Mercado de açúcar: PERICLITANTE? É POUCO!

Publicado em 20/06/2015 06:13
"O mercado de combustível no Brasil vai deixar de consumir 750 milhões de litros. Agradeça ao PT...", por Arnaldo Luiz Correa, da Archer Consulting

O mercado futuro de açúcar em NY fechou a semana nas mínimas de seis anos e meio, com o contrato julho/2015, que vence no final deste mês, encerrando a sexta-feira a 11.10 centavos de dólar por libra-peso. Desde o espocar dos champanhes no réveillon de 2008 não se via cotação tão baixa em meio à crise mundial que então afetava todas as commodities. Esse é o nosso cenário de hoje. O vencimento julho/2015 desvalorizou mais de 13 dólares por tonelada na semana acompanhado pelo outubro/2015 com queda de quase 12 dólares por tonelada e todos os demais vencimentos cuja oscilação negativa ficou entre 2 e 8 dólares por tonelada.

O mercado está largado. Tem açúcar oferecido ainda da entrega vultosa de maio. Compradores estão absolutamente tranquilos e sem a menor pressa de entrarem no mercado. No mercado doméstico, aparentemente desconhecendo os riscos de se comercializar açúcar baseado no índice Esalq, muitas comercializadoras estão recebendo açúcares cuja compra é precificada contra esse índice e entregando ao cliente baseado em NY. Prejuízo puro. Sempre discuti aqui que comercializar commodity baseando-se num índice que não possibilita o hedge, abre um enorme risco de base, não administrável e desnecessário. O mercado interno vai ter que evoluir e aprender a usar NY nas duas pontas. Essas mudanças só ocorrem pela dor, nunca pelo amor.

Com um custo de produção de açúcar estimado em 13.20 centavos de dólar por libra-peso equivalente FOB, uma usina que não tenha fixado seu açúcar de exportação por problemas de limite de crédito junto às tradings e se vê obrigada a embarcar o produto está tomando um prejuízo de 50 dólares por tonelada, sem considerar o custo financeiro. Difícil encontrar um adjetivo que qualifique essa situação: periclitante? É pouco. Desesperadora, talvez.

E o pior que ainda temos espaço para cair mais porque junho é o mês que sazonalmente normalmente traz os preços mais baixos do ano safra. Será que esse ano vamos quebrar a escrita? Ou seja, será que julho vai conseguir ser pior que junho? De 2000 para cá isso ocorreu em apenas 20% das vezes, nas demais o julho sempre recuperou os baixos preços de junho.

Veja bem, nas últimas quinze safras em 97% dos casos os preços mais baixos se concentraram no primeiro semestre do ano. Em apenas uma ocasião, das 33 vezes que apuramos ao longo desse período de quinze anos, o preço médio mensal ficou abaixo da média do ano ocorreu no segundo semestre: isso foi em dezembro de 2011 quando a média de 23.42 centavos de dólar por libra-peso daquele mês ficou inferior à média de 25.61 apurada no ano safra.

O modelo de previsão de preços da Archer estima ligeira recuperação no preço médio para o mês de julho/2015 comparativamente ao preço médio de junho embora no próximo mês o vencimento a ser considerado é o outubro /2015. O modelo coloca o preço médio de julho em 12.92 centavos de dólar por libra-peso (quase 100 pontos acima do preço médio de 11.84 no junho até o momento) tendo seu pico em outubro, ao redor de 14.20 centavos de dólar por libra-peso. Modelos não são perfeitos e falham: esse tem errado em média 6% do preço estimado vis-à-vis o preço realizado.

A economia brasileira em plena recessão não está considerada no modelo. A situação do setor estaria ainda pior não fossem as boas vendas de etanol cujo preço ao consumidor está competitivo em relação à gasolina. E o consumidor afetado pela queda da atividade econômica psicologicamente prefere com a mesma quantidade de reais colocar mais litros de etanol no tanque se comparado com a gasolina. São nuances do comportamento humano. No entanto, quando observamos que nos primeiros cinco meses deste ano apenas 885.000 veículos novos foram vendidos contra 1.334.000 no mesmo período do ano passado (queda de 34%) isso projeta que o mercado de combustível no Brasil vai deixar de consumir – considerando apenas essa redução nas vendas – algo como 750 milhões de litros. Agradeça ao PT.

A nona estimativa de fixação das usinas para a safra 2015/2016, segundo o modelo desenvolvido pela Archer, até 31 de maio de 2015, é de 56.47% ao preço médio de 15.44 centavos de dólar por libra-peso. Esse valor equivale a 41.71 centavos de real por libra-peso e o câmbio médio feito pelas usinas correspondente a essas fixações é de 2.7009. As fixações correspondem a R$ 956.69 por tonelada FOB.

O volume de fixação nesta safra é inferior em 1.47 pontos percentuais ao da safra passada no mesmo período (57.94%) e, embora a fixação em dólares da 2014/2015 tenha sido superior, cravando 17.52 centavos de dólar por libra-peso, o valor em reais foi 3.25% menor, alcançando em 30 de abril de 2014 o valor de R$ 925.59 por tonelada FOB.

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Bom final de semana a todos

Arnaldo Luiz Corrêa

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Fonte:
Archer Consulting

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