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Café: Brasil terá em 2022 o estoque de passagem mais baixo da história, mas com volume suficiente para atender demandas interna e externa, aponta CNC

Publicado em 11/01/2022 15:44 e atualizado em 11/01/2022 17:56
Silas Brasileiro - Pres. Conselho Nacional Café - CNC
Conselho Nacional do Café (CNC) afirma que cenário continua sendo de muita cautela para o produtor, enfatizando que preço do café subiu, mas custo de produção subiu na mesma medida

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CNC avalia cultivo em novas áreas de café

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Em entrevista ao Notícias Agrícolas, Silas Brasileiro - presidente do Conselho Nacional do Café (CNC) destaca que o ano de 2022 é considerado um ano indefinido, o que acaba impedindo o setor de fazer planejamento no médio prazo, considerando as variáveis que movimentam o mercado no momento, entre elas quebra de safra do Brasil, condição climática, logística e principalmente o elevado custo de produtor. 

Acrescenta ainda que o Brasil terá em 2022, no mês de março, o menor estoque da história. Vale lembrar que o baixo volume é uma resposta à bienalidade da cultura e principalmente o efeito da seca severa que atingiu as principais áreas de produção do Brasil. "Temos café suficiente, mas não em abundância. O que nós temos hoje em estoque é suficiente para abastecimento, passando em março pelo menor estoque da história do Brasil, sem dúvida nenhuma", afirma. 

Confira na íntegra o artigo publicado pelo CNC: 

É curioso tantos comentários em relação a safra de café colhida em 2021 e a que será colhida em 2022. Os comentários fundamentam-se em duas vertentes:  ressaltam uma safra pequena em 2021 e outra indefinida para 2022. Assim, alguns analistas sugerem como solução o aumento de novas áreas para cultivo de café.

O que causa estranheza é que com 1,81 milhão ha em produção e 391,56 mil ha em formação, teremos cerca de 2,2 milhões ha de área total com cafezais que, sendo assim, em condições normais de clima, pela média de produtividade, a safra 2021/2022 chegaria a uma produção de 71,5 milhões sacas colhidas.

Não é por demais afirmar que temos área cultivada suficiente para abastecimento do mercado interno e para a exportação. Contudo, o que nos assusta é que o mercado não reage a realidade para estimular os produtores a continuarem na sua atividade. Historicamente, o preço alto faz com que a produção mundial de café cresça, mas infelizmente, depois de subidas temos grandes quedas de preços internacionais, pelo excesso de oferta.

Hoje, com os custos elevados dos insumos para manutenção das lavouras, salários e encargos, vivemos o dia a dia de um mercado altamente especulativo com uma oscilação de preços baixos que não cobrirão os custos de produção. Se temos na história do café 44,7 milhões de sacas exportadas, o melhor volume já registrado, e o consumo de 21 milhões de sacas, significa que a nossa avaliação está correta e, em condições normais de clima, podemos elevar ainda mais a nossa produtividade com a área já cultivada.    

Por isso, temos que ter cautela em relação aos estímulos de preços praticados hoje, os quais, em condições normais, dariam resultados positivos para os produtores. No entanto, aqui fica a interrogação: como será nosso futuro se as adversidades climáticas continuarem, ou ainda, se mantiverem dentro da normalidade? Assim, no caso de condições adversas, seria vantajosa a expansão da área.

Em nossa visão, devemos esperar que o mercado compreenda que basta remunerar de forma justa para que os produtores produzam o suficiente para o abastecimento.

SUSTENTABILIDADE 

Contando com a presença de representantes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA, da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/MG) e do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura – IICA, foi lançado oficialmente nesta quarta-feira, 08/12, o Programa “Café Produtor de Água”.

O projeto sugerido será gerido pelo Conselho Nacional do Café (CNC) e, incialmente, será implantado nas lavouras de produtores associados da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé – Cooxupé.

Um novo marco para a cafeicultura sustentável nacional. O Programa “Café Produtor de Água” tem sido assim considerado por produtores, cooperativa, associações e demais entes da cadeia produtiva.

O programa visa atender ao princípio da sustentabilidade, que atualmente é discutido com a sociedade como meio de preservação da vida, pois dentre os bens mais destacados tem-se como o principal, a preservação dos nossos mananciais.  O “Café Produtor de Água” busca viabilizar a implementação de práticas e manejos conservacionistas e de melhoria da cobertura vegetal, que contribuam para o abatimento efetivo da erosão e da sedimentação, e para o aumento da infiltração de água no solo.

Responsabilidade compartilhada

Não há outro tema mais em evidência na atualidade do que sustentabilidade. Porém, ela tem um custo, o qual não pode ser suportado exclusivamente pelos produtores de café. A água beneficia não só a área rural, mas também a urbana, gera vida e bem-estar, direta ou indiretamente, não só no Brasil, mas em todo o mundo.

O tema share responsability, responsabilidade compartilhada, é uma prática justa e que vem sendo muito debatida pela sociedade. Essa atitude proporciona a criação de cadeias de abastecimento globais, verdadeiramente sustentáveis, baseados em uma abordagem de responsabilidade compartilhada para que os custos e benefícios da certificação sejam distribuídos de maneira mais uniforme entre os agricultores e compradores ao longo da cadeia de abastecimento.

Proposta do programa

O programa terá um fundo próprio que irá proporcionar o “Pagamento por Serviço Ambiental (PSA)”, que será gerido pelo CNC. As entidades envolvidas estão em busca de parcerias com instituições públicas e privadas afim de colocar em prática as ações propostas.

“Essas parcerias irão dar suporte na implantação do projeto e gratificação dos produtores que aderirem ao programa, considerando a participação dos governos estaduais, municipais, estatais, empresas privadas e, claro, nossas cooperativas”, explica Silas Brasileiro.

A razão do fundo é exatamente beneficiar os produtores que decidirem fazer parte do programa. Embora seja conservacionista é de livre adesão. Para isso, conta com um assessor técnico, Devanir Garcia dos Santos, que com sua experiência e conhecimento fará diagnósticos sobre a implantação, assim como o levantamento dos custos que serão compartilhados com os órgãos interessados na preservação do meio ambiente.

Primeiro, o recurso vai bancar a implantação do projeto de recuperação de bacias, mananciais, estruturação de estradas que provoquem assoreamento de rios e córregos, recomposição de matas ciliares devastadas ao longo do tempo, além da recuperação de açudes, entre outros.

O CNC, como representante das cooperativas de produção, busca liderar esse projeto de alcance social e ambiental. O mundo todo se preocupa com o abastecimento do café, desta bebida tão consumida e apreciada por todos, inclusive com sua qualidade.

“Temos claro que os benefícios advindos do uso das boas práticas ultrapassam as fronteiras das propriedades rurais, gerando ganhos para a sociedade, é justo que os custos de produção desses benefícios sejam também divididos com os seus usuários, proporcionalmente a parcela de benefícios que cada um se apropria”, analisa Silas Brasileiro, presidente do CNC.

 

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Tags:
Por:
Virgínia Alves + CNC
Fonte:
Notícias Agrícolas

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1 comentário

  • SAULO ANTONIO MELO SIQUEIRA Cássia - MG

    O que mais assusta é o Sr. Silas Brasileiro dizer e afirmar que o Brasil tem café suficiente para abastecer o mercado. Será Sr. Silas? Segundo a Safra e Mercados o Brasil já exportou 82 por cento da produção. A safra 22 é decepcionante. Basta andar pelas regiões produtoras do país. Qual é o estoque de café hoje no Brasil? Quando as pessoas não têm o que falar é melhor ficarem quietas. .

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