O Encolhimento da Embrapa

Publicado em 01/10/2012 13:49
Por Rui Alberto Wolfart, engenheiro agrônomo, especializado em administração. Consultor na área fundiária. Produtor Rural há 27 anos em Mato Grosso.
Com a anunciada demissão do presidente da Embrapa, Pedro Arraes, encerra-se mais um capítulo da lamentável diminuição do seu papel estratégico. A empresa definha precocemente, pela falta de visão de desenvolvimento, que antecede há muitos anos a gestão da atual presidente Dilma. Se ela resgatou o extinto GEIPOT, agora com nova denominação, sob a ótica nacional - desenvolvimentista, por que não fazer o mesmo com a existente Embrapa, que também tem um papel fundamental para o Brasil? 
 
Em meus artigos, veiculados no Agrodebate, levantei as seguintes questões: Em O Trem do Progresso de 16/04/2012 - "Como pode o Brasil com um orçamento tão pífio da Embrapa, pensar em soberania alimentar e ser um player global em commodities?" e, em 27/08/2012, com o título Monotonia Tecnológica, destacava: "Todavia, o que chama atenção é a inércia, a falta de ação efetiva da Embrapa, que, preocupada em levar nosso conhecimento tecnológico para países africanos, numa visão terceiro - mundista, esquece de fazer o dever de casa. Está sem foco e sem orçamento para enfrentar o fosso tecnológico criado no Brasil entre ela e empresas privadas, o que remete a um processo de dominação, com um modelo questionável, face a importância do setor primário para o país e frente aos demais competidores globais." 
 
Nesse momento, são cobrados  aspectos das mazelas  de gestão: perda de visão estratégica; orçamento pequeno e influência ideológica no programa de melhoramento genético, o que lembra Trofim Denisovich Lysenko, na extinta URSS, que  pelas suas posições  científicas foi fator de atraso em pesquisas, com graves prejuízos para a sua produção. A culpa não é de Arraes nem da empresa, mas da visão colonizada, que foi reinserida por governantes, desde meados da década de oitenta. O país se apequenou na pesquisa agrícola, pilar daquilo que ele tem de mais forte, que é a agropecuária. 
 
Misto de preconceito ideológico com desconhecimento e falta de racionalidade analítica, os formuladores das políticas nacionais até hoje não perdoam o sucesso de um segmento, que quanto mais apanha, mais se reinventa e apresenta resultados estrondosos ao país. Não há caso similar no mundo de crescimento de produtividade e produção em agricultura tropical, com os já elevados fatores de sustentabilidade ora apresentados. Questiona-se claramente aos Ministérios do Planejamento ou da Fazenda, qual setor da economia garantirá satisfatoriamente os resultados econômicos brasileiros em 2012, 2013, 2014. Exceto pela contribuição do agronegócio, infelizmente os demais setores além de demonstrarem inapetência, impossibilidade de expandir em razão do "Custo Brasil" ou de debilidade do ritmo de investimentos necessários, não ajudarão no crescimento do PIB nos próximos anos. 
 
Novamente, o formato da curva de expansão da economia é denominado como "o vôo de galinha". Curto na subida, logo cai. Ainda bem que se lembram da galinha como elemento metafórico, de comparação. Também a produção avícola necessita aumentar sua produtividade e produção, alicerçada na pesquisa da Embrapa, para continuar engordando a balança comercial do agronegócio brasileiro, para voos crescentemente sustentados.
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Fonte:
Rui Wolfart

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1 comentário

  • Giovani Albineli Itajaí - SC

    Com todo respeito ao Sr Wolfart e ao demitido Pedro Arraes, mas do ponto de vista racional e pelo bem do Brasil, a EMBRAPA deveria ser extinta. Um grande cabide de empregos que em 40 anos não conseguiu melhorar a produtividade do trigo e nem mesmo da mandioca.

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