Mercado de café enfrenta desafios com tarifas dos EUA e incertezas climáticas para próxima safra
Tarifas dos EUA derrubam exportações brasileiras, enquanto produtores acompanham clima e floradas que vão definir o potencial da safra 2026.
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O mercado internacional do café vive um momento de forte pressão, marcado pela perda de espaço do Brasil nas exportações para os Estados Unidos e pelas incertezas climáticas que já pesam sobre a safra 2026. A avaliação é do analista de mercado e diretor da Pharos Consultoria, Haroldo Bonfá, em entrevista ao Notícias Agrícolas.
Segundo ele, a recente decisão do governo norte-americano de manter a tarifa de 50% sobre o café brasileiro afeta diretamente a competitividade do produto. Embora os EUA não produzam café em escala comercial, o Brasil deixou de ser considerado “nação amiga”, o que impede o enquadramento no regime de isenção prometido a países aliados.
“Nosso relacionamento político com os Estados Unidos azedou. Não há diálogo entre os governantes, e isso reflete na tarifação”, afirmou Bonfá.
Os reflexos já aparecem nos números. O Brasil, que historicamente respondia por cerca de 30% das importações de café dos EUA, embarcou apenas 7 milhões de sacas entre setembro de 2024 e agosto de 2025. Hoje, a Alemanha já importa mais café brasileiro que os norte-americanos.
Com o novo cenário, exportadores estudam alternativas logísticas, como triangulação via outros países, embora os custos e entraves sejam altos. O risco, segundo Bonfá, é abrir espaço para concorrentes como a Colômbia, que possuem menor volume de produção, mas podem conquistar fatias do mercado norte-americano.
No campo, o Brasil deve colher cerca de 60 milhões de sacas em 2025, somando arábica e conilon. A produção foi prejudicada por problemas climáticos, mas compensada pelo bom desempenho do conilon, que superou expectativas e pode ter alcançado até 27 milhões de sacas.
Apesar das adversidades, os preços seguem firmes. O arábica ultrapassou os R$ 2.000 por saca, garantindo rentabilidade a muitos produtores, mesmo com produtividade menor.
Outro ponto destacado por Bonfá foi o desempenho do café solúvel, que sofre menos com a queda das exportações. Os Estados Unidos seguem como o maior comprador desse segmento, principalmente de café vendido a granel para a indústria local. “É um produto de difícil substituição, devido à sofisticação do processo e à participação brasileira consolidada há anos”, explicou.
As atenções agora se voltam para a safra 2026. O início das floradas do arábica depende das chuvas de primavera em Minas Gerais, ainda irregulares neste início de setembro. O analista ressalta que o ideal é que as floradas ocorram próximas entre si para garantir uniformidade na colheita do próximo ciclo.
Apesar de especulações que apontam para até 80 milhões de sacas, Bonfá é cauteloso. “É muito cedo para qualquer previsão. Só depois da terceira florada poderemos avaliar o real potencial da próxima safra”, destacou.
Enquanto isso, o mercado seguirá atento ao regime climático e às negociações comerciais internacionais, fatores que devem ditar os rumos do café brasileiro no curto prazo.
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