Açúcar: O caldeirão está fervendo

Publicado em 20/09/2010 11:20
O mercado do açúcar em NY fechou a semana com mais uma alta liderada pelo vencimento outubro/2010 que teve uma valorização de pouco mais de 44 dólares por tonelada, fechando em 24,61 centavos de dólar por libra-peso. Março de 2011 fechou com alta de 34 dólares
por tonelada na semana, cotado a 23,25. Somente no mês de setembro,o vencimento outubro subiu 20%. Praticamente todos os meses de vencimento estão em suas respectivas altas. Para justificar esse momento temos a fraqueza do dólar, a estiagem no Centro Sul, as commodities se valorizando, a perspectiva de redução da próxima safra brasileira, a cobertura das posições de opções que venceram na semana, entre outras.

Subida de preço repentina como essa (25% de aumento em 20 sessões) que estamos vendo traz a velha preocupação de chamadas de margem e coíbe – de certa forma – qualquer ímpeto de se fazer hedge. Na média, os vencimentos da próxima safra subiram apenas este mês 200 pontos ou aproximadamente 44 dólares por tonelada. Para cada 100.000 toneladas fixadas pela usina, a drenagem de recursos do fluxo de caixa via chamada de margem é de uns R$ 8 milhões.

 Muitos bancos estão oferecendo o NDF de açúcar que consiste na fixação de preços em NY e posterior troca de futuros com a trading. Os bancos assumem as chamadas de margem diárias e cobram uma taxa por isso. Há necessidade de se comparar o valor cobrado pelos bancos com o valor encontrado nos modelos de estresse para ver se existe vantagem para o hedger. De qualquer forma é uma alternativa interessante que está ganhando peso não apenas no mercado de açúcar, mas também no café e na soja. Em geral tem sido vantajoso fazer.

Será que o mercado vai continuar subindo? É difícil dizer, mas não me sinto a vontade de ficar vendido descoberto nesse mercado. Para as usinas, evidentemente, a situação é de aproveitar os
preços altos e fazer o hedge do açúcar para a próxima safra, seja através da compra de puts ou da venda de calls, ou de uma fence. Mas precisamos ficar de olho nessa estiagem, monitorando de perto e tentar pegar o melhor momento.

 Alguns experts do setor entendem que se chover regularmente mesmo que abaixo da média, a cana tem como se recuperar. No entanto, o que preocupa sobremaneira é a estiagem prolongada para a qual não há solução. O crescimento para o próximo ano está comprometido. Pode até se recuperar, mas a safra não será a mesma coisa. Se a falta de chuva se prolongar por mais 15/30 dias então, segundo alguns agrônomos, podemos comprometer 20% da próxima safra. Em 1963, numa seca como a atual, a chuva só veio dia 4 de novembro. As usinas que não adubaram vão sofrer mais. Com isso, não podemos esquecer que muitas usinas têm financiamentos de longo prazo que preveem entrega de açúcar como pagamento de parte desses empréstimos. Sem cana,
não tem açúcar. Sem açúcar não tem pagamento. Sem pagamento, não tem renovação. O caldeirão continua a ferver. Ouve-se também falar no mercado, que pode estar faltando mudas para plantar o ano que vem comprometendo a safra 2012/2013. “As condições climáticas pode
 m estar preparando uma situação que nunca vivemos antes”, sugere um conhecido executivo do setor.

O fato é que, como dito aqui repetidas vezes ad-nauseum, teremos uma safra (2011/2012) muito conturbada pela frente. Possibilidade de oferta reduzida de açúcar e etanol contra um consumo interno crescente de etanol, com o Brasil tendo que suprir o mercado internacional de açúcar, além de um mercado interno que consome 1 milhão de toneladas por mês. O milho em alta lá fora não dá paridade para importação do etanol e no que se refere ao açúcar a Índia ainda é incógnita. Para que os extremos se encontrem vamos precisar de importação de etanol (se houver paridade) ou redução de consumo de combustível via aumento de preço. Enquanto isso, o mercado de açúcar pode continuar refletindo essas incertezas e testar novos patamares.

 Na incerteza, a volatilidade das opções sobe na média 4%. Os fundos estão comprados 6,5 milhões de toneladas. A fila de navios está em 100. O dólar despenca e faz com que o custo de produção de açúcar no Centro Sul, estimado pela Archer Consulting atinja 16,52 centavos de dólar por libra-peso FOB Santos, sem custo financeiro. O mercado interno bate R$ 56,67 por saca, o que equivale a NY mais 220 pontos de prêmio. Anidro e hidratado também tem margem positiva. No contrato de etanol BM&F Bovespa, o etanol para vencimento em janeiro apresenta um retorno de 13% sobre o custo de produção.

 Mudando um pouco de assunto, nunca antes na história desse país, como diria o “profeta”, se viu uma eleição sem polarização politica e sem interesse por parte da grande maioria do eleitorado,
como esta. A espetacular ascensão de milhões de pessoas das classes de menor renda à classe média norteia a preferência do eleitor.

Essa massa de pessoas passou a consumir produtos que antes do crescimento econômico não tinham acesso e está feliz com seu  televisor de LCD, seu automóvel popular e outros bens, pagos em dezenas de prestações. É natural que não queiram mudanças. Por outro lado, é pouca a capacidade de discernimento da imensa maioria da população, obstruída pela deficiência do sórdido sistema brasileiro de educação e pelo assistencialismo excessivo. A massa atribui a pujança da economia nacional ao “Grande Líder”, estelionatário dissimulado dos feitos de FHC para quem,
desrespeitosamente, nunca deu o merecido crédito. Assim, alienada, essa horda de eleitores vota na manutençã  o de suas conquistas materiais. Uma eleição de consumidores, não de eleitores, como recentemente disse o Estadão. O preço a ser pago pela sociedade civil por colocar no poder uma pessoa completamente despreparada sem nenhuma articulação e conhecimento dos problemas nacionais – um boneco de ventríloquo - será alto demais para suportar. Anos
desgostosos nos aguardam.

 No Fundo Fictício da Archer Consulting, compramos 200 lotes no março 2011 a 22,46 para ajustar a posição. Fechamos a semana vendidos no delta em 58 lotes. O próximo nível de ajuste é 24,89 (compra) ou 21,48 (venda). O patrimônio do fundo está em US$ 5.150.295,94 depois do prejuízo na semana de US$ 688.557,78, colocando nosso retorno anualizado em 189,58%.

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Fonte:
Archer Consulting

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