa de safra, as exportações de açúcar deverão atingir 23,13 milhões de toneladas nesta safra. As exportações de etanol, por sua vez, devem apresentar uma queda de 23,60% em relação ao volume observado no último ano, totalizando 1,35 bilhão de litros na safra 2011/2012.
 
Segundo o executivo da UNICA, “a maior parte das exportações refere-se a negócios que foram fechados no passado e precisam ser cumpridos nesta safra.”
 
EVOLUÇÃO DA SAFRA 2011/2011 ATÉ 01 DE JULHO DE 2011
 
Moagem
 
O volume de cana-de-açúcar processado pelas unidades produtoras da região Centro-Sul do Brasil somou 42,08 milhões de toneladas na segunda quinzena de junho, crescimento de 0,72% em relação ao mesmo período da safra 2010/2011. No acumulado desde o início da safra, a moagem totalizou 177,00 milhões de toneladas, queda de 17,95% em relação à safra 2010/2011.
 
Qualidade da matéria-prima
 
Conforme destacado anteriormente, no acumulado desde o início da safra até 01 de julho, a quantidade de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) por tonelada de cana-de-açúcar atingiu 123,27 kg, queda de 2,80% comparativamente ao valor registrado no mesmo período de 2010.
 
No comparativo quinzenal, esta queda chegou a 4,44%, com a concentração de açúcares totalizando 133,52 kg por tonelada de cana na última quinzena de junho contra 139,72 kg em igual período da safra 2010/2011.
 
Produção
 
A fabricação de açúcar alcançou 9,34 milhões de toneladas desde o início da safra até 01 de julho, contra 11,50 milhões no mesmo período de 2010. Em relação ao etanol, o volume produzido somou 7,06 bilhões de litros, ante 9,02 bilhões de litros no ano anterior.
 
Na segunda quinzena de junho, a produção de açúcar atingiu 2,58 milhões de toneladas, quantidade 1,32% maior que aquela observada na safra passada. Nesse mesmo período, a produção de etanol atingiu 1,71 bilhão de litros.
 
Para Rodrigues, “até o momento, a produção de etanol anidro pelas unidades produtoras do Centro-Sul foi surpreendente; apesar da queda na moagem de cana-de-açúcar, a produção de anidro apresentou alta de 11,67% em relação ao volume produzido na mesma data na safra 2010/2011”.
 
Vendas de etanol
 
As vendas de etanol pelas unidades produtoras da região Centro-Sul somaram 2,16 bilhões de litros em junho, dos quais somente 227,00 milhões de litros destinaram-se ao mercado externo.
 
Do volume total, 677,63 milhões de litros referem-se ao etanol anidro e 1,48 bilhão de litros ao etanol hidratado. No mercado interno, as vendas de etanol anidro alcançaram 636,26 milhões de litros e as de hidratado 1,29 bilhão de litros no último mês.
 
De abril até 1º de julho, as vendas do produto totalizaram 5,10 bilhões de litros, 17,84% abaixo do montante vendido no mesmo período do ano passado.
 
Para o executivo da UNICA, “as condições de oferta e demanda atuais são diferentes daquelas observadas no passado, essa retração no consumo é natural em um cenário de oferta mais justa”. Nesse ano, os preços e o consumo do etanol têm sido mais estáveis, sem quedas abruptas no período de safra, que, em geral, levam a uma sazonalidade excessiva entre os períodos de safra e entressafra, concluiu Padua.
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Fonte:
UNICA

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