Açúcar: Perspectia de menor moagem faz o mercado explodir
Bem, o mercado fechou com o vencimento outubro/2011 cotado a 30,96 centavos de dólar por libra-peso e alcançou 31,18 centavos de dólar por libra-peso durante a sessão da sexta-feira, muito próximo das altas do contrato (31,68). Na semana, a variação foi de mais de 68 dólares por tonelada no vencimento outubro/2011, quase 60 dólares por tonelada no vencimento março/2012 e 46 dólares por tonelada no vencimento maio/2012. Inacreditável. Você compraria ou venderia o outubro nesse nível?
O fato é que – objetivamente – nada mudou significantemente nos últimos dias que justifique essa alta expressiva, senão pelo fato dos números divulgados. Ou seja, se você tem alguma coisa ainda nos livros para vender, é melhor fazê-lo porque a alta não parece ter sido consistente da forma que foi. O único senão dessa afirmativa é que o Brasil está bem fixado em termos de volume e há, evidentemente, a possibilidade do mercado subir sem encontrar resistência. Se houver coberturas de opções ou livros sendo ajustados, mais alta pode vir por aí.
Por outro lado, como citado aqui por diversas ocasiões, não há razão imediata para que se pense em fixação de preços para a safra 2012/2013. A próxima safra não vai atender ao potencial de demanda que temos e a curva de preços vai continuar a ser construtiva, dentro da linha que comentamos aqui há algumas semanas, ou seja, o preço máximo do mês presente deverá se repetir no vencimento seguinte e assim sucessivamente. Quem vai sofrer são os consumidores industriais que continuarão a ter que pagar preços maiores para o açúcar no mercado interno. Pelo menos se livraram de comprar ESALQ que negocia a prêmio sobre NY.
Baseado no fechamento de sexta-feira, se alguém quiser fazer o hedge da próxima safra (tomando como base os meses de maio, julho e outubro de 2012 e março de 2013), fazendo o hedge da moeda, vai liquidar posto na usina o equivalente a R$ 44,54 por saca, um número atrativo se levarmos em consideração que o custo está R$ 34,19 por saca.
Veja isso: o total das vendas de veículos leves acumulado nos últimos 12 meses até julho/2011, de 3.474.198 veículos (dados da ANFAVEA), mostra um crescimento de 7,7% em relação a idêntico período do ano passado. O valor acumulado é o maior da história da indústria automobilística brasileira. A estimativa da Archer Consulting é que a frota de veículos leves ciclo Otto chegue ao final de 2011 em 30,5 milhões de veículos. Daqui a cinco anos serão 41,6 milhões de veículos, dos quais 65% serão flex. Vamos pular do atual consumo de combustível (2010) de 44,9 bilhões de litros, para 71,2 bilhões de litros. Ou seja, 26,3 bilhões de litros em 5 anos.
De onde virá esse produto? Mesmo baixando para 45% o percentual de veículos que escolhem o etanol como combustível, estimando o crescimento da frota brasileira em 4% ao ano (cresceu mais de 8% na média nos últimos 10 anos) e reduzindo a mistura na gasolina para 20%, ainda assim precisaríamos de 16 bilhões de litros de etanol em 2016. Só para atender a essa demanda, vamos precisar moer 900 milhões de toneladas (assumindo o mesmo mix), ou seja, precisaríamos de 80 novas usinas em 5 anos, investimentos da ordem quase US$ 60 bilhões. Quem se habilita dada a falta de transparência tão reclamada pelos estrangeiros que estudam entrar no setor.
Prosseguindo na rotina do governo Dilma, cai mais um ministro: o da Agricultura. Político brasileiro é sempre a mesma estória, são flagrados com a mão no dinheiro do Erário, suas falcatruas são expostas na imprensa e depois, pedem demissão com carinhas de Santo dizendo ter sua honra atingida e culpam a mídia pela execração pública. Dá uma pena que dói na gente, coitados. Aqui no Brasil, se o político é de esquerda ou de direita, a referência é somente à mão usada para roubar (sendo que os de centro são ambidestros). Triste sina.
Depois de quase 1.000 dias negociando o Fundo Fictício, vamos interromper a informação das operações. A Archer Consulting está desde março/2011 efetivamente gerindo um fundo focado exclusivamente no açúcar e em respeito aos investidores e por questões de conflito, suspende essa atividade. No futuro, nossa ideia é abrir para outros investidores assim que tivermos o registro de desempenho das operações.
Arnaldo Luiz Corrêa
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