Nova Iorque sobe mas prêmio de clima ainda é mínimo, por Rodrigo Costa

Publicado em 18/09/2017 09:57

As bolsas de ações voltaram a subir ao redor do mundo, sendo que nos Estados Unidos ajudadas pelas estimativas de custos mais baixos dos estragos provocados pelo furacão Irma e indicadores econômicos mais fracos – os últimos não deveriam contribuir para a compra de ações, mas influenciaram positivamente em função de uma menor perspectiva de aumento dos juros pelo FED.

O S&P500 e o Dow Jones fizeram nova altas históricas, assim como o Ibovespa no Brasil, enquanto o dólar americano falhou em esboçar uma reação, parcialmente também contribuindo para o Real voltar a tocar os R$ 3.10, mesmo com novas denúncias contra o presidente Michel Temer.

Os principais índices de commodities começaram a semana dando a impressão que poderiam ceder, enganando quem tentou se antecipar às baixas e voltando a subir. Dentre os componentes do CRB, o trigo e o café arábica dividem a liderança entres os ganhadores subindo mais de 8% nos últimos cinco dias, seguidos pelas matérias-primas energéticas, o açúcar e outros grãos. Em um cenário de maior apetite ao risco os metais preciosos cederam. O algodão e o suco de laranja devolveram uma parte das altas acumuladas durante os eventos climáticos do Golfo mexicano e do sul da Flórida.

A acentuada recuperação do café em Nova Iorque surpreendeu até os mais otimistas em um movimento que em grande parte foi de liquidação de posições vendidas dos fundos-ativos e mais notoriamente dos fundos-passivos, observadas no relatório do CFTC.

O rompimento da média-móvel de cem dias atraiu os operadores seguidores de tendência, absorvendo a venda das origens que estão aproveitando o momento positivo dos preços futuros.

Fundamentalmente os prognósticos de chuvas no cinturão produtor brasileiro aparecendo apenas para o fim de setembro, por ora esparsas e com volumes baixos, contribuíram para mudar o tom negativo que pairava entre os agentes. Fotos de árvores castigadas pela estiagem que em algumas regiões já passa de dois meses mexeram com o psicológico dos traders, muito embora as opiniões se dividem entre o quanto possa já ter sido perdido em termos de potencial para a safra 18/19.

Consenso mesmo pode ser notado por parte de quem está vivendo a situação no campo, como os produtores que melhor do que ninguém conhece suas lavouras e acreditam que, no mínimo, o potencial pleno de produção já está comprometido.

Quantitativamente falando, entretanto, a percepção do mercado neste momento não é de pânico, o que significa dizer que o mercado futuro ainda não precifica uma seca, mas sim preventivamente diminui a exposição entre os vendidos.

Um fato curioso na semana foi a revisão para cima da estimativa da produção 17/18 brasileira pelo IBGE, o qual citou uma produtividade maior do que divulgada anteriormente. Não que o número seja significativo, muito pelo contrário afinal foi de apenas 1.1%, mas vai na contramão das conversas que há algum tempo circulam no mercado sobre “quebra” na renda e de peneiras. De qualquer forma ninguém deu muita atenção para a divulgação.

As exportações no Brasil no mês de agosto totalizaram 2,374,540 sacas, bem melhor do que as 1.86 milhões embarcadas em julho, mas ainda bem abaixo das 3 milhões do mesmo mês em 2016.

Os estoques de café verde nos Estados Unidos finalmente pararam de subir. O Green Coffee Association apontou a queda em 147,285 sacas em agosto, com o inventário estando em 7,266,027 sacas. Uma sequência neste “desaparecimento” é importante para começar a drenar o pipeline, muito embora não custa mencionar que os certificados da bolsa de Nova Iorque não param de subir e em pouco mais de um mês entra a safra dos suaves.

O fechamento de Nova Iorque na semana foi bem positivo e o posicionamento dos traders mostrando os fundos ainda com um livro de vendas maior, até a terça-feira dia 12 de setembro, pode estimular compras na segunda-feira causando o rompimento de uma linha de resistência que passa pelas altas de novembro de 2016 e do começo de agosto último. Outro ponto importante é a média-móvel de duzentos dias do contrato de dezembro17 que está em US$ 143.55 centavos por libra-peso.

Tecnicamente seria mais saudável uma retração para aliviar indicadores que mostram um mercado sobre-comprado. A figura gráfica positiva não se altera enquanto o “C” se mantiver acima de US$ 135.70 centavos por libra.

Não custa lembrar que uma mudança no prognóstico das chuvas pode atrair vendedores que estão receosos em vender com o risco de uma seca prolongada, portanto devemos esperar uma maior volatilidade, como o próprio “pit” de opções tem antecipado.

Uma ótima semana e bons negócios a todos,

Rodrigo Costa*

*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting

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Fonte:
Archer Consulting

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