Mercado do Açúcar: Entre o possível e o provável

Publicado em 08/08/2011 08:26
Comentário Semanal – de 01 a 05 de agosto de 2011.
O mercado de açúcar em NY fechou mais uma semana pressionado, desvalorizando 48 dólares por tonelada no vencimento outubro/2011, cravando a sexta-feira 27,54 centavos de dólar por libra-peso no fechamento. Os demais meses também caíram, com maior peso nos meses com vencimentos mais curtos. O mercado teve uma oscilação na semana de 361 pontos, a maior desde a primeira semana de julho. Parece que a primeira semana do mês sofre o peso dos ajustes de posição praticados pelos fundos de commodities.

Por outro lado, o cenário macro se deteriora e as bolsas de valores em todo o mundo amargaram perdas substanciais levando de roldão algumas commodities. O açúcar chegou a bater 26,99 centavos de dólar por libra-peso a maior baixa desde 1º de julho.

Será que vai cair mais? É possível (o que pode acontecer), mas não parece provável (o que deve acontecer). Contra pânico não há salvação. Maior influência de fatores exógenos embaça a visão fundamentalista e dá espaço para todo tipo de comportamento errático. Nessas horas é essencial manter a cabeça no lugar e se manter com os fundamentos do mercado. Alguns pontos preocupam, evidentemente, exacerbados que são por esses fatores. Preocupações sobre a economia esfriam a demanda e empurram com a barriga novas compras deteriorando os prêmios no mercado físico. O sentimento por parte de consumidores nos EUA e China é mais de reforçar a janela dos andares mais altos.

Não há muita fixação a fazer ainda por parte das usinas para a safra corrente (ver abaixo), portanto quedas acentuadas potencializadas por fatores macros, sobre os quais não se tem controle, apresentam-se muito mais como uma oportunidade de compra ou mesmo de recompra parcial de hedges, em especial quando sabemos que os números da safra brasileira não são nada encorajadores em termos de volume. Nessas horas bicudas, portanto, não seja voluntariamente incompetente, situação em que nos colocamos quando tentamos controlar alguma coisa sobre a qual não temos controle (pânico).

A rolagem dos fundos do outubro para março já começou, ou seja, os fundos que estão comprados no outubro revendem suas posições naquele mês e, concomitantemente, abrem novas posições de compra no vencimento seguinte. Com isso, pressionam o outubro. Foi isso que vimos ao longo da semana. A pressão via venda de spreads coloca mais peso na desvalorização dos preços que se seguiu.

Existe uma dicotomia entre a volatilidade histórica do mercado e a volatilidade implícita das opções. Estas estão muito altas mostrando o quanto os participantes do mercado demonstram preocupação com a trajetória de preços e, para se protegerem, pagam altos prêmios nas opções. Acreditamos que o mercado exagerou em termos de volatilidade e deve começar a negociar em níveis mais suportáveis de volatilidade (dos 50% para 40%). Com isso, as oscilações devem ser menos nauseantes.

Tá longe ainda, mas convém ficar de olho. As opções de outubro vencem dia 15 de setembro e existem 60.000 lotes vendidos nas puts (opções de venda) entre os preços de exercício de 25 e 30 centavos de dólar por libra-peso. 3 milhões de toneladas equivalente vendidas para a captura de prêmios robustos. Se o mercado deslizar para aquelas bandas, chame 191. É possível, mas não parece provável.

Destaque para o excelente artigo do economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, discorrendo sobre a espúria taxação por parte do governo das operações de derivativos, que podem chegar até a 25%, que devem provocar a “diminuição do mercado futuro doméstico [do dólar], encarecimento do hedge para exportadores”. Como acontecem em situações semelhantes em qualquer mercado, no governo Dilma, “a volatilidade da taxa de câmbio está 25% acima de 2010. Com volatilidade em excesso a necessidade de se proteger no mercado futuro é maior ainda e as medidas do governo repelem isso”. Com essas medidas estapafúrdias vê-se o “altíssimo” nível profissional dessa gente que está aí.

O modelo proprietário da Archer Consulting aponta que o volume de fixação do Brasil em 31 de julho de 2011 era de 22,517 milhões de toneladas ao preço médio de 24,14 centavos de dólar por libra-peso, sem prêmio de polarização. Dessa forma, se estimarmos as exportações brasileiras em 26 milhões de toneladas, as fixações representam 86,6% desse total.

No Fundo Fictício da Archer Consulting encerramos a semana com uma posição equivalente no delta de 36 lotes comprados. O prejuízo na semana, em função da volatilidade, foi de US$ 77,164.22 enquanto nosso lucro total nesses 946 dias de existência está em US$ 7.464.606,25 com rendimento anualizado de 128,11%. Vamos assistir apenas.

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Fonte:
Archer Consulting

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