Hoje é o Dia Mundial do Solo. Temos o que comemorar? ou lamentar?, pergunta o dr. Afonso Peche

Publicado em 04/12/2020 17:29 e atualizado em 06/12/2020 12:35
Afonso Peche - Pesquisador do IAC e Especialista em Solos
Entrevista com Afonso Peche F.o - Pesquisador do IAC, Doutor em Ciências Ambientais, sobre o Dia Internacional do Solo

 

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Entrevista com Afonso Peche - Pesquisador do IAC e Especialista em Solos sobre Dia Internacional do Solo

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O calendário registra este 5 de dezembro como sendo o Dia Mundial ao Solo, data destinada a discutir, pensar e refletir sobre a importância da base da sobrevivência dos povos, que é solo cultivado.

Aqui no Brasil, um dos maiores países produtores de alimentos do Planeta, apesar da luta dedicada por especialistas na produtividade e conservação dos solos, o que temos é uma contínua degradação dos solos cultivados, com perdas bilionárias por erosão, má conservação e  utilização degradante do solo para a agricultura.

Mas para um dos principais estudiosos do tema, o professor e doutor Afonso Peche F.o (da unidade de Jundiaí/SP do IAC, Instituto Agronômico de Campinas), tão importante quanto olhar o solo e o sub-solo é a atenção a ser dada às aguas. Ou, mais precisamente, por onde transitam a água da superficie e dos lençois freáticos -- as bacias hidrográficas.

--"São as bacias que retroalimentam o solo, sejam pelos mananciais como pelos lençois freáticos...; sem água não há vida e muito menos cultivos".

A luta desse longevo e persistente professor é despertar nas autoridades do País a necessidade de se proteger e planejar as bacias hidrográficas.

--"A primera mudança é dentro das pessoas, dentro da percepção dos agricultores. Eles sabem que o solo e as águas são bens coletivos; e só com união dos agricultores é que teremos regiões produtivas e conservadas em nosso País".

--"Afinal, pergunta Afonso Peche, qual é o bem maior do produtor, não é a sua propriedade (unidade produtiva)?, e qual será a herança que esse produtor vai deixar para seus descendentes... um solo arrasado, destruido?, ou uma propriedade produtiva, conservada, viva, da qual poderá se orgulhar através de seus descendentes??".

É com essa preocupação que o dr. Afonso marca essa data importante para o futuro do Brasil. nesta entrevista ao NA. Abaixo, seus ensinamentos -- colocados de forma prática;

"A ênfase tem de ser dada nas bacias hidrográficas", diz o pesquisador do IAC. Acompanhe:

A agricultura tropical, em particular a agricultura brasileira, vive um momento de transição no que se refere à eficiência ambiental de sistemas agronômicos de produção.

Hoje a inserção da variável ambiental, no atual modelo de gestão das propriedades, busca atender exigências de mercado e, acima de tudo, a necessidade de recuperação dos territórios municipais com ênfase em bacias hidrográficas.

O manejo ecológico do solo destaca-se como prioridade na construção cenários ambientais mais eficientes da agricultura.

A condição básica para uma agricultura sustentável passa por entender de questões que envolvem o manejo das propriedades físicas, químicas e biológicas do solo e principalmente dos efeitos impactantes da ocupação e uso contínuo das áreas de produção.

O manejo das propriedades físicas do solo passa pelo entendimento de fatores como aumento contínuo da infiltração, aeração, agregação e permanência da cobertura.

No manejo químico, entender de condições ideais para nutrição vegetal, adubação e fertilização é fundamental.

O manejo das propriedades biológicas passa pelo entendimento sobre recuperação e manutenção da biodiversidade, suporte bioenergético e outras funcionalidades ecossistêmicas.

Assim, para se ter uma agricultura considerada “sustentável” é necessário impor um modelo de manejo que preconiza uma contínua leitura do desempenho ambiental das áreas produtivas.

Os principais pontos de abordagem no entendimento de uma proposta de “manejo sustentável” do solo são:

- Solo como “patrimônio” da sociedade.

- Delimitação de “ambientes de produção” e “capacidade produtiva”.

- O conceito de agroecossistema aplicado nos ambientes locais.

- Estabelecer diretrizes para construção de um Plano de Manejo Ecológico do Solo nas quatro estações do ano:

- Práticas contínuas para o manejo físico do solo.

- Práticas contínuas para o manejo químico do solo.

- Práticas contínuas para o manejo biológico do solo.

- Estabelecer as bases para a transição agroecológica na propriedade agrícola.

(procure mais informações aqui no NA, no sistema de buscas à sua disposição).

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Fonte:
Notícias Agrícolas

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1 comentário

  • Tiago Gomes Goiânia - GO

    Apesar dos pesares, entendo que temos a comemorar sim ("Hoje é o Dia Mundial do Solo - Temos o que comemorar? ou lamentar?")... Como não lembrar na década de 80 o tanto de solo que perdíamos com plantio convencional com a utilização de poucos critérios técnicos. Voçorocas, erosões em sulcos, eram rotina. Pelas bandas de Santa Helena de Goiás, nessa época, tinhamos problemas sérios até com a erosão eólica, dada exposição dos solos em seu preparo. O plantio direto auxiliou muito na conservação do solo. Obviamente temos de avançar, buscar sistemas produtivos que insiram outras coberturas de solo, tratar de forma sistémica as micro-bacias, com a correta alocação e conservação de estradas vicinais, por exemplo. Vamos avançar sempre, solo é um bem precioso e ninguem melhor que o produtor rural para saber disso.

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