Breve retrato do Brasil

Publicado em 08/06/2011 11:51

Em todo o território nacional, só  três coisas funcionam: a coleta de impostos, o narcotráfico e o agronegócio, que  tapa o rombo aberto pelos outros dois e é, por isso mesmo, o mais odiado, o mais  xingado dos três.

 O Foro de São Paulo, aquela entidadezinha que segundo os eminentes bambambãs  do jornalismo brasileiro não tinha importância nem força nenhuma, aquela  organização fantasmal na qual só os paranoicos enxergavam alguma periculosidade,  domina agora metade da América Latina e não dá o menor sinal de cansaço na sua  marcha para a conquista do continente inteiro.

 No Brasil, os partidos de direita agonizam. Seus líderes se afobam e se  atropelam na pressa obscena de mostrar subserviência ao vencedor. O homem que  entre sorrisos de autossatisfação elevou a dívida nacional à casa dos trilhões,  desgraçando as gerações futuras para ganhar os votos da presente, continua sendo  aplaudido como o salvador da nossa economia e prepara seu reingresso triunfal no  Palácio do Planalto. Denunciado à Justiça como corrupto e corruptor, ri e  aposta, como um ladrãozinho qualquer, na lentidão dos tribunais, que não o  pegarão em vida.

 Os bandos criminosos, treinados e armados pelas Farc - por sua vez amparadas  pela benevolência oficial -, matam 40 mil brasileiros por ano e, pela força  desse exemplo, mantêm inerme e cabisbaixa uma população à qual o governo sonega  tanto a proteção policial quanto os meios de autodefesa. Nas escolas, as  crianças aprendem a cultuar a sodomia e a desprezar a gramática, só fazendo jus  aos últimos lugares nos testes internacionais pela razão singela de que não há  um lugar abaixo do último.

 As indústrias chamam técnicos do exterior, porque das universidades  brasileiras não vem ninguém alfabetizado. Em todo o território nacional, só três  coisas funcionam: a coleta de impostos, o narcotráfico e o agronegócio, que tapa  o rombo aberto pelos outros dois e é, por isso mesmo, o mais odiado, o mais  xingado dos três.

 Os juízes usam a Constituição como papel higiênico e a única ordem jurídica  que resta é a prepotência dos grupos de pressão subsidiados por fundações  estrangeiras. As Forças Armadas se aviltam, respondendo a cusparadas com muxoxos  e rastejando ante os que as desprezam.

 A alta cultura desapareceu, há trinta anos não surge um escritor digno desse  nome; as poucas mentes criadoras que restam fogem para o exterior ou definham no  isolamento, o simulacro de pesquisa científica com que as universidades sugam  bilhões de reais do contribuinte nada produz que valha a pena  ler.

 Uma ortografia de loucos acabou se impondo como lei, assinada, e não por  acaso, por um presidente analfabeto. Um palhaço iletrado que se elegeu por  gozação é nomeado, na Câmara, para a Comissão de Cultura, um cargo para o qual,  com toda a evidência, não se requer cultura nenhuma.

 Nas discussões públicas, as mentes iluminadas de comentaristas e acadêmicos  se dispersam em mil e um detalhes fúteis, ostentando falsa esperteza sem jamais  atinar com a forma geral do processo histórico que toda semana as desmente e as  ridiculariza. E quanto mais erram, mais inteligentes parecem a um público que  elas próprias emburreceram precisamente para isso.

 Em suma, está tudo exatamente como há décadas venho anunciando que ia estar,  e só me resta o consolo amargo de ter tido razão onde o erro teria sido mil  vezes preferível. O povo mostrou-se incapaz de controlar seus governantes, os  governantes incapazes de controlar seus mais baixos instintos, a elite  nominalmente pensante incapaz até mesmo de acompanhar o que está acontecendo,  quanto mais de prever o que vai acontecer em seguida.

 O Brasil está dando um espetáculo de inconsciência, de insensibilidade, de  sonsice irresponsável como jamais se viu no mundo. É um país que vive de  mentiras autolisonjeiras enquanto naufraga em caos, sangue, dívidas e  abominações de toda sorte.

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Fonte:
Olavo de Carvalho

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