Soja: viés de alta para os preços se mantém após USDA , com risco de novas perdas na AMS. No Brasil, aumenta disputa das indústrias pela soja de exportação

Publicado em 12/01/2022 17:07 e atualizado em 12/01/2022 18:28
Eduardo Vanin - Analista de Mercado da Agrinvest
Produtor deve manter no foco a demanda chinesa, que nesse momento segue fraca e com processadoras com margens negativas por lá

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Entrevista com Eduardo Vanin - Analista de Mercado da Agrinvest sobre o Fechamento de Mercado da Soja

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O mercado da soja fechou o dia em alta na Bolsa de Chicago depois dos novos números reportados pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) nesta quarta-feira (12). Os futuros da oleaginosa subiram de 12,50 a 15 pontos nos contratos mais negociados, levando o janeiro aos US$ 13,91 e o maio- referência importante para a safra brasileira - sendo cotado a US$ 14,08 por bushel. O julho encerrou os negócios com US$ 14,13. 

As altas refletiram os cortes feitos pelo departamento norte-americano, principalmente, nas safras da América do Sul, apesar de terem sido considerados tímidos pelos produtores e associações de classe. A produção brasileira caiu de 144 para 139 milhões de toneladas, a Argentina de 49,5 para 46,5 milhões e a do Paraguai de 10 para 8,5 milhões de toneladas. 

As mudanças na América do Sul promoveram uma baixa na projeção da produção global de soja de 381,72 para 372,56 milhões de toneladas e os estoques finais de 102 para 95,2 milhões de toneladas da oleaginosa e este foi mais combustível para os avanço das cotações na CBOT. 

"Esse corte da América do Sul foi o ponto alto da soja hoje", explica o analista de mercado Eduardo Vanin, da Agrinvest Commodities. 

Do mesmo modo, o mercado também acompanhou o relatório de estoques trimestrais, que mostrou o número para a soja com um volume maior na comparação anual em 3%. No entanto, todo o comprometimento da logística americana causada pelo furacão Ida "atrapalha a leitura destes números", ainda como ressalta o analista. Mas, os embarques deverão ganhar ainda mais ritmo nos próximos meses e o programa de exportações americano, que gerava algumas dúvidas, deverá ser cumprido. 

"Faltam 14 milhões de toneladas pros EUA venderem e não é nada de mais, dá pra vender. O grande ponto de interrogação era o tamanho da safra da América do Sul e a competitividade do grão brasileiro. E em um cenário de produção menor, os prêmios vão subindo e a soja brasileira vai ficando mais cara. Inclusive hoje, mesmo com essa alta em Chicago, o prêmio subiu de 5 a 6 centavos. Na medida do tempo, com a quebra da safra brasileira, o grão brasileiro vai ficando mais caro", diz Vanin. 

Além da menor oferta da safra 2021/22 esperada para o Brasil motivando um aumento dos prêmios, há ainda uma disputa maior entre a indústria nacional e a exportação. E o comprador interno já paga até R$ 5,00 por saca a mais para garantir seu produto no Brasil. E isso se dá pelas boas margens de esmagamento que não se dão só no mercado nacional, mas que são registradas também na Argentina e nos Estados Unidos. 

As boas margens se justificam pelos altos preços dos óleos vegetais - que se mantêm e tendem a continuar elevados - e mais os altos preços do farelo, que também têm espaço para continuarem subindo dadas as preocupações com a oferta de soja vinda da Argentina, maior produtora e exportadora dos derivados. E o país não sofre só com uma safra menor, mas ainda é castigada por número recore de casos de covid, além de problemas financeiros e políticos que atrapalham as decisões de venda por parte do produtor argetino. 

Dessa forma, passado o relatório do USDA, o foco do mercado volta a ser o clima na América do Sul, em especial essa onda de calor que atinge o sul do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. "Há chuva prevista para a Argentina depois desse calorão, na semana que vem. Se essas chuvas não vierem, devemos ver prêmio de risco nas cotações em Chicago", explica o analista. 

PARA O PRODUTOR BRASILEIRO

Ainda segundo Vanin, o produtor brasileiro tem oportunidades de participar das altas em Chicago através dos seguros de alta - as calls. "Isso é muito interessante agora", diz. Mais do que isso, o sojicultor também tem de estar atento à demanda chinesa, que está mais lenta do que em anos anteriores por parte da China. 

E na sequência da safra da América do Sul, o mercado tende a olhar mais atentamente para a safra 2022/23 dos Estados Unidos e em quais decisões o produtor americano deve tomar diante de custos de produção tão elevados, principalmente, ao se decidir sobre sua área de plantio. 

Assim, para o analista, 31 de março deve ser a data mais importante para o mercado de grãos no primeiro semestre, com a chegada boletim Prospective Plantings, quando saem as primeiras intenções de plantio do produtor americano. "É isso que vai direcionar os preços ao longo do primeiro semestre". 

Nesta quarta-feira, os preços da soja cederam no mercado físico disponível do Brasil diante de uma nova baixa do dólar frente ao real de 0,81%. A moeda americana terminou o dia com R$ 5,54 e provocou baixas de 0,59% a 2,34% entre as praças pesquisadas pelo Notícias Agrícolas. Nos portos, por outro lado, os indicativos permaneceram estáveis e na casa dos R$ 180,00 ou acima disso. 

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Tags:
Por:
Aleksander Horta e Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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2 comentários

  • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

    Olhando os dados do relatório de novembro de 2021 a Conab previa uma safra de soja de 142 mi de ton. O último relatório 140,5 mi de ton. Caiu 1,5 mi de ton. A entidade também soltou relatório dizendo que o aumento da área de soja é de 4% esse ano. Um aumento de 5,5 mi de ton fazendo a conta pela média. Considerando ser possível fazer esse tipo de conta, a dona Conab reduziu sua previsão em 7 mi de ton para o Brasil. O problema é que o aumento de área já estava contemplado no relatório de novembro, e o que a dona Conab fez portanto, é um truque vagabundo. Se a expectativa de perda é de 7 mi de ton, bate com o que disse o presidente da Aprosoja Brasil, não é mesmo Sr. Galvan? Safra estimada em 135 mi de ton no máximo. Agora e não daqui a um mês quando vai sair o próximo relatório. A metodologia da Conab permite esse tipo de coisa, os representantes da agropecuária permitem também, e por aí vai. Se reclamar é quinta coluna, autoridades com LADO certo não podem ser contestadas. Então se o clima continuar como está, no relatório de fevereiro virá finalmente os 135 mi de ton, para as perdas de fevereiro serem contabilizadas no relatório de março. Tem método.

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  • Ivo Bortolassi Foz do yguacu - PR

    Trabalho com agricultura no Paraguai, e no melhor cenário chegaremos a 4,5 m /t podendo ser menor. Para o próximo relatório já não haverá mais como tapar sol com peneira, as quebras no sul do Brasil já estarão confirmadas!

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