Análise: Fórum do USDA surpreende e traz área menor de soja nos EUA em 2015

Publicado em 23/02/2015 18:09
por Flávio França Junior (Analista de Mercado, Consultor em Agribusiness e Diretor da França Junior Consultoria)

Prezados amigos.

A semana foi marcada pela realização do Fórum Outlook de abertura da temporada 2015/16 pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA na sigla em inglês) e algumas informações importantes trouxeram impactos sobre o mercado nos últimos dois. Entretanto, é importante lembrar que estes dados são referentes a estimativas preliminares do USDA, sem levantamento de campo. Por esse motivo serve mais com um indicativo preliminar do pensamento dos técnicos do departamento do que qualquer outra coisa. O primeiro levantamento de campo para a nova safra nos EUA, que é a Intenção de Plantio, será divulgado apenas no dia 31 de março. O plantio do milho começa em abril e o da soja em maio.

Posto isso, vamos analisar as principais informações divulgadas nessas projeções para a soja, milho e trigo. Começando pela soja, a principal informação divulgada foi a projeção de área em 33,79 milhões de hectares para esta nova temporada. Esse número surpreendeu o mercado e trouxe impacto positivo para as cotações no mercado de futuros da Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT na sigla em inglês) na quinta-feira, uma vez que todas as previsões privadas divulgadas anteriormente trabalham com aumento da área de soja sobre os 33,87 mls de ha da safra atual. Entretanto, há que se ter cuidado com essa informação, que pode facilmente ser modificada já no relatório do dia 31 de março. Vale lembrar aqui que em 2014, o mesmo Fórum abriu o ano estimando a área 2014/15 em 32,17 mls de ha, 1,7 milhão de ha abaixo da área efetivamente cultivada. Por esse motivo, a França Jr continua trabalhando com área de 34,80 mls de ha para os EUA em 2015.

Na sexta-feira foram divulgadas as informações complementarem dessa projeção para a nova temporada, completando o quadro de oferta & demanda nos EUA. Começando pela produção em 103,42 milhões de toneladas, que em nossa opinião está um pouco subestimada (ao contrário da área), como se já considerasse alguma perda de produtividade em função de problemas climáticos. Esse volume, se confirmado, ficaria bem abaixo dos 108,02 mls de t da safra colhida em 2014, e levaria em conta uma produtividade média de 3.080 kg/ha, bem inferior aos 3.215 kg/ha do resultado deste último ano. A estimativa da França Jr aponta atualmente 106,79 mls de t, considerando rendimento médio de 3.094 kg/ha.

Levando em conta a projeção de exportações subindo 2%, de 48,72 mls para 49,53 mls de t, e de processamento subindo 2,5%, de 48,85 mls para 50,08 mls de t, o quadro divulgado pelo USDA tem como resultante estoques finais de 11,70 mls de t para 2015/16, superiores em 12% aos estoques de 10,48 mls de t da safra atual. Acompanhando o raciocínio do parágrafo anterior, entendemos que esse volume também parece conservador, e a estimativa da França Jr trabalha com volume um pouco maior, de 14,81 mls de t. Apesar de informações consideradas conservadoras, esses números de produção e de estoques acabaram trazendo pressão para o pregão da CBOT na sexta, pela percepção do mercado que todo o conjunto de números pode acabar sendo revisados para cima. E que os números divulgados para a oferta & demanda não são compatíveis com a projeção de preço médio para o produtor dos EUA de apenas US$ 9.00/bushel, contra US$ 10.20 da safra atual.  

No caso do milho, os números divulgados no Fórum foram bem menos impactantes para o mercado de futuros da CBOT. Na quinta subiu pela área menor, mas, principalmente, em simpatia com a soja. Mas na sexta acabou realizando lucros, também acompanhando a oleaginosa. A divulgação de área em 36,02 mls de ha não ficou muito distante da expectativa padrão de mercado, pois confirma um ligeiro recuo sobre os 36,67 mls de ha da safra atual. Já na produção, mesmo com o corte de área, a previsão também pareceu excessivamente conservadora, só acontecendo em condições de alguma perda de produtividade. O volume foi avaliado em 345,33 mls de t, contra 361,11 mls do ano atual. O mesmo sentimento de subestimação vale para os estoques finais, avaliados em 42,85 mls de t, contra 46,41 mls de t da atual temporada. Mesmo acreditando que esses números de produção e estoques possam ser um pouco maiores, entendemos que a projeção de preço médio ao produtor dos EUA em US$ 3.50/bushel, abaixo dos US$ 3.65 do ano atual, está subavaliada.

Por último, no caso do trigo, vimos a divulgação de números pelo USDA mais próximos de nossas estimativas, portanto, com impacto mais reduzido sobre o mercado de futuros da CBOT. Desse modo as cotações subiram na quinta em simpatia à soja e ao milho, e pela previsão de redução na área total. E caíram mais forte na sexta, não tanto pela safra e estoques maiores, mas principalmente pela notícia de que o Egito comprou trigo da França e da Romênia, em detrimento do trigo norte-americano. Vamos aos dados principais: área total nos EUA de 22,50 mls de há, contra 22,99 mls do ano atual. Considerando o recuo já efetivado na área de inverno, implica em aumento da área de primavera. A produção total foi avaliada em 57,83 mls de t, contra 55,14 mls do ano atual. E os estoques finais em 20,77 mls de t, contra 18,83 mls de t. De todo o modo, na mesma linha dos comentários feitos para a soja e para o milho, acreditamos que a projeção de preço médio ao produtor dos EUA em US$ 5.10/bushel, abaixo dos US$ 6.00 do ano atual, também está subavaliada.

Um “AgroAbraço” a todos!!!

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França Junior Consultoria

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