A guerra de Bolsonaro pelo Brasil - Os próximos passos IV, por Antonio Fernando Pinheiro Pedro

Publicado em 26/12/2018 14:00
Antonio Fernando Pinheiro Pedro é advogado (USP), jornalista e consultor ambiental. Sócio diretor do escritório Pinheiro Pedro Advogados. Integrante do Green Economy Task Force da Câmara de Comércio Internacional, membro do Instituto dos Advogados Brasileiros – IAB e Vice-Presidente da Associação Paulista de Imprensa - API. É Editor-Chefe do Portal Ambiente Legal e responsável pelo blog The Eagle View.

 

Parte 4: A batalha pela educação contra a pedagogia da derrota

A eleição de Jair Bolsonaro representa a primeira vitória de uma longa série de batalhas, na assimétrica e multifacetada guerra que travará contra o establishment.

O objetivo deste artigo, o quarto da série (*1), e de outros que se seguirão nos próximos dias, neste Blog, é compreender a natureza e a extensão das frentes de batalha que se avizinham. 
Abordaremos o que demandará atenção nos primeiros momentos da formação da "cabeça de ponte" de Jair Bolsonaro, para consolidar a posição obtida nas urnas, ao aportar na cidadela de Brasília tomada ao inimigo. 

Por óbvio que não pretendemos esgotar os assuntos ou esmiuçar planos de governo. A ideia é contribuir para a compreensão geral dos desafios, que de toda forma nos afetam também. 

A Frente de Batalha Pela Educação

No teatro de operações da guerra pela reconstrução nacional, o primeiro grande esforço estratégico do governo Bolsonaro deverá se concentrar no desaparelhamento ideológico da gestão educacional e no combate à pedagogia da derrota. (*2)

A primeira medida deverá demandar a inteligência de estado, pois não se fará a remoção dos aparelhos sem que ocorra a desintrusão dos responsáveis pela inoculação do transtorno cognitivo  esquerdizóide na formação dos alunos - do ensino básico ao superior. 


1) A base do Transtorno Cognitivo é a Escola de Frankfurt

Na gestão da política educacional brasileira, os liberticidas sempre dissimularam sua ação adotando mecanismos burocráticos de "convivência crítica e democrática". Um jogo de sinais trocados aperfeiçoado pela Escola de Frankfurt. 

A Escola de Frankfurt representou enormes ganhos no campo da filosofia e da psicologia. Porém, como o ovo da serpente, fez eclodir mundo afora, o transtorno cognitivo leninista que trazia consigo. Pior: seus teóricos adicionaram aspectos culturais à luta pela implementação da ideologia marxista, produzindo um verniz enganador à causa, que dissimula seus efeitos nefastos e desagregadores no campo educacional.

Essa escola doutrinária está na base do processo de "encriptação" do currículo nacional - difícil de identificar, fácil de dissimular. 

Não por outro motivo, há quem identifique nesse processo verdadeira psicopatia induzida. (*3)

Vamos às origens: 

Em 1919, Georg Lukács, expoente pioneiro dessa escola, lançou no ar a pergunta: "Quem nos salvará da civilização ocidental?".

Lukács foi comissário da cultura no governo bolchevique de Bela Kun, na Hungria, onde implantou um programa de "cultura do terror". Lukács introduziu um programa radical de sexualidade em todas as escolas, aplicando pioneiramente, os primórdios dopoliticamente correto...

Lukács tentou minar a "unidade familiar" - vista por ele como célula da repressão burguesa. A desagregação da unidade familiar era, portanto, o alvo de sua "educação sexual". 

O trabalho tinha como objetivo a juventude, pois derivava da lógica que "é mais difícil converter um adulto ou pedir-lhe para fazer algo, se ele foi educado para fazer o contrário".

O resultado só não foi desastroso, porque o governo de Bela Kun foi um desastre maior... e breve.

Embora o governo "soviético" de Bela Kun tenha durado semanas, a lógica de Lukács remanesceu. Para Lukács,  "o pensamento livre, é um grande pecado".

Seguidor de Luckács,  o professor Herbert Marcuse, um expoente da escola de Frankfurt, exilado nos EUA, desenvolveu um ensaio sobre intolerância repressiva, no final dos anos 60. 

Marcuse foi adiante de Lúckács e sua desagregação da família pela desconstrução da sexualidade. Ele dedicou-se a desenvolver a intolerância política como forma de desconstrução da liberdade de opinião. 

Marcuse usaria a arma da intolerância justamente contra o pluralismo democrático, que lhe permitia desenvolver essa figura liberticida. Ele argumentou que, por haver tolerância a diferentes crenças, "não havia ação", pois cada crença seria, então, igualmente importante...

Esse "dilema" foi o mote para que se desenvolvesse, então, ateoria das certezas absolutas no campo da "correção política". Essa foi a base doutrinária do comportamento politicamente correto, adotado oficialmente nos EUA, a partir do governo Clinton, urdido justamente na Universidade de Columbia, a mesma que acolhera Marcuse e os demais expoentes exilados da Escola de Frankfurt.


2) A escola de intolerância do politicamente correto

Se você possui uma noção tolerante do que é politicamente correto, então, em seguida, você pode ser intolerante com aqueles que não o são. Os sinais trocados emitidos por esse aleijão cognitivo têm consequências terríveis para várias gerações de estudantes, em todo o mundo, em especial no Brasil. 

Aparentemente "libertário", o raciocínio é, na verdade, liberticida. Serve de  "licença"  aos esquerdistas, para negarem a liberdade de expressão àqueles com os quais eles não concordam.

O gatilho cognitivo distorcido, reforçou o marxismo cultural que forma a base do comportamento politicamente correto, ressuscitando a tirania de pensamento em plena era das liberdades. 

O mecanismo  reprime o uso da razão, tolhida pelo discurso emocional da vitimização e do ódio, que gera condutas liberticidas. Esse mecanismo forma a base educacional que alimenta grupos de pressão voltados para a derrota social - gente que se vitimiza enquanto prega a intolerância reversa, e nada mais agrega ou agregará no campo da cultura, do conhecimento técnico, do desenvolvimento humano, etc... 

Como leciona a Professora Marilene Nunes, "as universidades e as escolas públicas ao invés de produzirem conhecimento se tornaram madrassas onde se inculca o catecismo ideológico. O resultado é a formação de uma geração não pensante cujo discurso é só contradição e incoerência".(*4)

É assim que nossas escolas produzem cada vez menos cientistas e cidadãos e, cada vez mais, ativistas desprovidos de valores básicos para o exercício da cidadania.

3) O Currículo Oculto

A advogada Edna Uip, em alentado artigo (*5), ao analisar um documento do Partido dos Trabalhadores, no governo Dilma Rousseff, identificou o currículo oculto na formação escolar governamental, da forma seguinte: 

"Anthony Giddens (Sociologia, 6ª. edição, pg. 592) trata do currículo oculto, baseando-se em diversos outros teóricos do tema: 

'O currículo envolve uma mistura bastante aleatória de informações sobre uma variedade de temas, que gera confusão em vez de conhecimento e entendimento genuínos. As escolas ensinam as crianças a aceitar o status quo, a conhecer seu lugar dentro da hierarquia de classe e a prestar deferência aos seus superiores.'

(...) O condicionamento escolar destina-se a  submissão a interesses não acessíveis a mente consciente; impossíveis, portanto, de contestar.

A consequência é o caminho crédulo do cumprimento da  função social, a felicidade na subserviência à programação,  o conforto em sentir-se incluído.

Documento do PT

(...) não imaginava que fosse me deparar com um projeto que previsse este condicionamento de forma tão escancarada, a materialização do fim das opções, o embotamento cerebral, o individuo utilizado como meio de fins que não conhece.

Ontem me deparei com as “Resoluções Políticas” elaboradas nesta segunda feira pela direção nacional do PT. O documento é trágico.

Pouca diferença se de esquerda ou de direita; uma vertente fascista, o ideal totalitário explícito como se oposição não considerasse ter.

Destaco o item que trata da educação:

'g) ampliar a importância e os recursos destinados às áreas da comunicação, da educação, da cultura e do esporte, pois as grandes mudanças políticas, econômicas e sociais precisam criar raízes no tecido mais profundo da sociedade brasileira;'

O que seria isto se não o currículo oculto? Por que estaria inserido em Resoluções Políticas de um governo cujo partido está em seu quarto mandato consecutivo? Qual o projeto de poder que se esconde por trás deste item e de todos os outros de um documento que fala de hegemonia?

O que há de mais radical do que uma hegemonia oriunda do condicionamento compulsório das massas estudantis?

Estas Resoluções, para mim, não são o preparo de um golpe, são o golpe em si. Quando a página do partido no Facebook ostenta em sua capa “MILITÂNCIA, ÀS ARMAS!”, mesmo que no corpo do texto a que remete esteja dito que as armas são argumentos, a mensagem que fica é outra, tão ou mais poderosa do que uma subliminar.

Medo, muito medo. Polarização e endurecimento geram o mesmo peso do outro lado da balança. Ontem, no 'Entre Aspas' da Globonews, um professor de ética da Unicamp declarou existirem 'cem mil neonazistas no Rio Grande do Sul'. Em São Paulo 'centenas de milhares de indivíduos pedem, nas redes sociais, intervenção militar, escrevem longos posts explicando porque intervenção é diferente de ditadura e, a seguir, pedem apoio para este ou aquele General'.

Tudo muito perigoso. O projeto de poder, é isto que deve ser visto, avaliado, temido. O projeto de poder do PT que, como o currículo oculto das escolas está se inserindo no nosso cotidiano e no nosso ideário, levando para o rumo de quem o elaborou e que faz acordos com quem o fortalecerá em bloco, está fomentando a polarização.

Isto poderá crescer, recrudescer. Nesse momento não haverá quem a controle."


O alerta de Edna Uip chama atenção. 

Dentro do conceito de conflito assimétrico, quadros gerados em meio a essa sociopatia delirante, tornam-se perfeitos instrumentos, aptos a produzir barbaridades sob o pretexto da "culpa sobre o outro", da vitimização face às "injustiças sociais", ou por conta das imperfeições típicas da sociedade pluralista e democrática - que todo sociopata odeia.

4) A inversão do esforço pedagógico

A distorção inoculada desde o ensino básico, é blindada pela filtragem ideológica protagonizada na formação dos docentes, na academia. 

Desde o governo FHC, por conta da enorme defasagem acadêmica encontrada no sistema superior de ensino nos anos 90, a priorização do governo foi o aperfeiçoamento e o estimulo à  criação de cursos de graduação, e pós graduação como critério para a constituição dos primeiros.
A externalidade desse esforço foi a burocratização da atividade acadêmica. Criou-se um apego sistêmico à titulação como forma de hierarquizar a política de ensino no Brasil.  

Isso conferiu status psicológico à burocracia encastelada nas universidades públicas, retroalimentando todo o íter sociopata acima descrito. Não por outro motivo, a carreira acadêmica nas universidades públicas é permeada por indivíduos cognitivamente burocratizados, que se agarram a formas "excludentes" de segregação acadêmica, buscando afirmação. 

O efeito é perverso: a crescente burocratização do ensino superior, é retroalimentada financeiramente, em detrimento da valorização dos verdadeiros mestres do sistema educacional - os professores do ensino básico, secundário e de nível técnico - que formam os cidadãos.

COMO MUDAR? 
5) Valorizar o professor

Coreia do Sul e a China são exemplos de países onde o trabalho dos professores é valorizado tanto pela sociedade quanto por políticas governamentais, o que representa  um elemento fundamental na melhoria da performance dos alunos. 
Diz a OCDE que "em países asiáticos, os professores possuem uma real autoridade pedagógica. Alunos e pais de estudantes não contestam suas decisões ou sanções". 
Ora, os salários de fome, turmas desinteressadas e infraestrutura precária não são nada em termos de desastre, perto da falta de autoridade pedagógica  imposta pela estrutura distorcida da gestão educacional aos professores. 

Com efeito, não sendo valorizada a profissão pelo poder público e pela a sociedade, por mais que o mestre ame o que faz, permanecerá hipossuficiente e acuado. Assim, cria-se um círculo vicioso de desrespeito e desmotivação que culmina no sucateamento do ensino que vivenciamos hoje em dia.
Assim, a saída para quebrar o circuito da mediocridade e superar a pedagogia da derrota, a saída é DESMONTAR A ARMADILHA COGNITIVA. o CURRÍCULO OCULTO e a BUROCRACIA ACADÊMICA, na política educacional brasileira, por um lado,  e VALORIZAR O PROFESSOR, a partir do ensino básico, conferindo a este a autoridade pedagógica, o devido respeito e adequado tratamento social.
Mais que a "escola sem partido", deve haver um esforço no novo governo para instituir um estatuto do magistério que retire o termo MESTRE, da mera qualificação acadêmica,  para torná-lo forma de tratamento efetiva aos que se dedicam a ensinar.  
O governo ganharia muito mais se orientasse seus esforços em construir um estatuto do professor que o valorizasse como ente social, dentro e fora da sala de aula. Instituísse um regime disciplinar que impusesse respeito ao mestre. 
É, portanto, necessário um marco legal que reconheça o professor  como elemento essencial ao Estado. 
Talvez, assim, saíssemos todos desse patamar de ensino abaixo da média da mediocridade mediana.

6) Ensinar os valores e enxugar o currículo

A pedagogia da derrota se inicia com a desvalorização do patriotismo (*6), da moral e do civismo. 

Assim, é necessário, já no ensino básico, reintroduzir no currículo noções de cidadania, patriotismo e organização do estado brasileiro. É preciso que se valorizem os símbolos nacionais e a história do Brasil, antes de criticá-la...

O enxugamento do currículo escolar deverá, obviamente, valorizar a  educação física - verdadeira arma moral, desde a antiga grécia, fundamental para inocular no jovem a compreensão da natureza da meritocracia, da lealdade, do espírito de equipe, e afastar de seu ambiente a discriminação, o rancor e o vitimismo. 

Assim, educação física, matemática, português, história, geografia, biologia, inglês e educação musical, bem como física e química, voltarão a constituir o núcleo de matérias importantes para a formação escolar, sem adjetivos...

7) Limpar a estrutura

Além de combater duramente o academicismo perverso e o aparelhamento ideológico no ensino superior, o novo governo deve corajosamente pensar em REDUZIR o número de universidades federais, encerrar cursos absolutamente inúteis, e revisar completamente o exame nacional - ENEM. 

O reforço ao ensino técnico e profissionalizante é de fundamental importância, bem como o resgate da MERITOCRACIA, desde o ensino básico. 

Essas medidas não se farão sem que se adote pulso muito firme.

O Brasil, porém, irá agradecer. 

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The Eagle View

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