Estoques no destino não atendem a todos os gostos, por Rodrigo Costa

Publicado em 10/09/2018 09:24

O mercado de trabalho de pleno emprego nos Estados Unidos dá sinais de leve aumento dos salários, potencialmente podendo acelerar o ajuste dos juros pelo banco central.

Trump, mesmo depois de sofrer a pressão de empresários sobre o plano de aumentar tarifas em importações equivalentes a 200 bilhões de dólares, declarou ter identificado 267 bilhões adicionais de produtos que podem ser também tarifados.

As bolsas americanas responderam negativamente às ameaças, apesar da queda da taxa de desemprego, e o índice do dólar valorizou na curta semana que teve o CRB cedendo com as perdas das matérias-primas energéticas e dos grãos.

O estarrecedor ataque a Jair Bolsonaro na véspera do feriado de Independência no Brasil fez com que o Real encerrasse a semana a R$ 4.0590, após ter tocado R$ 4.20 novamente.

A bolsa de café em Nova Iorque testou novas mínimas na terça-feira, negociando a US$ 98.65 centavos por libra, para no mesmo dia fechar a US$ 101.45 centavos e falhar dois dias depois em romper os US$ 105.00 centavos.

O contrato de novembro em Londres trabalha abaixo dos US$ 1,500 por tonelada – a última vez que a segunda-posição viu tal nível foi em março de 2016 – alargando um pouco a arbitragem com o arábica para (negativos) US$ 35 centavos por libra.

A procura no físico começou a melhorar com o retorno das férias e curiosamente os estoques disponíveis no destino, crescentes recentemente na Europa, estáveis nos Estados Unidos e levemente menores no Japão, não tem algumas qualidades desejáveis para uma boa parcela dos compradores.

No Brasil a reposição se mantém apertada forçando a disciplina dos agentes a não manterem ou serem mais agressivos em suas ofertas e como consequência conscientizando os traders internacionais a ajustarem suas expectativas.

Para os suaves a situação não é muito diferente, entretanto a proximidade do começo da safra, principalmente na Colômbia e em Honduras, deve fazer destes países mais participativos nas subidas do terminal, substituindo os brasileiros que finalizam a colheita.

Não há novidades significativas para alterar o comportamento dos mercados no curto-prazo e os diferenciais devem fazer o trabalho de ajustar o fluxo das qualidades mais demandadas, por ora.

Vale notar, entretanto, que alguns participantes mundiais já estão revendo seus números de oferta e demanda global, sugerindo uma sobra menor já no próximo ciclo, como eu mencionei neste espaço em alguns comentários recentes.

Setembro inicia prometendo ao menos uma definição mais clara da corrida presidencial brasileira, mas com tanto ceticismo rondando as pesquisas eleitorais e a instabilidade demonstrada pela polaridade e inconsequência como no ataque à Bolsonaro, parece que os investidores vão aguardar o resultado do pleito para voltarem (ou não) a acreditar no rumo pró-reformas do país. Atos bárbaros e esta história infindável de um presidiário ficar entupindo de recursos os tribunais, são outros fatores cansativos aos defensores do Brasil.

Por fim lembremos o quase aniversário de um ano dos altistas olharem para a posição vendida dos fundos e esperarem uma recuperação do terminal, que sabemos nunca se materializou como reversão, mas sim apenas serviu para alguns soluços de alta sem sustentação.

Uma ótima semana e muito bons negócios a todos a todos.

Rodrigo Costa*

*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting

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Fonte:
Archer Consulting

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