O Pós-Eleições
constatação de que os temas de interesse nacional, que deveriam fazer parte deste debate substantivo para construção de um PROJETO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO, foram relegados a um segundo plano nesta eleição.
A vitoriosa candidatura governista foi construída a partir de uma conjuntura internacional extremamente favorável para a nossa economia (período pré-crise global), medidas para aumentar o consumo e o crédito internos, reduções pontuais de impostos sobre alimentos e bens de consumo, além de um bem sucedido programa de transferência de renda.
Com maior poder de compra, empregos formais em alta, a maioria dos eleitores votou pela continuidade, tendo ainda o Presidente como “maior cabo eleitoral”, buscando sempre uma campanha com tom plebiscitário, na qual o olhar para trás acabou por inibir as discussões do futuro!
Por outro lado, faltou à oposição esclarecer que o bom momento atual não é fruto de milagre nem magia, mas o resultado de processos que têm uma história, iniciada pelo ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso, há 16 anos, com o Plano Real, a Lei de Responsabilidade Fiscal, etc.. Além de cobrar que estes fundamentos bem sucedidos fossem mantidos e aprimorados.
Apesar de contarmos com um candidato reconhecidamente com mais experiência administrativa, caímos na “_armadilha plebicitária_” governista, em provocações e deixamos que temas
religiosos e de colunas policiais tomassem conta do período eleitoral e assim não apresentamos nossa pauta, fomos simplesmente reativos!
Todavia, é importante destacar que a oposição eleitoralmente reagiu, sai da eleição sem a Presidência, mas governando dez Estados, que reúnem mais de 50% da população brasileira. Na
Câmara dos Deputados o bloco governista contará, a princípio com 372 dos 513 deputados, enquanto no Senado, terá 58 senadores e 22 da oposição. Mesmo definidos como “_governistas_”, sabemos que a formação de uma base aliada não se dará por decreto e dependerá muito de como o novo governo enfrentará os desafios que virão e a
oposição deverá ter sabedoria para lidar com as contradições deste bloco, estabelecer avanços, “fazer política”.
Por isso, mais do que chorar uma derrota, acredito que o momento deve servir para os partidos de oposição demonstrem os compromissos assumidos com o Brasil, restabeleçam seus vínculos
sociais, reafirmem seu perfil e apresentem claramente suas bandeiras. Propus isto ao PPS e aos demais partidos da oposição.
Afinal, pairam muitas dúvidas sobre como a nova presidente vai enfrentar o desaquecimento da economia global pós-crise, o aumento recorde dos gastos públicos, a inflação que superou as metas do Banco Central, a valorização excessiva do real que ameaça as exportações, indústrias e empregos. Isso só para ficar na área econômica, sem mencionar outros gargalos históricos.
Cabe-nos fiscalizar o novo governo, denunciar o mau uso do erário público, punir os seus responsáveis, além de termos sabedoria em lidar com as contradições do poder para estarmos abertos a alianças momentâneas em torno de projetos de interesse da nação.
Mais do que isto, definir nosso espaço ideológico e não tenho dúvidas de que uma real e clara opção de POLíTICA SOCIAL DEMOCRATA necessita ser apresentada à sociedade. Para isto devemos contribuir!
Particularmente, o Congresso Nacional tem uma grande dívida com a sociedade, principalmente em virtude das reformas estruturais e estruturantes que foram deixadas de lado pelo Governo Lula, tais como: as reformas POLíTICA, PREVIDENCIáRIA, TRIBUTáRIA e do próprio ESTADO.
Também precisamos ser propositivos no sentido de oferecer UMA PORTA DE SAíDA PARA A POPULAçãO QUE SOBREVIVE DOS PROGRAMAS ASSISTENCIALISTAS federais, assim como, reafirmamos A DEFESA DO MEIO AMBIENTE, a QUALIDADE DOS SERVIçOS PúBLICOS oferecidos à população, a POLíTICA DE DEFESA/SEGURANçA e o TIPO DE LIDERANçA QUE O BRASIL DEVE DESEMPENHAR NO MUNDO.
Portanto, a próxima presidente terá sérios desafios econômicos de curto prazo, para conduzir políticas que contribuam para a sustentabilidade do atual ciclo de crescimento, e outros desafios
sociais, como educação, saúde e segurança pública, de médio e longo prazos, que exigirão da candidata eleita uma VISãO MAIS DE ESTADISTA do que de chefe político ou de uma facção partidária.