As Viúvas de Mao

Publicado em 21/11/2012 09:47
Por Rui Alberto Wolfart, engenheiro agrônomo, especializado em administração. Consultor na área fundiária. Produtor Rural há 27 anos em Mato Grosso.
Mao Tse-tung foi o grande líder da guerra civil empreendida pelos comunistas contra os nacionalistas, vencendo-os em 1949. É fato histórico A Grande Fome, derivada do Grande Salto Adiante (1958-1961), que provocou a morte de aproximadamente 36 milhões de chineses, como também a Revolução Cultural (1966-1976), em que outros milhões de chineses foram perseguidos, mortos, confinados em comunas rurais, ao serem enquadrados pela política maoísta, sendo tachados como revisionistas e burgueses. 

Não fazia sentido essa destruição interna, só para atender aos delírios de um mandatário. Mao morreu em 1976. As reformas, com estabilização interna, patrocinadas por Deng Xiaoping, formataram a China atual. A mudança via industrialização acelerada, promovendo a migração de milhões do campo para as cidades, se constituiu em feito inigualável na história recente do mundo. Se, ainda deverão estimular a migração de outros 300 milhões para as cidades até 2030, propiciando aumento da qualidade de vida para sua população, provocando consequências profundas para a economia internacional, onde estarão os seus erros? 

As viúvas de Mao, na imprensa ocidental, falam que os mandamentos socialistas e maoístas estão sendo jogados fora, pela contenção dos gastos sociais e que da nova cúpula dirigente só se pode esperar repressão e conservadorismo na gestão. Enfim, nas últimas semanas foram produzidos dezenas de artigos sobre a renovação dos quadros dirigentes, prognosticando maus presságios para a China. Será verdade? Chegaram a cunhar a expressão "ditadura das chaminés". 

Ora, pretendem voltar aos tempos de fome e morte da era Mao? Todos esses articulistas deveriam juntar suas forças, para denunciar de forma contundente os males que afligem a população ocidental. Aí sim, está situada uma ditadura, a da grande finança, que sangra sem cessar em grau variado muitos países. Enquanto isso, a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária - CNA, focada nos interesses brasileiros, abriu um escritório comercial na China. Se lá a urbanização foi e será acelerada, que se aproveite o filão crescente da demanda por alimentos. 

É o caminho e a oportunidade face às vantagens comparativas de que dispõe a agropecuária nacional. O Brasil não contará com um país-cliente tão importante nas próximas décadas, como a China. Lá, entre os desafios elencados para a década vindoura, está o de reverter o aumento da crescente desigualdade de renda entre o campo e a cidade, bem como o de racionalizar a super exploração dos recursos naturais. Esses objetivos serão perseguidos com vigor peculiar daquele país, abrindo espaço para a produção brasileira. 

Só quem passou pelos horrores da Revolução Cultural, como Xi Jinping, supremo mandatário recém eleito, ao ser deportado para o campo morou dos 15 aos 22 anos numa caverna escavada em um barranco, sabe realmente o que fazer para o país não retroceder a tempos tão sombrios. 
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Rui Wolfart

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