Como as ferramentas de gestão melhoram os resultados no campo, por Por Carlos Eduardo Dalto

Publicado em 04/04/2017 14:41
Carlos Eduardo Dalto é professor da FGV, especialista em gestão do agronegócio.

O produtor rural tem se frustrado com os preços da soja. Ao plantar, a estimativa de preços era de alta e a saca girava entorno dos R$ 70 e poucos. Em alguns casos, acima de R$ 80,00. Agora, em plena safra, muitos se veem obrigados a vender parte da produção a preços abaixo de R$ 60,00 a saca, seja para honrar com os compromissos assumidos, seja pela dificuldade de armazenagem do grão.

É possível minimizar essas perdas? Ou os preços futuros continuam uma loteria?

Desde os anos 50 e 60, a economia tem buscado modelos matemáticos para ajudar a tomada de decisão, especialmente em relação a preços e valores futuros. A administração, não ficou atrás!

Os esforços de quem se debruça a entender os mecanismos que regem os mercados são muitos – dos modelos de previsão da variação do preço, aos que minimizam os riscos. Em termos do agronegócio, é fundamental que o produtor adote técnicas de gestão que reduzam o impacto da variação dos preços das commodities, já que não está sobre seu controle a precificação do seu produto. Elas podem garantir, além de melhores preços médios da safra, uma importante medida para minimizar a dependência de fatores externos e incontroláveis, especialmente no momento da comercialização do grão.

Um exemplo bem claro de uma dessas ferramentas é quando o produtor trava a venda de parte da sua produção lá no início, no momento da compra dos insumos – a modalidade de comercialização Barter.

Para ilustrar o quanto essa ferramenta pode conferir ganhos competitivos substanciais ao produtor, o exemplo desta safra é mais que suficiente. No momento em que muitos produtores fizeram suas compras de insumos, em 2016, as indústrias fornecedoras e trades ofertaram contratos de soja, valorizados, que chegavam até R$ 84,00 a saca. Hoje, o preço de venda está, em algumas regiões do país na faixa dos R$ 60,00. Uma diferença substancialmente alta que pode chegar a 30%.

Se o produtor tivesse firmado contrato de parte da sua produção, que represente o custeio, hoje estaria mais tranquilo e com fôlego financeiro para aguardar um momento mais propício e efetuar a venda da parte restante do grão. Uma alternativa que garantiria um preço médio muito mais atrativo e diminuiria o risco do negócio.

O produtor já tem consciência da importância de controlar seus custos, fazem planilhas de receitas e despesas, pechincham na hora de comprar seus insumos e racionalizam os recursos produtivos. A compreensão de que os meios de produção, como máquinas e equipamentos, reduzem os custos e melhoram a rentabilidade da fazenda está consolidada.

Agora, os novos desafios em campo é alcançar outros patamares em termos de gestão. Neste sentido, o BARTER, o gerenciamento estatístico da propriedade, o uso de sistemas de gestão para aprimoramento dos controles e resultados como o BIGDATA, as parcerias estratégicas com trades e fornecedores são as novas frentes que precisarão caminhar, lado a lado, aos moderníssimos pulverizadores de precisão, equipamentos computadorizados e variedades imunes às pragas e doenças. É a gestão estratégica que confere ganhos competitivos.

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Fonte:
Carlos Eduardo Dalto

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3 comentários

  • Joao Antonio Gomes Martins da Silva Bagé - RS

    Sugiro uma fórmula que funciona para mim. Nunca especular com 100%. Contratar entre 30% e 70%. Se na minha opinião o preço vai subir, contratar no mínimo 30%. Se penso que vai baixar, contratar no máximo 70%. Ser conservador com a quantidade a ser colhida. Sei que não é fácil fixar 30% com preço baixo, mas sabemos que sempre pode baixar mais. No final, é como na lavoura, o que vale é a média.

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    • carlo meloni sao paulo - SP

      JOAO ANTONIO isto e' bom senso---E' por ai mesmo

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    • Dalzir Vitoria Uberlândia - MG

      Mas BAH TCHE...Seu Joao de BAGÈ....parabens é isto aí...e saber discernir entre o que os analistas falam e o que é FACTIVEL..

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  • dejair minotti jaboticabal - SP

    As Traders agradecem a todos os senhores.

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  • Roberto Cadore Cruz Alta - RS

    Como fazer essas operações de compromisso de entrega de produto físico, se nós aqui no RS esperávamos por um verão de La Nina, conforme alguns especialistas anunciavam. Então, agora fica fácil dizer o quê deveria ter sido feito antes, mas eu lanço um desafio aos especialistas...vamos falar do futuro...faz de conta que eu já reservei para pagar o custeio, e o restante da minha produção, o quê fazer, vender agora ou esperar?...

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    • Cassiano aozane Vila nova do sul - RS

      Bem falado seu Cadore,eu também não fiz compromisso porque em 2005 tive comprar soja de outro produtor para honrar meu contrato ,com ágio ,depois do jogo jogado e fácil mostrar as cartas,mas nunca vamos ganhar de maioria ,pois os agentes do mercado como os fundos têm muito mais influência e poder pra mudar as posições. Quem ta na chuva se molha .

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    • FABIANO DALL ASTA Canarana - MT

      Minha opiniao é que deve trabalhar com relacoes de troca.

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    • FABIANO DALL ASTA Canarana - MT

      Quando as mesmas sao muito boas , deve fixar uma parte. Esse ano quêm nao fixou no minimo 30 % foi incompetente. Errou. Nao adianta ficar achando desculpa pra si mesmo. Milho a 40.00 em Carazinho ? Milho a 25.00 em Canarana ? Soja a 90.00 em Passo Fundo ?

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    • FABIANO DALL ASTA Canarana - MT

      A maioria de nós errou. O engraçado é que voce pergunta aos nossos colegas produtores. Ai se ouve : eu tava pescando. Eu estava colhendo milho. Eu estava viajando. Eu estava no sul. E por ai vai.

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    • FABIANO DALL ASTA Canarana - MT

      Cadore. Agora ta facil. Pode esperar que tem mais chance de subir 15,00 do que cair 15.00. Facil de fazer essa análise.

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    • FABIANO DALL ASTA Canarana - MT

      Vou exemplificar oquê aconteceu aqui na minha cidade. A Bungee ofereceu contrato de milho a 25.00 em meados de julho de 2016. Tinhamos custos todos definidos. Nesse preço a safrinha é muito remuneradora. Era só fixar no minimo 50 %. Mas 5 % vendeu.

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    • BARTOLOMEU ROGERIO RODRIGUES NETO Jataí - GO

      Já pararam pra pensar que todos os anos esse discurso é o mesmo, porque quando o produtor adquirir os insumos para safra já não trava seus custos ? ou seja, custo de produção "X " e preço do produto "X", ele já tem essa conta feita, dai e só preocupar em produzir, acredito que isso evitaria transtornos nessas incógnitas que o mercado pode oferecer, feito isso dai é só especular e esperar o melhor momento para travar os restante da produção, mas produtores tem medo do que pode acontecer com clima, vai chover ou não, isso não importa os custos para produzir já estão feito, ou seja, chovendo ou não chovendo ele já tem essa obrigação a cumprir, estou dizendo isso porque todos os anos eu ouço esse discurso de alguns produtores.

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    • Roberto Cadore Cruz Alta - RS

      Sr. Bartolomeu, há maioria dos travamentos antecipados de soja no RS, ao chegar no vencimento, tem preços inferiores aos preços do dia, então na maioria dos anos, quem travou antecipado, perdeu. Isso é fato. Tínhamos seca anunciada, e isso desmotiva os produtores a fechar esse tipo de contrato por medo de não ter todo o produto para entregar e ser penalizado com multa. Nesse ano, tenho soja travada a R$84,00 para 28/04/17 e também a R$80,00/sc. Mas e quanto ao futuro, sugere especular e esperar o melhor momento, concordo, mas sei que o melhor momento só se vê pelo retrovisor, ou seja, o melhor momento só é apontado no passado, nunca no futuro.

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