Fala Produtor - Mensagem

  • JOSÉ DONIZETI PITOLI CORNÉLIO PROCÓPIO - PR 17/03/2020 22:23

    COVID-19 - UM CONVITE PARA QUE O BRASIL REVEJA SUA POLÍTICA DE INCENTIVO À PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA, A PRODUÇÃO INDUSTRIAL, DE SAÚDE E POLÍTICA DE FORMAÇÃO DE ESTOQUES ESTRATÉGICOS:

    O mundo inteiro está voltado para o avanço e a expansão alarmante do coronavirus, agora denominado COVID-19. Sua nocividade ultrapassou as fronteiras da medicina, avançou sobre o setor industrial e produtivo, sobre os mercados financeiros e agora põe em risco as políticas públicas relacionadas à saúde exigindo que os países e a nação brasileira redobre suas políticas e investimentos nas áreas da saúde, as leis e normas sanitárias e principalmente a formação de estoque estratégico num eventual período de carestia.

    Nesta terça-feira (17), o dólar encerrou o dia valendo R$ 5,002 depois de atingir a máxima de R$.5,048 no dia anterior, quando acumulou alta de 4,96%. Mas o mercado não explica claramente a alta ocorrida, das análises apresentadas pude observar que o câmbio caminha na contramão do mercado, o motivo seria que muitas empresas exportadoras tiveram seus volumes de exportação reduzidos e com isto buscam cobrir seus compromissos de exportação com a aquisição no mercado das operações denominadas de "performance".

    Daí, se o governo federal quiser frear o câmbio terá que estender o prazo de vencimento dos contratos de exportação que estão em aberto em razão do pane econômica causada pelo COVID-19. Porque, se de um lado o dólar dispara, algumas das commodities agrícolas dispararam também, tanto para a safra atual, quanto para a safra nova, garantindo muitas oportunidades e também prejuízos aos produtores brasileiros. Se de um lado o produtor tem um aparente ganho com a venda do que lhe resta da safra atual, do outro lado há um aumento nos custos de aquisição de insumos para a safra futura. É o velho ditado: "É do couro que se extrai a correia ou o xicote"

    Os indicativos de demanda pela soja brasileira continuam forte e com o dólar alto o produto nacional se mostra ainda o mais atrativo para os importadores, pois as cotações do mercado internacional "Bolsa de Chicago", registram os menores níveis de preços dos últimos 10 anos.

    Uma coisa é interessante frisar, os analistas quando definem suas recomendações pontuam 06 regras consideradas de ouro, para indicar e dirigir os investidores nas aplicações, são elas:

    1 - Volume (nesta visão são considerados o total de negócios do período - isto pode ser em 01 dia ou 01 semana ou 01 mês - é o período analisado):

    1.a) - Volume de negócios aumentando - indica fator de alta;

    1.b) - Volume de negócios diminuindo - indica fator de baixa;

    2 - Contratos em aberto (Open Interest):

    2.a) - Contratos em aberto aumentando, com preço subindo - Indica tendência de alta consolidada;

    2.b) - Contratos em aberto diminuindo, com preços subindo - Indica tendência de baixa;

    2.c) - Contratos em aberto aumentando, com preços caindo - Indica tendência de alta nos preços;

    2.d) - Contratos em aberto diminuindo, com preço caindo - Indica baixa consolidada ou seja, que os preços podem cair ainda mais.

    Assim se observarmos os rumos do mercado vemos que a direção está avessa ou caminha sem rumo, num indicativo claro de que algo está errado com os mercados, pois caminha na direção contrárias às regras criadas pelo próprio mercado. Se a demanda está em alta mundialmente, os preços deveriam subir, mas caem. Ilusoriamente sobem para o produtor brasileiro por que a elevação da taxa de câmbio causa um falso aumento nos preços, seja na soja, milho, café e tantos outros produtos do agronegócio brasileiro. Vejam que no setor de carnes o volume de exportação foi reduzido em 20% em razão de um embarque mais lento, como resultado da queda nas exportações aumentou a oferta de carne no mercado interno, baixando em muito os preços.

    Todavia, o que se tem percebido é que o comportamento dos mercados de commodities agrícolas estão totalmente avessos às regras usualmente aplicadas, indicando um total descompasso e descontrole operacional ou até mesmo um jogo especulativo - caso que seria digno de uma "Tese dissertativa" para os formando dos Cursos de Economia ou Comércio Exterior.

    A recomendação que passo à todos é para que hajam com prudência e bom senso. E, considerando que em condições de normalidade dos mercados, os produtores brasileiros estariam comercializando o soja em níveis de R$.70 ou R$75 reais por saca; o milho em níveis de R$.33 ou R$.37 reais por saca e que comparados aos preços atuais verificamos um ganho atual de aproximadamente 20% (vinte por cento) nos preços. Recomendo aos produtores que aproveitem esta oportunidade para vender sua produção, pagar todos os compromissos possíveis. Se querem especular, especulem com o que lhes sobra de produção, porque esta sobra é sua, sem dever para ninguém e, se ao final resultar em prejuízo, este será só teu e de seus colaboradores (esposa e filhos), não interessando à mais ninguém, da mesma forma que houver ganho extra, somente à vocês interessa.

    Aos governantes, este é um chamado para revisar a política nacional de formação de estoques estratégicos, ainda que mínimos, pois um país tão rico e grande, considerado "Celeiro do Mundo", não pode saciar a fome do mundo, com seus habitante vivendo em carestia.

    "O tempo é o senhor da razão. Quem sobreviver, verá"

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