Políticas públicas que contribuem ou atrapalham o desenvolvimento do agronegócio no Brasil e no mundo
Políticas públicas que contribuem ou atrapalham o desenvolvimento do agronegócio no Brasil e no mundo
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Ivan Wedekin - ex-secretário de política agrícola do Ministério da Agricultura, diretor da BM&FBOVESPA e CEO da Bolsa Brasileira de Mercadorias - foi o convidado desta semana no programa Conexão Campo Cidade. Na edição, os participantes discutiram as políticas agrícolas no agronegócio brasileiro.
Durante o programa, Wedekin destacou a importância da continuidade nas políticas agrícolas ao longo dos últimos 30 anos, independentemente das mudanças de governo. Ele ressaltou que os pilares dessas políticas, focados no crédito direcionado para pequenos e médios produtores e no investimento em tecnologia, permaneceram consistentes, contribuindo para o fortalecimento do setor.
Um dos pontos altos da discussão foi a abordagem sobre a relação entre o agronegócio e o mercado financeiro de capitais. Wedekin lembrou que, 20 anos atrás, durante as discussões sobre a lei do título do agronegócio, houve um interesse significativo do núcleo Agrário do PT, preocupado com o impacto desses títulos na Agricultura Familiar.
Ele relembrou que no primeiro Plano Safra da gestão de Roberto Rodrigues no Ministério da Agrícolas, com o qual Wedekin trabalhou, foi destinado 1 bilhão de reais para a agricultura familiar, que na época representava 40% do que havia sido aplicado no Pronaf no último ano do governo Fernando Henrique Cardoso.
Hoje, o Pronaf conta com um orçamento de 50 bilhões de reais, com mais 40 bilhões destinados ao Pronamp. Essa expansão só foi possível graças à ponte estabelecida entre o agronegócio e o mercado financeiro. Atualmente, o saldo das operações de crédito rural registradas no Banco Central é de aproximadamente 600 bilhões de reais, o que representa metade do faturamento dos produtores rurais, evidenciando o sucesso dessa política.
Wedekin também abordou a questão do financiamento privado de mercado, destacando que o mercado de capitais está resolvendo a questão do custeio agrícola e agora precisa ser atraído para financiar investimentos, uma área que não pode depender exclusivamente de recursos do BNDES e de fundos constitucionais.
Movimentos Agrícolas na Europa
Os participantes também discutiram as recentes mudanças e desafios enfrentados pela agricultura na Europa. A discussão foi impulsionada por declarações feitas pelo presidente francês Macron, que destacou a impossibilidade de assinar o acordo Mercosul-União Europeia diante dos eventos atuais na Europa.
Os movimentos agrícolas na Alemanha, Holanda, Polônia, Itália e França foram descritos como sem precedentes nas últimas décadas. Governos europeus, enfrentando orçamentos enxugados pós-pandemia e durante a guerra, estão cortando subsídios para a agricultura, criando dificuldades significativas para os produtores rurais. Essas ações incluem restrições ao uso de defensivos agrícolas e fertilizantes nitrogenados, levando a anúncios de que até 30% dos produtores podem ser eliminados do processo produtivo.
Wedekin destacou que 17% da renda dos produtores europeus vem da política agrícola de transferência dos governos e dos consumidores, em comparação com apenas 2% no Brasil. A agricultura europeia, apesar de receber subsídios significativos, não é competitiva devido à falta de economias de escala e outras limitações estruturais.
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