Importação de café é necessária, mas não deve acontecer esse ano. Decisão chega tarde

Publicado em 21/02/2017 13:09
Confira a entrevista de Janio Zeferino da Silva - Consultor
Medida de importação deve favorecer aparecimento da oferta interna, caso ela realmente exista

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Importação de café é necessária para atender indústrias, mas não deve acontecer esse ano. Decisão chega tarde

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Já está tudo pronto para que a importação de café conilon comece no Brasil. Ontem (20), o Governo Federal divulgou as regras de segurança fitossanitária para que o produto estrangeiro venha ao país. No entanto, existe uma mobilização intensa, contrária à entrada deste café, por parte dos produtores.

Enquanto a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulga dados alegando que falta café no país, os produtores dizem que sobra mais de 4 milhões de sacas no mercado. Para Jânio Zeferino, consultor de café e ex-membro do Departamento de Café do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), "a questão que a gente vê no café é muito mais emoção do que razão".

Zeferino aponta que houve sugestão por parte da Conab de realizar leilões de café para ofertar ao mercado, o que não foi aceito pelos líderes da produção. Leilões reversos também foram propostos para as indústrias, mas também não houve um acordo.

De acordo com o consultor, a produção de conilon vem caindo no Brasil e existe, sim, uma falta do café no país. "O Brasil precisa hoje de cerca de 12 milhões de sacas para atender a indústria de solúveis e de torrado e moído", afirma. Com problemas climáticos, houve uma redução expressiva de oferta e a próxima safra que será colhida deverá vir com números muito baixos.

Favorável à importação do grão, Zeferino destaca que a sanção permite a entrada de 1 milhão de sacas, o que irá suprir a indústria para cumprir seus contratos de exportação. Em janeiro, como lembra ele, a exportação de café solúvel caiu 35% em relação ao ano anterior, uma queda expressiva que impacta receitas cambiais e que pode estar diretamente ligada à falta de matéria-prima no mercado.

Outro ponto de destaque para Zeferino é o fato de o café ser diretamente prejudicado pela inflação que afeta as classes C, D e E, podendo gerar uma nova geração de consumidores que não têm o hábito de beber café e destituíndo o posto do país enquanto segundo maior consumidor de café do mundo. Além disso, também perde-se mercado na exportação dos produtos com valor agregado. "Se deixa de suprir e não tem oferta disponível, perde o contrato e tem que correr atrás para recuperar", acrescenta.

O consultor acredita que o número de sacas liberadas para entrar no país "não vai causar grandes problemas nesse momento" e é uma "solução mais viável para manter os preços controlados e trazer uma situação estável para a economia do país". Ele diz ainda que "os produtores estão corretos em continuar insistindo e lutando pelos seus direitos", mas frisa como importante "saber que somos 200 milhões de brasileiros e que o aumento da inflação afeta a todos nós".

Quanto às regras fitossanitárias, ele acredita que as exigências estão de acordo com as regras internacionais - logo, não são barreiras tarifárias disfarçadas, mas que é "importante que todo mundo acompanhe se elas vão ser efetivamente aplicadas, porque nós também não podemos permitir que o café entre de qualquer jeito, de qualquer maneira".

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Por:
Aleksander Horta e Izadora Pimenta
Fonte:
Notícias Agrícolas

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