Mercado de Açúcar: SEM POLÍTICA, SEM FUTURO

Publicado em 25/03/2013 07:15 e atualizado em 25/03/2013 07:55
Por Arnaldo Luiz Corrêa, da Archer Consulting.
O mercado de açúcar fechou a semana em queda acentuada de 69 pontos no vencimento maio/2013, cravando na sexta-feira 18,20 centavos de dólar por libra-peso. Os demais meses de vencimento também fecharam no negativo entre 28 e 64 pontos, quedas de 5 a 15 dólares por tonelada.

Culpe-se o efeito Chipre ou seja lá o que for, mas o fato é que o mercado de açúcar em NY não conseguiU ficar muito tempo no território dos 19 centavos de dólar por libra-peso. Como dissemos no comentário da semana passada, a forte liquidação por parte dos fundos recomprando suas posições vendidas movimentou o mercado em apenas 100 pontos indicando que havia um caminhão de gente fixando enquanto o mercado subia. Fraqueza explícita. Por outro lado, argumentam uns, que o medo de se deixar dinheiro em banco e sofrer algum tipo de medida como esta insana daquela ilha do Mediterrâneo, pode fazer com que as commodities sejam vistas como porto seguro. Por enquanto, as commodities apresentam desempenho apático neste mês, e no acumulado do ano só algodão e suco de laranja se destacam na alta enquanto trigo, açúcar e café estão no vermelho.

Nos últimos 100 pregões o mercado de açúcar oscilou entre a mínima de 17,61 e a máxima de 20,03, isto é, 242 pontos de oscilação desde 26 de outubro de 2012. Se nós compararmos a oscilação desses 100 dias com a média aritmética dos fechamentos do mesmo período, em valores relativos, vamos notar que o mercado não fica monótono assim desde fevereiro de 2005. Já estive em velórios mais animados.

Os pontos a serem observados nesse começo de safra no Centro Sul estão ligados ao clima, se o excesso de chuvas nesse inicio atrasar a moagem e emitir sinais de preocupação para os fundos (difícil, mas nunca se sabe), estes podem eventualmente virar a mão passando de vendidos para comprados; e, também, o congestionamento nos portos devido a safra de grãos podem influir na trajetória de preços e/ou prêmios. São questões de menor magnitude nesse momento, mas podem ganhar impacto se houver piora. Vide o que ocorreu, por exemplo, em maio de 2010. A fila de navios nos portos para carregar os grãos está hoje 25% maior do que a do ano passado. 

Sem noticias alvíssaras nos fundamentos. Uma trading afirma que o superávit mundial de açúcar vai subir 17%. Enquanto isso, os preços do açúcar no mercado indiano caem ao nível mais baixo dos últimos 8 meses, e derretem no mercado interno chinês. 

A monotonia do mercado diminui sobremaneira o apetite por operações com opções. Exceção feita às “fences” que consistem na compra de uma put e venda de uma call no caso dos produtores, ou da venda de uma put e compra de uma call, no caso dos consumidores, a volatilidade baixíssima do mercado não entusiasma ninguém a ficar short gamma (vendido opções a descoberto). A volatilidade média anualizada dos últimos 100 dias é de apenas 21,48%. Isso quer dizer, por exemplo, que com 95% de certeza, a oscilação máxima diária do mercado seria de 49 pontos. 

Continuamos sem uma sinalização por parte do governo de que em algum dia teremos uma política de formação de preços para os combustíveis. Com a falta dela, vemos deteriorado o setor sucroalcooleiro que não consegue investimentos e que assiste a um número cada vez maior de usinas com situação financeira muito apertada. De nada adianta o açúcar pagar a conta dos últimos anos se o etanol, em especial o hidratado, tem um preço médio de venda que nos últimos 6 anos ficou abaixo do custo de produção em 42% das vezes. 

Ao ritmo de crescimento e investimentos que experimentou em meados da década passada, o setor estaria hoje em condições de moer pelo menos 750 milhões de toneladas de cana e poderia ter contemplado pelo menos 32 novas usinas construídas para atender à demanda de uma frota cada vez mais orientada para os veículos flex. 

Alguns dos “privilegiados intelectualmente“ do governo afirmarão com aquela convicção que só a ignorância permite que, se assim fosse, o preço do açúcar no mercado internacional estaria mais baixo dada uma safra de cana de tal magnitude. O problema do setor não é preço, mas a falta de uma politica transparente da sua formação. No dia em que tivermos transparência e segurança jurídica de como o preço do etanol será formado, os investimentos retornam no dia seguinte. 

Se o governo criasse uma regra estabelecendo que preço da gasolina ao consumidor seguiria uma média mensal, bimestral, ou como queira do preço internacional, no dia seguinte veríamos diversas empresas disponibilizando instrumentos financeiros que refletiriam esses valores e propiciariam às usinas, aos produtores, hedgear sua produção, alocar seus mix de produção de maneira adequada e travar a rentabilidade da empresa eficientemente. Agora, esperar que no governo atual tenha alguém com a mínima capacidade de gestão e entendimento desses mecanismos e o quanto isso traria de benefício para um setor essencial à politica energética do país é acreditar em duendes, coelhinho da páscoa, unicórnio, etc.

A sétima estimativa da Archer Consulting apura que entre 12,2 e 14,2 milhões de toneladas de açúcar da safra 2013/2014 já estejam fixadas contra o mercado de NY ao preço médio de 19,32 centavos de dólar por libra-peso sem prêmio de polarização.

Anote em sua agenda: a 7ª edição do Sugar Dinner Brasil vai ocorrer dia 23 de outubro de 2013, em São Paulo, na Estação Júlio Prestes para apenas 700 convidados. No dia seguinte, ocorrerá o Sugar Party para 1.500 pessoas. Para este último, se você pretende participar é bom correr para comprar os ingressos no site https://www.sugardinner.com.br

Bom final de semana a todos 
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Fonte:
Archer Consulting

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