Soja: Prêmios sobem no BR para compensar pressão do dólar e de Chicago, mas não estimulam novos negócios
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Soja: Prêmios sobem no BR para compensar pressão do dólar e de Chicago, mas não estimulam novos negócios
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Os preços da soja marcaram mais um dia de baixas na Bolsa de Chicago nesta quinta-feira (6) com os vencimentos mais curtos começando a se distanciar dos US$ 14,00 por bushel. Não cederam só os futuros da oleaginosa, como também do milho e, principalmente do trigo, que terminou o dia com mais de 20 pontos de queda. O dia foi tenso para todas as commodities agrícolas com a aversão ao risco bem proeminente no financeiro.
Mais do que isso, a pressão para a soja vem do avanço da colheita nos Estados Unidos, do plantio no Brasil e da China fora das compras com o feriado da Golden Week acontecendo até o dia 10 de outubro. Assim, o peso sobre a formação dos preços no mercado brasileiro é inevitável, como explica o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting.
Segundo o especialistas, os negócios continuam muito lentos, quase sem acontecer, diante dos indicativos que caíram de forma considerável em relação às últimas semanas. Todavia, nesta quinta os prêmios nos portos começaram a subir, em uma tentativa dos compradores de incentivar o interesse de venda por parte dos produtores. "Mas, os indicativos de R$ 180,00 que vimos nos portos não levantaram oferta", relatou Brandalizze.
Os prêmios subiram para algo entre 210 e 220 cents de dólar por bushel sobre os valores praticados na Bolsa de Chicago, testando até patamares ainda mais altos durante o dia, porém, sem provocar novos negócios. "Não é uma tendência de alta para os prêmios agora, é apenas algo momentâneo, pontual", diz Brandalizze. Ainda assim, ele orienta o produtor a monitor a trajetória e fazer suas contas de forma a saber se pode ser uma boa oportunidade de participar do mercado. Afinal, entre as variáveis que compõem o preços da soja brasileira - Chicago, dólar e prêmio - "o prêmio pode se destacar".
Já para a safra nova, os prêmios, naturalmente, estão mais baixos, mas ainda positivos. O intervalo tem estado entre 40 e 60 centavos sobre a CBOT. No entanto, Brandalizze afirma que eles estão pouco movimentados, uma vez que o ritmo de comercialização da safra nova de soja do Brasil segue tímido, é lento e poucos negócios têm se registrado agora.
E essa lentidão preocupa já que poderia concentrar muito volume a ser vendido e movimentado mais a frente, podendo enfrentar não só preços mais baixos, mas congestionamentos logísticos, com o produtor podendo perder boas janelas de oportunidades.
"O produtor tem que tomar cautela nessa situação. Quem vai precisar vender lá na boca da colheita para fazer dinheiro, para pagar dívidas, pode enfrentar um mercado muito ofertado. Teremos muita gente plantando ao mesmo tempo, colheita concentrada em janeiro, fevereiro, Brasil todo colhendo ao mesmo tempo em uma janela muito curto, não temos armazenagem pra tudo isso (...) Então, automaticamente, produtor tem que se preparar. É um ano que já tem que começar pra pensar lá já na colheita", explica o consultor.
Além disso, há ainda a possibilidade de que o produtor brasileiro tenha de vender sua soja com o dólar mais baixo do que a referência usada para comprar seus insumos, o que terá de ser compensado por boas produtividades e bons volumes para serem vendidos.
A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) estimou nesta quinta-feira a safra 2022/23 de soja do Brasil em 152,4 milhões de toneladas, com um aumento de área de mais de 3% para 42,89 milhões de toneladas.
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