A Água Nossa de Cada Dia, por Rui Wolfart

Publicado em 26/09/2012 07:25 e atualizado em 01/10/2012 09:07
Por Rui Alberto Wolfart.
Chegamos aos momentos finais de uma discussão de anos e, ao ser votado e sancionado o Código Florestal, haverá um novo marco regulatório. As interpretações desse recente ordenamento ambiental variam, por exemplo, ao se olhar pela ótica do Sul ou do Centro Oeste brasileiros. 

A grande discussão atendeu basicamente ao Sul e Sudeste. O problema deles, além de não contarem com reserva legal suficiente é o de terem degradado de maneira significativa seus rios, com a destruição das matas ciliares e com a emissão de efluentes industriais nos mesmos. 

É necessário que se reconheça o contexto histórico em que isso aconteceu em relação às ocupações agrícolas. Todavia, a ideologia da sociedade industrial levada às últimas conseqüências, apresenta um quadro dantesco. O elevado grau de poluição da baía da Guanabara; rios Tietê, Pinheiros, Iguaçu, Uruguai e Guaíba, é uma pequena amostra do muito que há por fazer em regeneração ambiental. 

Os contaminantes – poluentes vão de metais pesados, emissão direta dos esgotos no meio ambiente pelas companhias de saneamentos aos nitratos e coliformes fecais. As conseqüências sobre a Vida são imensas. Há dez anos, segundo a FATMA, órgão ambiental catarinense, cerca de 90% de suas águas se encontrava poluída. 

Há cinco anos, foi realizada uma viagem fluvial de conscientização pelo rio do Peixe, em Santa Catarina, desde a cidade de Caçador até a sua foz, na divisa de SC com RS. Foram encontrados os peixes “cascudos”, em quantidade significativa, com deformidades nas guelras, por conseqüência da elevada poluição desse rio. É clara a realidade e a percepção de quais são os agentes causais, desses peixes nascerem deformados. 

A recuperação compartilhada entre governos e setores produtivos é uma necessidade moral e prática, sendo a outra face da moeda. Talvez, pelos custos, tenha ocorrido o desvio dos debates no Congresso Nacional, levando o assunto para o tema “florestas”, como se fosse o problema central e único. Foi o “bode na sala”. 

Para o Centro Oeste pouca coisa mudará. A camisa de força que lhe foi imposta, desde a Medida Provisória 2.166, editada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso em 2.001, continuará com a nova legislação. Lembrando: os planos governamentais e as manifestações vivas de governantes, até há pouco tempo, davam o tom do que era esperado que a classe produtora fizesse. 

Mudaram as orientações dadas, com as mais tresloucadas ações sobre um setor econômico, jamais visto nesse país. É tempo de acabar com essa criminalização e punição ao pilar que sustenta a balança comercial brasileira. 

Enquanto isso é de se esperar que haja um mutirão nacional para, elegendo como prioridade a ÁGUA, encetar ações efetivas de recuperação dos rios, lagoas e baias. Que os esforços culminem com o retorno das regatas no rio Tietê, de tal maneira que se algum remador cair nele, não tenha que ser levado às pressas para uma UTI, passando por um processo de descontaminação e desinfecção. 

Nada está isolado. A água é a fonte da Vida.
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Rui Wolfart

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