Fala Produtor - Mensagem

  • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC 20/07/2019 06:56

    Hoje vou escrever sobre risco financeiro na agropecuária... A agricultura é uma atividade de alto risco (a pecuária também, embora menos). Acredito que não preciso explicar a ninguém aqui sobre esses riscos... Numa comparação com um funcionário público, por exemplo, estes não possuem riscos. Recebem seus proventos chova ou faça sol, como diz o ditado.. isso no mundo todo.. no Brasil, porém, o estado se encarregou de estender esses privilégio aos funcionários da iniciativa privada também. Quando um empregador assina uma carteira de trabalho, carteira essa que de trabalho não tem nada, ele está assinando um contrato não com a pessoa que contratou, mas com o estado, que o obrigará a cumprir o que foi contratado (mas somente da parte do empregador, nunca do empregado)... Isso, de certa forma, é uma garantia de que se o sujeito ficar por ali, de papo para o ar, esperando o tempo passar, mesmo assim seus rendimentos estarão garantidos. E garantidos pelo estado, assim como os privilégios dos funcionários públicos... Alguns produtores rurais também querem essa garantia por parte do estado, desde que financiados por dinheiro público (afinal esse mesmo estado tem obrigações com eles, assim é que pensam.. Dizem, "eu comprei uma máquina de um milhão e cacetada e agora o governo, o estado, a sociedade, são obrigados a me manter")..., ou, mesmo que tenha comprado vacas, porcos, ou construído aviários, todos estão atrás de garantias de lucro, como se fosse possível que todos vivessem às custas de alguns. Enfim, querem afastar a possibilidade de riscos (perdas) na atividade com o dinheiro dos outros (sociedade)... Não que não deva existir mecanismos de proteção contra os riscos, mas que essa proteção não se estenda àqueles que ficam em uma situação ruim por falta de gerenciamento desse mesmo risco. Ou, pior, que essa garantia venha do dinheiro dos outros (ou do orçamento publico, que é pior)...... Quando alguém leva em conta o tamanho do risco, agindo com responsabilidade, evidentemente que não arrisca tanto - para não ficar sujeito aos humores do tempo, do preço, etc... A não ser quando o sujeito está suficientemente forte para aguentar uma "paulada", vamos dizer assim... Mas o pior é que os irresponsáveis é que estão hoje arrotando grosso, as nulidades é que empinam os narizes, os desonestos é que estão cheios de orgulho e arrogância. O que é mais fácil tolerar? A arrogância dos capazes ou a arrogância dos incapazes? Acho que nunca, em país nenhum, a frase atribuída a Maquiavel fez tanto sucesso..."os fins justificam os meios"...

    Sou partidário da idéia de que, quem não tem, deve ir construindo aos poucos.., e muitos pais devem olhar com tristeza o comportamento dos filhos por causa disso, pois sabemos que não é fácil ir juntando de um em um. Para isso é preciso um espirito forte e alegre. Infelizmente nosso país, ou melhor, nossa população foi perdendo aos poucos essa noção para ceder à outra que proclama que mais fácil e melhor é pegar dinheiro emprestado. Nosso país foi construído assim, pelos iluminados pelo brilho do dinheiro público. Por aqueles que "acreditam", que desprezam o risco sem acreditar que isso pode ser gerenciado. Quantos não conheço que desprezando o risco, puseram todas as suas fichas na soja e fracassaram, e poucos que apelando ao dinheiro público conseguiram sair bem apesar de toda a incompetência que possuem? Já vi produtores em grandes dificuldades devendo pouco e não podendo pagar naquela hora e produtores que não podiam pagar tudo o que deviam nem em dez vidas, com os últimos se saindo melhor graças aos bancos públicos e seus burocratas que desde sempre premiaram os incapazes. Estou entre aqueles que acreditam que só podem ser premiados aqueles que arriscam somente o que podem arriscar, os que põe a pele em risco, mas não toda a pele.

    São como os sofistas que foram desmascarados por Santo Tomás de Aquino, que provou que nenhum bem pode vir do mal. E isso é o que cresci vendo no Brasil, cada um querendo impor sua própria noção de justiça sobre os outros, mas como disse o Aquinate, nenhum bem pode vir do mal. A única exceção no mundo é aquele que disse..."Fazei e obedecei, portanto, a tudo quanto eles vos disserem. Contudo, não façais o que eles fazem, porquanto não praticam o que ensinam. Eles atam fardos pesados e os colocam sobre os ombros dos homens. No entanto, eles próprios não se dispõem a levantar um só dedo para movê-los.

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