Soja chega rapidamente aos US$14/bushel com ajuda do farelo e movimento intensificado pela atuação de fundos

Publicado em 07/01/2022 17:20 e atualizado em 09/01/2022 15:43
Aaron Edwards - Consultor de Mercado da Roach Ag Marketing
Para analista, momento exige cautela por três fatores: alta rápida e concentrada na soja, relatório do USDA da próxima semana e chegada da safra brasileira

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Entrevista com Aaron Edwards - Consultor de Mercado da Roach Ag Marketing sobre o Fechamento de Mercado da Soja

 

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A semana foi agitada para o mercado da soja na Bolsa de Chicago, que fechou o pregão desta sexta-feira (7) com altas fortes para os principais contratos. Os vencimentos mais negociados encerraram o dia com ganhos superiores a 20 pontos, com o janeiro valendo US$ 14,01 e o maio, referência para a safra brasileira, cotado a US$ 14,18. 

O mercado segue bastante especulado, volátil e, principalmente nesta sexta, focado no andamento das cotações do farelo de soja diante das preocupações com a safra da Argentina em função das adversidades climáticas. 

"Os fundos estão comprando e são motivados pelo farelo, pelas condições da Argentina, as dificuldades de produção e chegada da soja nos portos do Brasil, tudo isso está sendo acompanhado pelos especuladores", explica Aaron Edwards, consultor de mercado da Roach AgMarketing. E justamente em função desse tom especulativo é necessário cautela neste momento, completa.

Edwards lembra que a próxima semana será de novos boletins mensais de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) e da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), o que também pode mexer com as cotações. O reporte de janeiro do departamento americano pode trazer algumas novidades, principalmente sobre os números da América do Sul, mas também chama a atenção pela atualização dos estoques finais - americanos e globais. 

"E ainda temos a possibilidade da safra brasileira começar a entrar e isso pode pesar", diz. "O Brasil não tem a mesma capacidade de armazenagem de outros países, com o produtor precisando pagar por isso ou vender a soja, gera uma pressão de venda e isso pode pressionar. Mas isso é o produtor brasileiro que sabe melhor. Mas aqui nos EUA todos se perguntam: como vai chegar a safra brasileira", explica o consultor. 

Problemas que ainda poderiam aparecer, principalmente sobre a chegada da oferta brasileira, vão ser de perto acompanhados pelo mercado internacional, bem como as exportações americanas, as quais ainda não ganharam ritmo. 

Acompanhando todas essas particularidades do atual momento da safra é importante ainda que o produtor brasileiro alinhe suas estratégias de comercialização, capturando as oportunidades que este momento do mercado oferece.

O mercado do farelo de soja sobe de olho nas preocupações sobre a safra da Argentina, uma vez que é de lá que vem a maior parte das exportações do subproduto. Ontem, o Ministério da Agricultura local e a Bolsa de Cereales de Buenos Aires apontaram a continuidade das adversidades climáticas e uma piora nas lavouras de soja - e milho - do país. 

"Os próximos dias devem ser de calor intenso em nossos vizinhos, com temperaturas médias oito graus acima do histórico para o período. Com altas temperaturas e poucas precipitações, lavouras argentinas devem passar por momentos difíceis até a entrada de uma nova frente fria na segunda quinzena do mês", afirma o time da Agrinvest Commodities. 

O mercado do farelo vê as preocupações crescerem com a safra da matéria-prima em sua principal origem comprometida pelo clima em um momento onde a oferta do derivado segue bastante comprometida. E mais do que isso, os demais países produtores de soja da América do Sul também continuam sofrendo com adversidades climáticas e quebras de produção. 

No Brasil, somente o sul do país já acumula uma perda, de acordo com algumas consultorias, de 15 milhões de toneladas. E no Centro-Oeste, onde chove demais, as regiões relatam perdas de qualidade, dificuldade para o avanço da colheita e a pressão maior de algumas doenças, especialmente as fúngicas. 

 

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Tags:
Por:
Aleksander Horta e Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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1 comentário

  • Carlos Massayuki Sekine Ubiratã - PR

    Está mais do que na hora de haver uma reação mais forte do mercado. A área de soja afetada pela seca na América do sul é praticamente equivalente à área de soja plantada nos EUA. Imaginem se essa seca fosse por lá. Onde as cotações estariam?

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    • Hilario Bussolaro Cascavel - PR

      Sr Carlos eles nunca vão falar a verdade e sempre a mesma ladainha, vão tentar de tudo pra não pagar o preço ao produtor, tudo subiu no agro mais de 300 por cento então a margem do que foi plantado vai ser boa porém a quantidade vai ser pouca para a maioria, e os custos com a nova safra verão e que vai arder no bolso aumentando o risco futuros, se nós do agro não aprender a se valorizar, tirar o em pé do acelerador o nosso no produto não vai ter valor os atravessadores faturam alto, a uma anos atrás estive em uma empresa de um amigo onde ele começou a vender grãos direto no porto foi aí que vi o quanto somos roubados, lá tinha várias amostra de milho para exportação e foi de cair as barbas, quando ele falou que estava nos padrões de Exportação as amostra nas firmas ou cooperativas sem exagerar dariam mais ou menos mais de 20% de grão ardido, então vcs imaginam o quanto eles ganham em cima dessas classificações , e só vcs verem o caso do trigo, ph 76, 77, 78, 80 chega a dar uma diferença de 5 reais entre eles mas na hora que o caminhão vai descarregar no silo vai tudo em uma moega só ou seja tudo junto e misturado mas o pagamento e todo separado alguém já observou isso, isso é a nossa realidade

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    • Carlos William Nascimento Campo Mourão - PR

      As fakenews estão bombando nas redes sociais sobre as perdas na safra do Cone Sul. Diariamente traders brasileiros e americanos postam notícias e fotos de lavouras de soja maravilhosas no Paraná, RGDS, PY e Argentina. Muitas delas são de diferentes locais. Vi fotos do MT com legenda de que eram do RGDS. Tem um brasileiro que colocou fotos de Honório Serpa -Pr , com lavoura excelente. Aí vi fotos da mesma região aqui no NA, de lavoura tostada. Esses mesmos traders propagam que no pior dos cenários, o Brasil vai produzir 140mi de toneladas. Dizem que Mt e outros estados do norte do Brasil irão compensar as perdas aqui do sul. Mas tenho absoluta certeza que a verdade vai vencer desta vez. A tragédia é muito maior do que dizem, principalmente do que acham lá dos EUA. Se as previsões se confirmarem , e rogo a Deus que não, a onda de calor vai prejudicar muito as safras do RGDS e Argentina. Sobre este último, o mercado ainda espera safra cheia de soja. Eu não vou contratar soja e venderei somente o necessário. O plano é velho. Segurar as altas o máximo possível, usando fakenews, e contar a verdade quando a maioria da soja estiver nas mãos dos compradores. Esse ano não vai dar certo, pois o volume de soja contratada é o menor em muitos anos. Vamos usar sabiamente nosso poder. O que sobrar de soja, segurem o máximo que puderem.

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    • Hilario Bussolaro Cascavel - PR

      Se Carlos e uma faca de dois legumes o quanto mais segurar soja a não ser que tenha silo próprio nós tbm vamos manter um estoque que não está nas mãos deles mas está dando garantia de abastecimento , e se a corda apertar o governo poderá fazer uso desses grãos. Teremos que ter muito cuidado nessa colheita, o milho safrinha ganhou fôlego com a perdida da soja e muitos já estão colhendo e vão plantar em boa janela apesar das previsões de seca rondando a safrinha, em fim vai ser um grande desafio acertar a tacada. Eu não acompanho essas previsões de pessoas que vivem de especular os produtores mas o Brasil não colhe 100 milhões de ton, volto a repetir não façam contratos futuros e não comprem pra plantar lá muito na frente essa que vai faltar insumos e se faltar isso vai faltar comida pro mundo todo.

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    • Carlos Massayuki Sekine Ubiratã - PR

      Sr Carlos e Hilário, no ano de 2012, quando aconteceu a última grande seca nos EUA, as cotações em Chicago chegaram a ultrapassar os 17 dólares por bushel. Vamos acompanhar o próximo relatório do USDA dia 12/01.

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    • Leandro Cunha Candiotto Tangará da Serra - MT

      Gosto de acompanhar climas por similaridade. acredito ser o método mais assertivo. a seguir link da anomalia la ninha, em 10;11;12 e podemos comparar a la ninha de agora 20; 21;22 praticamente a mesma..https://origin.cpc.ncep.noaa.gov/products/analysis_monitoring/ensostuff/ONI_v5.php. o clima do cone sul, sabemos ser mais seco, e no americano? teremos a seca de 2012 em 2022?

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