Fora do protocolo, ligação telefônica teria feito BR mudar acordo e levar à China lista de frigoríficos privilegiando os grandes

Publicado em 03/05/2019 14:20
Péricles Salazar - Presidente da Associação Brasileira Frigoríficos
Segundo Abrafrigo, acordo com o Mapa mostrava que plantas em conformidade estariam na lista para os chineses aprovarem, beneficiando parte dos pequenos e médios de 49 que aguardam na fila. Depois, "simples ligação" para a embaixada de Pequim teria motivado mudança, segundo a qual os chineses estariam exigindo indústrias já habilitadas à UE. JBS pode aumentar para 80% sua participação.

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Frigoríficos Habilitados a Exportar para China - Péricles Salazar - Presidente da Associação Brasileira Frigoríficos

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Associações e entidades estão preocupadas com o acordo entre o Brasil e a China, na qual uma ligação telefônica de uma autoridade chinesa fez o Brasil mudar o protocolo que vai privilegiar os grandes frigoríficos a exportarem carne bovina.

De acordo com o Presidente da Associação Brasileiro Frigoríficos (ABRAFRIGO), Péricles Salazar, os chineses vieram ao Brasil no final do ano de 2018 e fizeram uma auditória em seis plantas de bovinos. “Eles voltaram para a China e ficaram de mandar o relatório até dia 15 de janeiro. Porém, eles não enviaram na data prevista e só foram mandar no final de março”, explica.

Neste relatório tinha várias observações sobre pequenas inconformidades nas plantas visitadas. Após isso, as indústrias frigoríficas iniciaram a correção desses erros e mandaram para o Ministério da Agricultura. “Quero fazer uma colocação que os erros poucos significativos, mas como temos que atender todos os requisitos dos chineses fizemos o dever de casa”, pontua.

Na semana passada, a secretária de relações internacionais mandou um comunicado para as associações informando que havia uma ligação telefônica de uma autoridade chinesa dizendo que eles iriam utilizar as regras da União Europeia para habilitar as plantas frigoríficas.

“Esta regra que mudou aos 44 minutos do segundo tempo foi baseada numa ligação telefônica que não se sabe de quem. Ontem, nós fomos ao Ministério da Agricultura em que conversamos com embaixadores e pedimos a ele que o Brasil mantivesse o critério anterior”, destaca.

No entanto, a resposta do embaixador foi que ele seguiria com as solicitações dos chineses. “Esse critério privilegia grandes frigoríficos e automaticamente retira muitas médias empresas que estavam aguardando esta habilitação.

Dentre as 24 plantas habilitadas a exportar carne bovina, seis são da JBS em que duas estão localizadas no estado do Mato Grosso do Sul, duas em Goiás e outras duas no Mato Grosso. A Marfrig também conta com seis plantas habilitadas, na qual três estão no estado do Mato Grosso e as outras três estão no Pará, Goiás e Mato Grosso do Sul.

Já a Minerva tem quatro plantas habilitadas em que cada uma está nos estados de São Paulo, Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso. Já a Mata Boi conta apenas com uma planta que fica no estado de Goiás. No estado do Paraná, o frigorífico Astra conta com uma planta habilitada a exportar.

Já no estado do Rio Grande do Sul, o Frigorífico Silva tem uma planta habilitada para exportar. O frialto e a Agrofoods contam com uma planta cada no Mato Grosso que podem exportar para a China.

No Espírito Santo, o frigorífico habilitado a exportar é o Frisa com apenas uma planta. Em Minas Gerais, a indústria Vale do Sapucaí tem apenas uma planta que está habilitada e em São Paulo é o frigorífico Barra Mansa com também uma planta.  

Leia Mais: 

>> Nova lista de habilitados a ser enviada para a China privilegia grandes frigoríficos, diz ABRAFRIGO

>> Abrafrigo pede que SRI cumpra protocolo assinado com a China

Confira também a Mapa a respeito da lista de frigoríficos que será apresentada à China:

>> Mapa emite nota sobre habilitação de novos frigoríficos brasileiros - exportação de carnes para a China

Febre Aftosa

O Presidente salienta que o fim da vacinação contra a febre aftosa foi uma demanda que surgiu das entidades e que tem sido discutida pela as sociedades rurais. “É um assunto polêmico e difícil, nós da indústria estamos acompanhando com muita atenção e tem uma divisão em que alguns estão a favor e outros contra”, comenta.

Veja também: 

>> Isolamento do estado e urgência de recursos no controle contra a aftosa alertam produtores do PR sobre fim da vacinação

A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina,  fala sobre a viagem de uma comitiva do ministério a quatro países asiáticos. A comitiva visitará o Japão, China, Vietnã e Indonésia.Valter Campanato/Agência Brasil

Brasil faz viagem ao oriente para promover exportações (Agencia Brasil)

A ministra Tereza Cristina (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) vai liderar uma comitiva de 98 pessoas em viagem a quatro países do oriente: Japão, China, Vietnã e Indonésia. A viagem, de 16 dias, começa na segunda (6). 

Segundo dados do Ministério da Economia (Comex Vis), o Brasil mantém com os quatro parceiros comerciais uma pauta de exportação concentrada em produtos básicos como a soja triturada (China e Vietnã); trigo em grãos (Indonésia); carne de frango (Japão); algodão (Indonésia e Vietnã); café (Japão); farelo e resíduos de óleo de soja (Indonésia).

As visitas aos países asiáticos ocorrem em momento de riscos e oportunidades comerciais, sobretudo com a China, nosso principal parceiro (35% das exportações em 2018). O Brasil acompanha os desdobramentos de acordo comercial entre os Estados Unidos e a China, que pode aquecer a economia global e a demanda por alimentos.

O eventual acordo suspenderia a guerra comercial iniciada no ano passado pelos dois países, porém, pode reduzir a compra de soja brasileira pela China, porque o acerto deverá derrubar a cobrança de tarifas nas exportações da soja norte-americana ao mercado chinês e, assim, afetar as exportações brasileiras. “As coisas nesse mercado não são simplistas e nem para amadores”, disse Tereza Cristina em entrevista coletiva nesta sexta-feira em Brasília.

No primeiro trimestre de 2019, as vendas de soja triturada do Brasil para China (US$ 4,75 bilhões) corresponderam a 9% do valor arrecadado com o total de exportações (US$ 52,6 bilhões). No período, de cada US$ 100 que o país captou com a venda do produto em todo o mundo, US$ 77,48 vieram da China.

Peste suína

Além do armistício comercial entre americanos e chineses, o Brasil pode ser afetado com a chamada peste suína africana, um vírus que tem dizimado o rebanho de porcos da China, principal consumidora de carne suína do mundo. A morte dos porcos, alimentado com soja e milho, pode diminuir a procura pelos produtos brasileiros.

A redução do rebanho, por outro lado, tende a aumentar o preço da carne suína no mercado internacional e criar demanda para frigoríficos e fabricantes brasileiros. “É um mercado que se abre”, prevê a ministra.

“O Brasil todo pode se beneficiar. O que nós temos que fazer é ir lá e garantir a qualidade de nossos produtos. Depois, tem toda relação comercial que não é o Ministério da Agricultura. Ai vai ser entre os privados, as empresas brasileiras e os exportadores chineses”, disse.

Tereza Cristina tem como expectativa de viagem conversar com autoridades sanitárias da China sobre a habilitação de novos frigoríficos e fabricantes para exportação de carne suína, bovina, asinina (de burro) e de aves. Segundo o ministério, o Brasil tem 79 plantas de fornecedores com perspectiva de serem habilitadas para exportar para a China.

Outra possibilidade da viagem é estimular empresários da China e do Japão quanto à possibilidade de investimento em obras de infraestrutura e logística para escoamento da produção agropecuária no Brasil. “Somos competitivos da porteira para dentro”, disse Tereza Cristina, que não vai levar nenhum projeto específico aos países orientais.

 

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Por:
Giovanni Lorenzon
Fonte:
Notícias Agrícolas/AgenciaBrasil

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