Falsa virose: Queda de temperatura fora de época provoca reação na soja e acende sinal de alerta entre produtores do Sul de MS

Publicado em 21/11/2016 12:07
Confira a entrevista de Rodrigo Arroyo Garcia - Pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste
Pesquisa ainda não sabe dizer se haverá impacto na produtividade, devido à intensidade do fenômeno. Tradicionalmente, em áreas que sofrem com o problema, a soja se recupera sem prejuízos

As quedas de temperaturas fora de época estão provocando uma reação nas lavouras de soja do Mato Grosso do Sul, ocasionando a chamada "falsa virose da soja". De acordo com Rodrigo Arroyo Garcia, pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, o fenômeno se dá quando a planta manifesta alguns sintomas, como se estivesse sendo atacada por um vírus, mas é apenas resultado de frentes frias que trouxeram esse distúrbio fisiológico para a planta.

Segundo o pesquisador, a falsa virose acende um alerta de sinal aos produtores do estado, que procuram a Embrapa para saber o que está acontecendo e se a situação deve causar um impacto na produtividade. Ele relata que essa procura está bastante intensa.

No entanto, o histórico da falsa virose indica que a soja deve se recuperar e que isso não deve causar reflexo nas produtividades. Porém, a frente fria mais intensa e tardia trouxe um impacto maior. "Estamos na dúvida se isso vai causar queda de produtividade ou não. A princípio, tem que esperar a planta voltar para o desenvolvimento", diz.

É possível, logo, que haja um atraso vegetativo por parte da planta. As áreas, associadas com uma baixa oferta de chuvas, geram um fechamento mais tardio das lavouras, tornando o crescimento vegetativo um pouco mais atrasado. O ciclo, por sua vez, tem pouca variação e não deve se alterar - deve haver apenas diferença de alguns cultivares, "mas não são mudanças significativas", aponta.

A situação em excesso também é novidade para a pesquisa. A tendência é que o problema continue se manifestando e aumentando nas próximas safras, à medida em que a semeadura está cada vez mais antecipada.

O produtor, por sua vez, deve saber o histórico da sua lavoura e conhecer os problemas da sua área, realizando um acompanhamento constante para saber as reais condições e eliminar outros problemas que também poderiam estar manifestando situações parecidas. "Se o produtor sabe as características da planta, não tem problema", conclui o pesquisador.

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Por:
Aleksander Horta e Izadora Pimenta
Fonte:
Notícias Agrícolas

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1 comentário

  • Alcindo Pastore Palotina - PR

    FALSA VIROSE: Então significa que a doença permanece no solo?, e, como aumenta a área atingida todo ano, então logo estaremos produzindo soja totalmente tomada por falsa virose???!!! sei não..., ano retrasado aqui não deu frio e tinha uma reboleira, já no ano passado passou a quase 1 ha a mancha. e esse ano aparecera uma mancha no meio da área, do nada. o restante da área está normal. Tem mais fatores dando linha nessa PIPA... algo a ver com encharcamento e salinidade, que agrava e auxilia a situação.

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    • Fernando Engler Palotina - PR

      Não é só o frio que causa a falsa virose, Pastore... Nematoides, fertilidade, pragas e doenças do solo também... Temos uma série de variáveis e suas diferentes combinações... Mas o fato é que as manchas estão aumentando ano a ano, o que significa que os fatores que provocam os sintomas estão aumentando também... Eu acredito que os nematoides são os principais responsáveis, mas aí temos que procurar não apenas os mais comuns (Meloidogyne e Pratylenchus), nos solos pesados temos uma série de novos organismos sendo relatados, pouco estudados e conhecidos, o que dificulta ainda mais o controle, como Tubixaua tuxaua, Longidorus spp., Helycotilenchus spp. entre outros...

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    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      Sr. Arlindo, vou dar um palpite ... Jogue na mancha pó de carvão, na dose aproximada de 3 ton/ha e em seguida incorpore com uma grade a uma profundidade de 10 cm, não precisa passar muitas vezes a grade. Antecipando os porques: O PÓ DE CARVÃO VAI PROMOVER UMA ALTA AERAÇÃO NO SOLO... ou seja... VAI MUDAR O AMBIENTE !!!

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    • Edson Martins Jorden Assis Chateaubriand - PR

      Concordo com o Fernando acredito na possibilidade de nematoídes. Pois estão se espalhando numa velocidade rápida pelas propiedades. Dispersão estas que podem estar acontecendo pelos equipamentos agricolas .

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    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      Os vegetais que cultivamos hoje, há dez mil anos atrás, no inicio da era da agricultura, eram bem diferentes. Segundo consta, os índios são exímios domesticadores de plantas, neste período domesticaram várias, como o milho. Outra coisa que é pouco difundido são as áreas de terras pretas na região amazônica, onde as tribos plantam sua mandioca para fazer o biju. Como se formaram essas terras pretas? Pesquisadores chegaram a conclusão que essas manchas de terras pretas dentro da selva, podem ser o resultado de uma técnica da queima do material vegetal que produz bastante carvão e, esse vai com o tempo dando cor e mudança da fertilidade desse solo.

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    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      Segue um trecho do artigo, que acho relevante: .... Há dois aspectos principais que, a partir de uma perspectiva internacional, são muito interessantes para pesquisar a Terra Preta. Em primeiro lugar, a investigação da elevada fertilidade do solo. O que torna esta terra tão singular em termos de alta fertilidade? Em particular, a elucidação dos ciclos elementares (por exemplo, nitrogênio, carbono) em contraste com o solo "não-antropogenicamente" afetado nesta área irá fornecer informações importantes sobre como as alterações antrópicas afetam os ciclos de nutrientes e sua renovação nos solos. Isso é importante para o desenvolvimento de práticas de gestão que aumentem a fertilidade do solo a longo prazo, sem a adição de fertilizante mineral. Assim, estes solos podem fornecer ideias sobre possíveis práticas de manejo sustentável, que possam ser aplicadas em outras áreas do mundo para melhorar a fertilidade do solo em uma agricultura sustentável. O outro aspecto importante é a investigação do mecanismo de sequestro de carbono destes solos. O biocarvão, presente na Terra Preta, é geralmente muito estável e, por conseguinte, fornece um alto potencial no sequestro de carbono. Este aspecto combinado com a alta fertilidade, como mencionado acima, é exclusivo destes solos. Em contraste com a pesquisa moderna de biocarvão, que necessita de avaliações de longo prazo sobre os efeitos das práticas de manejo sobre a dinâmica nutricional no solo. Essa dinâmica é única e só pode ser utilizada em solos como a Terra Preta, que foram criados ao longo de milhares de anos. Assim, a Terra Preta pode atuar como um modelo de solo, para entender melhor a fertilidade a longo prazo e o potencial de sequestro de carbono, em resposta a práticas de gestão antropogênicas. ... Agora se quiserem ler o artigo completo está disponível em: ... https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/1493237/terra-preta-de-indio-desperta-interesse-da-ciencia-internacional-

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    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      Nas minhas andanças pelo Vale do Guaporé nos estados de MT e Rondônia, pude ver "in loco" essas manchas, inclusive em alguns locais encontrava-se utensílios de cerâmica, como pequenas tigelas. Coisas de vivencia de um velho matuto. Na Rondônia o governo criou a Reserva Gleba Massaco", que fica na margem direita do Rio Guaporé.

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