Na região de Lagoão (RS), produtores reduzem área de trigo e investem no cultivo da aveia preta
Em Lagoão (RS), os produtores reduziram a área destinada ao trigo na safra de inverno e investem no cultivo da aveia preta. A falta de política para o setor, o clima, os altos de custos de produção e as incertezas em relação aos preços, foram um dos fatores que pesaram na decisão dos agricultores.
O produtor rural da região, Rudinei Luís Erpen, destaca que em todo o estado, a redução na área deverá ficar acima do projetado por algumas entidades, ao redor de 19%. “Os poucos que irão investir no trigo deverão reduzir a tecnologia, o que resultará em uma produtividade mais baixa”, explica.
Além disso, os custos de produção estão mais altos nesta temporada, principalmente em decorrência de recente valorização do dólar. Por outro lado, os preços da saca do cereal estão ao redor de R$ 30,00 na região. “Na safra passada, tivemos uma quebra, em algumas localidades acima de 50%, e depois o Governo retirou a TEC (Tarifa Externa Comum) para importação de produto fora do MERCOSUL. Isso fez com que as cotações caíssem de R$ 43,00 para R$ 30 a saca”, afirma.
Aveia preta
Frente a esse cenário, o cultivo da aveia preta e outras culturas de inverno, como a canola, tem ganhado espaço em Lagoão. A cultura é utilizada, especialmente para a cobertura de solo e a alimentação de animais.
“A engorda de animais tem sido uma alternativa para potencializar a propriedade no inverno. Por enquanto, os trabalhos nos campos seguem em bom ritmo, já que temos uma semana de tempo mais seco e temperaturas mais elevadas. Além disso, há a opção de vender o produto, a saca de 40 kg é cotada entre R$ 45,00 a R$ 50,00”, diz Erpen.
E, mesmo com o risco no momento da comercialização, uma vez que o mercado é direcionado pela lei de oferta e demanda, o produtor rural destaca que vale o esforço. “Principalmente, para os produtores que têm animais, boi magro”, completa.
Custos da próxima safra
Nesse momento, a valorização do câmbio tem sido uma preocupação do produto rural. Se, por enquanto, o cenário tem favorecido os preços da soja, a saca é negociada em torno de R$ 58,00 na localidade, o impacto nos custos de produção já é certo. Os fertilizantes subiram ao redor de 27% em comparação com o ano passado.
“Nos perguntamos a que preços iremos conseguir vender o produto no próximo ano. Até agora, a lucratividade da safra de verão, um dos grandes fatores, vem do câmbio, mas também pode ser o vilão da próxima temporada”, ressalta Erpen.
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