Chuvas abaixo da média em Minas Gerais preocupam produtores de café

Publicado em 26/04/2017 13:12
Confira a entrevista com os produtores de café, João Paulo Damaceno de Morais, LéoCarlos Mundin e Osvaldo Baquião Filho
Fortes precipitações ocorrem no cinturão produtivo do grão já nesta quarta-feira e duram até o fim da semana. No entanto, clima volta a ficar estável a partir da próxima semana, com poucas chuvas. Temperatura diminui acentuadamente

Começa a chover nas regiões produtoras de café de Minas Gerais na tarde desta quarta-feira (26) por conta de uma frente fria que chegou ao Brasil nos últimos dias. No entanto, na próxima semana, as precipitações diminuem acentuadamente e renovam as preocupações dos produtores com o déficit hídrico. A temperatura deve diminuir acentuadamente no cinturão.

Durante o "Café Brasileiro: Sustentabilidade e Qualidade" na terça-feira (25), evento que abre as comemorações de aniversário da Cooxupé (Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé), o baixo volume de chuvas foi preocupação generalizada dos produtores uma vez que a colheita da safra 2017/18 começa nos próximos meses.

"Tivemos chuvas muito irregulares e bem abaixo da média, em torno de 500 milímetros no ano, e essa chuva que deve chegar não será benéfica para algumas lavouras porque temos lavouras em regiões mais altas e baixas e quentes, com maturação adiantada. Em outros anos, o volume acumulado de chuvas chegou a até 1000 milímetros na região", disse João Paulo Damaceno de Morais, de Monte Carmelo (MG), ao jornalista João Batista Olivi.

Em algumas regiões que usam irrigação, como o Cerrado Mineiro, a situação de déficit é parecida. "Apesar de muitos produtores terem irrigação, alguns ficam esperando as chuvas e não ligam o sistema. Essas condições podem prejudicar o potencial produtivo até para 2018", afirma LéoCarlos Mundin, de Monte Carmelo (MG). O volume acumulado de chuvas na região está em cerca 300 milímetros, sendo que o normal seria de 700 a 800 milímetros dessa época do ano.

De acordo com o balanço hídrico semanal da Cooxupé (Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé), até 17 de abril (segunda-feira), o déficit estava em 12,2 milímetros em Coromandel (MG) e Monte Carmelo (MG), 5,1 milímetros em Carmo do Rio Claro (MG) e cerca de 1 milímetro em Guaxupé (MG).

Os reflexos dessas condições climáticas já são sentidos nas lavouras que logo mais serão colhidas. "Já conseguimos verificar cafés que granam apenas de um lado. Então com certeza vamos ter uma queda de safra em 2017", afirma Mundin. O Cerrado Mineiro produziu mais em 2016 e deve ter colheita até 35% menor neste ano de 2017. Alguns produtores vão colher menos de 50%.

Osvaldo Baquião Filho, de Nova Resende (MG), acredita que os cafeicultores brasileiros fatalmente terão dificuldades nesta safra. "Vamos ter problemas com renda, provavelmente teremos que gastar um pouco mais de 'litragem' para fazer uma saca de café limpo". Segundo o produtor, o normal para esse período seria de 700 até 800 milímetros acumulados de chuva.

De acordo com o meteorologista da Climatempo, Alexandre Nascimento, a semana será de chuvas fortes nas áreas produtoras de café por conta dessa frente fria. No entanto, os reflexos que merecem maior atenção não devem ser registrados no cinturão do grão. "As chuvas serão fortes, mas rápidas, no Sul e Sudeste. Em São Paulo, as precipitações já devem começar amanhã. As temperaturas, no entanto, ficam mais baixas até maio", diz Nascimento.

Tempo 26/04 - SudesteTempo 27/04 - Sudeste

Tempo 28/04 - SudesteTempo 29/04 - Sudeste

Previsão do tempo para o Sudeste do Brasil entre 26/04 (quarta-feira) e 29/04 (sábado) - Fonte: Climatempo

Segundo mapas da Climatempo, a chuva chega no Sul de Minas Gerais, divisa com o estado de São Paulo, já na tarde desta quarta. Os volumes, no entanto, devem ser de cerca de 10 milímetros em cidades produtoras como Guaxupé (MG) e Varginha (MG). Ao longo da semana, os volumes podem ficar acima de 15 milímetros, mas depois fica mais seco.

Na cidade de Patrocínio (MG), no Triângulo Mineiro, as chuvas nesta quarta podem ficar próximas de 20 milímetros no acumulado e também chegam à tarde e duram até à noite. Nos próximos dias dessa semana, as precipitações diminuem e no sábado (29) volta a chover cerca de 20 milímetros. Na próxima semana, o clima fica estável na região.

As pancadas previstas para o estado de Minas nesta quarta também serão vistas no Cerrado na tarde e noite de hoje. Coromandel (MG), importante cidade produtora da região, terá acumulado de cerca de 20 milímetros, mas como nas outras regiões, as chuvas diminuem ao longo da semana.

Já na Alta Mogiana, as chuvas devem ficar em cerca de 10 milímetros acumulados em cada dia da semana.

Figura 4

Figura 5

Previsão de chuva acumulada para os próximos dias - Fonte: Climatempo

Geadas

A passagem dessa massa de ar polar pelo Brasil deve fazer com que a região Sul do Brasil tenha temperaturas abaixo de zero, deixando as madrugadas dos dias 27, 28 e 29 de abril muito geladas. No entanto, os principais reflexos devem ser sentidos no Rio Grande do Sul. No Paraná, onde há pequena produção de café, podem ocorrer geadas no Sul do estado, mas as chances são baixas, embora a temperatura caia bastante.

A chance de gear no Sul de Mato Grosso do Sul também é baixa, mas temperatura também cai acentuadamente no estado com a possibilidade de áreas registrarem temperaturas abaixo de 10°C. Locais de São Paulo, próximos da divisa com o Paraná, também devem apresentar essa condição.

Safra de 2018

Os cafeicultores entrevistados estimam que na safra de 2018, que tende a ser de bienalidade positiva, a produção não deve ser muito diferente que a atual. "Como choveu pouco de janeiro para cá, a disponibilidade hídrica está muito baixa no Cerrado. Então vamos ter problemas para irrigar nossos cafezais para 2018", diz Mundin.

Além disso, a perspectiva dos cafeicultores para a renda em 2018 são baixas uma vez que o mercado tem precificado uma produção mais alta para o próximo ano. Realidade parecida com a desse ano. "O produtor de café do Cerado vai pagar só as contas em 2017", pondera Mundin.

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Por:
João Batista Olivi e Jhonatas Simião
Fonte:
Notícias Agrícolas

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