Mercado de Café: CAFÉ FAZ NOVA MÍNIMA PRESSIONADO PELO MACRO

Publicado em 12/02/2016 17:02
Por RODRIGO COSTA, da ARCHER (+ análise do Escritório Carvalhaes, de Santos)

Por RODRIGO COSTA, da ARCHER

O ano de 2016 começou com grande nervosismo dos investidores, mal acostumados com as constantes ajudas dos bancos centrais das principais economias do mundo. Os medos são de uma contínua desvalorização da moeda chinesa, da revisão de crescimento mundial parcialmente influenciado pela recessão brasileira, da queda acentuada das commodities que expõe os bancos financiadores de matérias-primas, e até dos estoques de títulos corporativos em um cenário macro que pode ceivar lucros das empresas.

A alta volatilidade das bolsas de ações e das commodities está exacerbada também pela liquidez mais baixa, e assim virou comum o petróleo, por exemplo, oscilar 5% em uma sessão, sendo que em alguns dias o preço salta ou desmorona até 12%!!

Na última sexta-feira o CEO de um banco americano disse que estava aumentando sua posição em ações da instituição, dizendo que o preço do papel está muito baixo, uma forte indicação que animou os mais desesperados. Um banco alemão, o maior do país, soltou uma nota dizendo que também compraria suas ações negociadas no mercado livre, sinalizando que tem caixa suficiente e dissipando, ao menos momentaneamente, a percepção de fragilidade da empresa.

O café começou o ano caindo depois de encerrar 2015 a US$ 126.70 centavos por libra  – este é meu primeiro comentário de café desde 13 de dezembro. Influenciado pelo mau humor dos mercados, Nova Iorque fez uma nova mínima desde 2 de janeiro de 2014 e Londres buscou os patamares que não víamos desde maio de 2010

Curiosamente não foram os fundos os únicos responsáveis em achatar as cotações. As origens deram suas contribuições com vendas no mercado futuro maiores do que se esperava. O fluxo no mercado físico Brasileiro, Colombiano, Hondurenho e Vietnamita deu indicação aos agentes de que as elevadas exportações não diminuiriam tão rapidamente – na verdade o Vietnã vinha de embarques menores, acelerando um pouco mais apenas recentemente.

O clima voltou ao noticiário no fim de janeiro apontando seca em regiões da Colômbia com o potencial de reduzir a safra em 1 milhão de sacas. Mais do que o número absoluto creio que a interrupção do crescimento da produção no país que voltou a produzir acima de 12 milhões de sacas é um fator positivo para o terminal, dado que os outros países produtores de café lavado há tempo estagnaram o volume produzido.

No Brasil a falta de chuvas no norte do Espírito Santo também compromete a safra do conilon, para 16/17 com a perda de chumbinhos, murchamento dos frutos e também a diminuição do potencial para o ciclo de 17/18 em função do baixo crescimento vegetativo. Desta forma a esperada super-safra de 60 milhões de sacas (número de alguns agentes) não será mais uma realidade, resultando em uma oferta global próxima do equilíbrio com o consumo. Se considerarmos os estoques de passagem baixos nas origens e estáveis no destino, o viés para os terminais acabam sendo positivos – isto se o dólar não se fortalecer muito mais.

O índice do dólar está pontualmente mais fraco com a perspectiva do FED aumentar os juros apenas mais uma vez em 2016 ao invés dos quatro incrementos que os mercados apostavam em dezembro – a derrocada dos ativos de risco é o motivo da revisão.

O sentimento predominante neste momento é de uma nova queda nas cotações do café não apenas pelos fundos terem já coberto uma boa parte de suas posições vendidas, mas também pela fraqueza do Peso Colombiano e do Real, que mantém estes dois países mais ativos no lado vendedor.

Por outro lado é bom observar que muito das vendas brasileiras são fixações já da próxima safra, e também algum volume de 17/18, diluindo assim  a pressão vendedora no início da colheita. Quem está ficando vendido apostando que os produtores serão mais agressivos a partir de maio pode se surpreender.

Para finalizar, os estoques certificados do contrato “C” não param de cair, reflexo dos firmes diferenciais de reposição e no FOB, outro fator positivo já sentido no estreitamento da estrutura (spreads).

Se o mundo no mercado financeiro não acabar, o petróleo parar de cair e o Brasil tentar não fazer mais trapalhadas políticas e fiscais, Nova Iorque pode voltar a trabalhar próximo de US$ 130.00 centavos por libra, nível que fundamentalmente faz mais sentido do que as cotações de US$ 100.00 centavos que os baixistas crerem ser mais “reais”.

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Uma excelente semana e muito bons negócios a todos,

Rodrigo Costa*

*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting

Análise do escritório Carvalhaes:

Bolsa de NY trabalhou em baixa na semana e o mercado físico brasileiro praticamente não abriu

Nesta semana, mais curta no Brasil devido aos feriados de carnaval, o mercado físico brasileiro de café teve apenas dois dias úteis, ontem e hoje. Fora do Brasil, os mercados globais operaram em baixa e tiveram dias de pânico, registrando fortes quedas no mercado acionário, principalmente de ações de bancos europeus, americanos e asiáticos. O índice que reflete as ações de bancos da zona do euro recuou 6,48%, acumulando perdas de 30,32% no ano (fonte: Valor Econômico). 

Essas baixas arrastaram outros mercados e bolsas, entre elas as de café. Em Nova Iorque, na ICE Futures US, os contratos de café com vencimento em março próximo acumularam perdas de 485 pontos na semana. No Brasil, o dólar oscilou bastante frente ao real e com a queda das cotações na ICE, nosso mercado físico praticamente não abriu. Cautelosos, compradores e vendedores preferiram adiar os negócios para a próxima semana.

Os problemas climáticos nas regiões produtoras de café do sudeste brasileiro em 2014 e 2015 e o excelente desempenho de nossas exportações em 2014 e 2015, com dois recordes sucessivos, dizimaram os estoques brasileiros de café. Estão historicamente baixos para esta época do ano-safra e terão de sustentar as exportações e o consumo interno até o próximo mês de junho. Nossa safra de conilon quebrará mais uma vez e a colheita de arábica da nova safra, mesmo que se adiante um pouco, não trará uma contribuição importante para o consumo interno e exportações deste primeiro semestre de 2016. Não nos lembramos de um quadro semelhante a este. Serão meses de muita tensão no mercado de café.

O CECAFÉ – Conselho dos Exportadores de Café do Brasil, informou que no último mês de janeiro foram embarcadas 2.709.399 sacas de 60 kg de café aproximadamente 11 % (349.084 sacas) menos que no mesmo mês de 2015 e 16 % (520.098 sacas) menos que no último mês de dezembro. Foram 2.387.004 sacas de café arábica e 72.831 sacas de café conillon, totalizando 2.459.835 sacas de café verde, que somadas a 249.518 sacas de solúvel e 2.046 sacas de torrado, totalizaram 2.709.399 sacas de café embarcadas. O preço médio de venda foi de US$ 148,16 por saca aproximadamente 26% menos que o preço médio de janeiro de 2015, de US$ 199,00 por saca. 

Até dia 11, os embarques de fevereiro estavam em 307.120 sacas de café arábica, 7.160 sacas de café conillon, mais 15.550 sacas de café solúvel, totalizando 329.830 sacas embarcadas, contra 488.147 sacas no mesmo dia janeiro. Até o mesmo dia 11, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em fevereiro totalizavam 999.449 sacas, contra 822.329 sacas no mesmo dia do mês anterior. 

A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 5, sexta-feira, até o fechamento de hoje, sexta-feira, dia 12, caiu nos contratos para entrega em março próximo 485 pontos ou US$ 6,42 (R$ 25,61) por saca. Em reais, as cotações para entrega em março próximo na ICE fecharam no dia 05 a R$ 623,84 por saca, e hoje dia 12, a R$ 609,72 por saca. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em março a bolsa de Nova Iorque fechou com alta de 255 pontos.

 
(por EDUARDO CARVALHAES, de Santos)
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Fonte:
Archer + Escritório Carvalhes

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