Mercado de açúcar: O MERCADO BEM QUE ENSAIOU UMA REAÇÃO, MAS....

Publicado em 17/07/2015 17:55 e atualizado em 18/07/2015 04:35
por Arnaldo Luiz Correa, da Archer Consulting (+ artigo de Ronaldo Caiado, na Folha deste sábado: "O Brasil não confia em Dilma"
O mercado futuro de açúcar em NY fechou a semana com o vencimento outubro/2015 cotado a 11.96 centavos de dólar por libra-peso, um colapso de 45 pontos em relação à semana anterior (perda de 10 dólares por tonelada). Os meses com vencimento mais curto sofreram mais como reflexo da falta de demanda.
 
NY bem que tentou subir. Na segunda e terça-feira, por exemplo, o outubro chegou a apreciar 96 pontos em relação à mínima da semana anterior (11.84 centavos de dólar por libra-peso). O número de contratos em aberto no açúcar, no entanto, caiu com a alta de preços, indicando que não teriam ocorrido novas compras (que em tese quer dizer havia compradores dispostos a abrir novas posições no nível de preços), mas sim uma cobertura de posições vendidas a descoberto (ou seja, vendedores que estavam recomprando suas posições para tomar lucro apenas). No entanto, surpreendentemente os fundos aparecem agora como ligeiramente long (comprados), isto é, estavam vendidos, recompraram suas posições elevando o nível de preços do mercado e acabaram com uma posição líquida comprada em 9.000 contratos (450 mil toneladas de açúcar equivalente).
 
Só que o mercado caiu na semana. A percepção que se tem agora é de que os fundos podem ter “errado a mão” colocando um alerta de que o pregão abra em baixa na segunda feira. Vamos ver.
 
A entrega de açúcar tailandês contra o vencimento do contrato de açúcar branco em Londres ocorrido na semana passada, dá uma imagem clara de como está o mercado mundial da commodity com os produtores atravessando grande dificuldade para encontrar um destino para sua mercadoria. Muito embora a perspectiva do balanço global da oferta e demanda aponte para um déficit, o fato incontestável é que o déficit é insuficiente para reduzir os estoques mundiais. Ou seja, antes que o comprador surja com sua lista de compras ele vai primeiro consumir o que está no quintal de casa. Com isso a pressão sobre os mercados e sobre os spreads mais curtos é apenas consequência.
 
O mercado de açúcar sofre o efeito de três eventos impactantes: o primeiro é que o volume de moagem até o momento é maior do que o ano passado e, como já dissemos aqui, embora o peso disso, em si, seja irrelevante, o mercado carente de boas notícias acaba potencializando qualquer notícia minimamente baixista; o segundo é que pelos números divulgados pela ANP e publicado aqui há algumas semanas, o consumo de combustível deve crescer menos. Os 5.22% de crescimento anualizado no período compreendido entre junho/2014 e maio/2015 vão perder forca ao longo deste ano calendário. Menos consumo significa menos gasolina, menos anidro, menos hidratado, mais disponibilidade de açúcar; o terceiro, e não menos importante, é o recrudescimento do cenário político que tende a piorar e deve afetar o real.

Esses três eventos combinados tornam difícil uma recuperação de preços de magnitude. Pelo modelo que temos mencionado aqui, o preço médio esperado no mês outubro (que se refere ao mês de negociação de março de 2016) é de 13.77 centavos de dólar por libra-peso. Como o vencimento março/2016 encerrou a sexta-feira negociado a 13.35, isso da uma dimensão do extraordinário marasmo que teremos pela frente.


O preço médio do litro da gasolina no Brasil de abril até junho foi de R$ 3.3000. Apenas como comparação, o preço médio negociado no mundo nesse mesmo período foi de R$ 4.5600 o litro. Isso não quer dizer que estejamos defasados nessa magnitude já que o preço médio informado é global (no Reino Unido, por exemplo é de R$ 5.7300 o litro). De qualquer modo a defasagem brasileira comparando com o preço do petróleo equivalente no mercado internacional é de aproximadamente 6%.
 
O volume de contratos em aberto em NY mostra quão enfraquecido o mercado está. A posição é de apenas 790.000 contratos. É a mais baixa do ano e a mais baixa de um mês de julho desde 2012. Menor crédito por parte das tradings e instituições financeiras para as operações de hedge das usinas diminuem a janela de fixação e consequentemente o volume. Se olharmos a posição em aberto de julho e compararmos com março (que deveria contemplar ainda os hedges em futuros feitos para os embarques de maio e julho, pico de volume no Centro-Sul) a queda é a maior desde 2010 (7.5%).
 
Reserve a data na sua agenda: o XXIV Curso Intensivo de Futuros, Opções e Derivativos – Commodities Agrícolas vai ocorrer em outubro, dias 20, 21 e 22 em São Paulo. Mais detalhes serão dados oportunamente.
 
Bom final de semana a todos
 
(por Arnaldo Luiz Corrêa)
 
 
 

artigo de RONALDO CAIADO na folha deste sábado:

O Brasil não confia em Dilma

Ao prejudicar a produção de etanol, o PT rasgou o compromisso histórico do Proálcool com o ambiente

A presidente Dilma Rousseff perdeu uma grande oportunidade quando esteve nos Estados Unidos, ao final de junho, de discutir verdadeiramente a suposta pauta da reunião com o presidente Barack Obama: ambiente, energias renováveis e combate ao efeito estufa.

Ao noticiar o tema, Dilma assumiu o compromisso de reflorestamento de 12 milhões de hectares até 2030. Mas a presidente, provavelmente constrangida pelos malfeitos dos governos do PT, também na área de ambiente, não teve condições de se posicionar e expor os motivos de o Brasil se tornar referência em preservação. Tudo à custa do produtor rural, sem nenhum apoio do Estado. Ao contrário dos EUA, que pagam a seus agricultores exatamente o valor da receita que a área produz.

No Brasil, a cultura é achacar o produtor. Os órgãos do governo responsáveis pelo ambiente nada produziram no sentido de educar e orientar, principalmente os pequenos e médios agricultores. Só jogaram a responsabilidade nas costas dos proprietários, com taxas e punições abusivas.

A insensibilidade e o descaso do PT atingiram a produção de etanol, energia limpa e renovável, orgulho do país. É só voltar à crise do petróleo, iniciada em 1973. O preço do barril, em valores atualizados para 2014, saltou de US$ 17 para US$ 92, em 1980. Como reação, o governo, em 1975, lançou o Programa Nacional do Álcool, o Proálcool, que se tornou então referência mundial.

O PT rasgou aquele compromisso histórico com o ambiente. Manobrou a opinião pública, levando parte da população a acreditar que o acesso a veículos, fruto do endividamento familiar, substituiria qualquer outro transporte digno e menos poluente. Hoje, os brasileiros endividados sabem que foram enganados. A gasolina encareceu, o poder de compra dos salários caiu, o desemprego aumentou e os centros urbanos continuam sem alternativa para o transporte público. O governo do PT enganou e poluiu o Brasil.

Todos os malfeitos e irresponsabilidades foram praticados pelo governo do PT, que implantou a gestão mais corrupta da história da Petrobras. Isso constrangeu o brasileiro, que sempre teve orgulho da empresa. Dilma e Lula transformaram a Petrobras na empresa de capital aberto mais endividada do mundo.

Se não bastasse isso, de olho na reeleição, Dilma passou a controlar o preço dos combustíveis, punindo as usinas de açúcar, álcool e energia. A vinculação com o preço congelado da gasolina fez com que chegássemos a uma triste realidade: 80 usinas fechadas, 67 em recuperação judicial e, das 355 em operação, a previsão é de fechamento de mais 10 no centro-sul e em igual número no Nordeste. Ainda neste ano.

Já os americanos, sem clima propício para a cana de açúcar, utilizam o milho para fazer o etanol. Mesmo com uma produção mais cara e menos rentável, produziram 51,7 milhões de litros no ano passado, enquanto o Brasil atingiu 27,5 milhões de litros no mesmo período.

O mal que o governo petista causou ao ambiente é irreparável. Apenas o uso do etanol e da bioeletricidade seria suficiente para posicionar o país acima da média mundial em energias limpas e renováveis, que hoje é de 13,2%. Dilma não pôde olhar nos olhos de Obama e pedir que encabeçasse um movimento nos países mais ricos e poluidores para nos recompensar com a cobrança de uma taxa calculada pela emissão de CO. E muito menos desafiá-lo a implantar um código florestal próximo ao nosso.

Por esses e mais 1 milhão de outros motivos é que o brasileiro NÃO CONFIA no PT, em Lula e muito menos em Dilma.

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Fonte:
Archer Consulting (+ Folha)

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