Reflexos econômicos da pandemia durante a tentativa mundial de retorno à normalidade

Publicado em 13/12/2021 19:11 e atualizado em 14/12/2021 14:32
Conexão Campo Cidade
Enquanto países por todo o mundo tentam abrandar as políticas de isolamento social, governos são surpreendidos por inflação, falta de oferta e novos contágios do coronavírus, principalmente entre os não vacinados

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O agronegócio e os setores urbanos estão intrinsecamente conectados, já que as cadeias produtivas de alimentos influenciam diretamente no cotidiano das cidades. Porém, muitos ruídos de comunicação entre as duas pontas geram discussões e desentendimentos que merecem atenção. Nesse contexto, o site Notícias Agrícolas e a consultoria MPrado desenvolveram o projeto Conexão Campo e Cidade, que visa debater diversas questões relacionadas aos negócios que envolvem os ambientes urbanos e rurais.

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No programa desta semana, entre outros temas, foram discutidos alguns dos reflexos da pandemia na economia mundial. O assunto foi iniciado por Marcelo Prado, que esteve nos Estados Unidos durante a última semana e disse que no país há uma grande falta de diversos produtos em lojas, até mesmo de funcionários para atendimento em estabelecimentos.

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Descompasso entre demanda e oferta

“Tá faltando tudo, no shopping não tem abastecimento de produtos, uma loja da Apple não tem telefone, não tem computador, não tem relógio, a loja de vinho não tem o vinho, a loja de tênis não tem tênis, a concessionária de carro não tem carro para vender. Daí você vai no restaurante e não tem funcionário para atender, você pede um prato e não tem o prato”, descreveu Marcelo Prado.

Ele se disse ainda mais surpreso por se tratar da maior economia do mundo. “Se a gente estive falando de um país pequeno, mas não, estamos falando da maior economia do mundo, onde tudo converge lá. Primeiro vai para lá, depois vai para os outros lugares. Quando a gente chega lá e está nessa situação, imagina como está o resto do mundo”, manifestou sua preocupação.

Alexandre de Barros explicou que nos Estados Unidos acontece uma situação que não é comum em outros países, que é uma demanda gigantesca. Quanto teve início a pandemia, houve uma redução drástica de compras. Com isso, foram comercializados estoques e as indústrias deixaram de produzir, pois não havia demanda. “O sistema de preços deu sinais para as pessoas muitos difíceis de ler e os empresários foram defensivos em várias ocasiões”, afirmou.

"O mundo não está preparado para reestabelecer essa explosão demanda. A economia virou um monstro em termos de poder de consumo e não tem oferta estabelecida para nada"

Mas nos Estados Unidos, a população, extramente consumidora, ficou em casa e não teve os gastos comuns e começou a receber auxílios do governo, que foram poupados. “Vamos pensar o seguinte, a maior economia do mundo, a maior potência consumidora do mundo, e essas pessoas vão voltando a mundo normal, aos seus empregos, e o governo não para de transferir, e o mundo não está preparado para reestabelecer essa explosão demanda. A economia virou um monstro em termos de poder de consumo e não tem oferta estabelecida para nada”, explanou Alexandre. “Quem recebe renda em casa, também não está disposto a trabalhar em certos serviços. Você tem inclusive uma falta de trabalho com uma demanda que é absurdamente grande”, completou. Para ele, no Brasil, por exemplo, esse cenário não é tão sentido por ter uma demanda menor e a economia crescer menos. Mesmo assim também existe uma inflação por causa do descompasso entre oferta e procura.

 

Quebra da cadeia produtiva

Outro sintoma deixado pela pandemia, como afirmou Roberto Rodrigues, foi a quebra da cadeia produtiva. Segundo ele, muitas empresas que produziam pequenos componentes de outros produtos quebraram. “Muitas cadeias produtivas ficaram sacrificadas por falta de componentes, porque quebraram pequenos pedaços da cadeia produtiva, mas pedaços centrais”.

Marcelo Prado também comentou o assunto e disse acreditar que o reestabelecimento da normalidade vai levar um longo tempo ainda. “Não acredito que em seis meses isso vai passar. Talvez vai decorrer em 2022 inteiro e apenas em 2023 as coisas começam a entrar em um equilíbrio da normalidade”, previu.

 

Mercado futuro

A edição do programa também contou com uma rápida participação da especialista em commodities agrícolas Roberta Paffaro. Ao ser perguntada se acredita que em algum momento as negociações nas bolsas de valores serão feitas diretamente pelos pequenos proprietários, sem nenhum tipo de intermédio, ela afirmou que é justamente para isso que tem trabalhado. “Meu trabalho é desmistificar esse processo e mostrar para o produtor que ele pode usar as estratégias de hedge que os grandes já utilizam”.

Paffaro destacou que o hedge não é uma venda da lavoura inteira de uma única sim, mas uma forma importante de ter segurança financeira, vendendo parte da produção para cobrir os custos que atualmente estão altíssimos.

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Por:
Igor Batista
Fonte:
Notícias Agrícolas

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