"Consequências catastróficas e irreversíveis", diz especialista sobre possibilidade da gripe aviária em granjas comerciais do PR

Publicado em 30/06/2023 10:33 e atualizado em 30/06/2023 18:13
Rafael Gonçalves Dias - Gerente de Saúde Animal da ADAPAR
Maior Estado brasileiro em produção e exportação de carne de frango sofreria impactos econômicos e sociais, devido à quantidade de empregos ligados ao setor avícola

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"Consequências catastróficas e irreversíveis", diz especialista sobre possibilidade de entrada da gripe aviária em granjas comerciais do Paraná

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“O impacto para o Paraná seria uma catástrofe de números imensuráveis e irreversíveis”, diz Rafael Gonçalves Dias, gerente da área de saúde animal da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) sobre a hipótese da entrada da gripe aviária no setor comercial do Paraná.

Até a manhã desta sexta-feira (30) o Estado contava com três casos em aves silvestres, um confirmado no dia 23 de junho em Antonina, outro no dia 24 em Pontal do Paraná, e o terceiro, no dia 27, em Antonina. Vale lembrar que Paranaguá e Antonina são regiões portuárias do Paraná. 

O Estado corresponde a 35% do total da produção de carne de frango do Brasil e 40% das exportações. Desta forma, segundo Dias, as consequências previstas caso o vírus da influenza aviária de alta patogenicidade entre no setor comercial e industrial da produção, podem ser graves. 

O especialista detalha que o Paraná produz cinco milhões de toneladas de carne de frango por ano, e cerca de dois milhões de toneladas vão para exportação. “Eventualmente, na ocorrência da doença no setor comercial do Paraná, este volume poderia inundar o mercado interno, e obviamente isso afetaria o preço dos produtos, pressionando para baixo, e em um segundo momento, o desabastecimento”, afirmou.

Segundo o gerente da área de saúde animal da Adapar, o Estado depende dos mercados externos, principalmente Asiático, Africano e Europeu, e não se pode correr o risco de perdê-los. “Nem todos suspenderiam as nossas exportações. Muitos mercados aceitariam importar os produtos que não estão naquele raio de 10 a 15 quilômetros do foco. Mas de toda forma, se considerarmos as regiões Sudeste e Oeste do Estado, onde há uma concentração muito grande de aviários, haveria um impacto negativo”. 

“A cadeia avícola do Paraná corresponde ao segundo Valor Bruto de Produção (VBP) do Estado, ficando atrás somente do complexo soja. São mais de 95 mil empregos diretos, e a cada emprego direto na cadeia da avicultura, tem 10 indiretos. Então a gente está falando de praticamente 10% da população paranaense que sobrevive direta ou indiretamente deste setor”, disse.

Em alguns municípios, como Dois Vizinhos, por exemplo, 80% do Valor Bruto da Produção está ligado à cadeia avícola, conforme explica o especialista. O Estado abate nove milhões de aves por dia, totalizando dois bilhões de cabeças/ano. “Em questão de números, a possibilidade da chegada da doença no setor comercial seria um fato histórico muito negativo”, afirmou.

Dias pontua que a carne de frango paranaense acessa mais de 150 países, e nações como o Japão, por exemplo, não aceitam importar de locais onde haja casos de gripe aviária, como visto esta semana no Espírito Santo. Após o Estado capixaba ter registrado o primeiro caso em ave de subsistência no dia 27, no dia 28 de junho o Japão emitiu comunicado embargando temporariamente as importações do local. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento questionou o Japão sobre a decisão e aguarda resposta, uma vez que perante a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), apenas casos em granjas comerciais afetariam o status sanitário do país. 

“Diferente do Paraná, o Espírito Santo exporta pouco para o Japão, serve de alerta para nós aqui também, mostrando que o impacto seria extremamente negativo”, disse.

De acordo com Dias, a Adapar, junto ao Governo Estadual e Secretaria de Agricultura do Estado, estão realizando trabalho preventivo para que a doença “não suba a serra” e atinja municípios mais ao interior do Estado. “As indústrias e produtores também precisam reforçar algumas medidas e somar a este árduo trabalho que temos pela frente”.
 

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Por:
Letícia Guimarães
Fonte:
Notícias Agrícolas

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