Fala Produtor - Mensagem
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Geraldo Nardelli Marília - SP 12/09/2020 17:08
Comentário referente a notícia: Arroz em falta? Esse é o resultado, depois que o PT expulsou os arrozeiros da Raposa Serra do Sol-
Otávio Perrone Santos
Casa Branca - SP
Se vc me explicar, com seu modelo estatístico, como sair de uma produção de 100 mil ton para 2 milhões ton, ai a gente saberia quem está ou não equivocado e se é fato ou se é mais um devaneio. Agora sobre seu argumento de estoque de passagem, olha os estoques de soja e milho que vem reduzindo tb, isso está ocorrendo por conta do dólar maior e por demanda maior de proteína animal e de grãos, nada mais que isso. Meu ponto é esse argumento que os políticos usam sempre de que a culpa é da gestão passada, nesse caso não foi. É um movimento natural dos agricultores, eles saem de um atividade que está menos rentável para uma mais rentável e isso foi propiciado pelo aumento do dólar e, claro, demanda crescente por alimentos (que não é culpa de nenhum governante). Agora se vc disser que o PT nunca se preocupou em criar uma política de segurança alimentar eu concordaria com vc, isso é urgente dado as escassez que já tivemos de tomate, feijão e outros alimentos. O que tb não nos impede de cobrar do governo atual propor uma solução viável para isso.
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carlo meloni
sao paulo - SP
Realmente acho chutado o valor de 2 000 000 de milhoes pois acrescimo de 5% ao ano da', no fim de 12 anos, 80%...
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Geraldo Nardelli
Marília - SP
Vou lhe explicar, se você vai querer entender já é outro problema, mas vamos lá.
Desde já quero dizer que em um ponto concordo contigo. O PT jamais se preocupou com Segurança Alimentar de fato..., chegaram ao ponto de desvirtuar o conceito original da Segurança Alimentar, que surgiu na Europa durante a 1a. Guerra Mundial, quando percebeu-se que um país poderia dominar o outro, controlando o seu suprimento de alimentos. Mas os ditos "socialistas" apropriaram-se do conceito e logo emprestaram o entendimento que lhes convinha, adaptando o conceito da "segurança alimentar" para o socialismo.
A sua comparação com soja e milho não procede, pois as produtividades são crescentes, as áreas de plantio idem, assim como a exportação. Veja um dado interessante sobre soja:
Até 2003 o Brasil era importador da oleaginosa e importou naquele ano 670 milhões de toneladas, à partir de 2004 passou a exportador. Em 15 anos alcançou a liderança mundial na produção e exportação. Isto se deu por vários fatores, todos atrelados a iniciativa privada, nada com políticas agrícolas, talvez por isso seja um case de sucesso.
Milho caminha no mesmo sentido, pois apesar de existir grandes produtores na nossa frente (China x EUA), o excedente exportável nosso é maior. A conclusão disso é que o fato de exportar mais, é benéfico para qualquer cultura e permite os investimentos e a expansão.
Mas vamos falar em arroz.
Primeiro o Brasil, mesmo com reduções sucessivas na área plantada, ainda é o maior produtor de arroz fora da Ásia. Provavelmente o 9o. país em produção do cereal.
As exportações de arroz brasileiras de 2010 a 2019 tem a média de 1.370.600 toneladas por ano. Esse ano a previsão da CONAB era 1.500,000 ton., que não deve se concretizar, em razão da escassez. De fato até agosto foram exportadas 883.800 toneladas e eu ouso dizer que as exportações ficarão abaixo da média.
Só estes dados, já deixam claro e destroem o seu argumento do U$ e exportação, como fatores para escassez e consequente alta exacerbada das cotações.
O U$ vai pesar sim e muito, mas agora com o aumento da importação pois a cotação internacional está na faixa de U$ 532 a tonelada FOB Tailândia (11/09/2020) e o arroz chegará aqui muito mais caro. Na faixa de R$ 4,00 ou mais o kg., no Porto.
Acrescente ainda os custos internos e margens, há potencial para chegar no consumidor final a R$ 8,00 o kg.
A necessidade de o Brasil importar, vai mexer com as cotações internacionais, que tendem subir mais. Só para ilustrar: O maior exportador mundial de arroz é a Tailândia, a China um grande importador de alimentos importou da Tailândia neste ano - nos 7 meses até julho/2020 - a módica quantia de 138.000 toneladas de arroz. O Brasil já anunciou que em 4 meses irá importar 400.000 ton, ou seja 3x mais que a China importou em 7 meses. Vamos inflacionar os preços e acelerar alta das cotações.
Mas vamos falar do prejuízo causado ao País, a produção de arroz, aos estoques de passagem e a Segurança Alimentar, provocada pela criação da Reserva Indígena Raposa Serra do Sol e expulsão dos arrozeiros das suas áreas de produção.
As áreas de cultivo de arroz vem reduzindo no Brasil, por fatores ligados a preços e baixa rentabilidade, resultado de políticas populistas e intervencionismos na economia, praticado pelos últimos Desgovernos.
Ao contrário das áreas cultivadas com outras culturas, que nas últimas 2 décadas tiveram aumento, o arroz é um dos poucos casos de redução.
Permaneceram na cultura, praticamente aqueles poucos produtores das áreas cuja aptidão era praticamente o cultivo do arroz (irrigado), pois todos aqueles que tinham opção para migrar para outras culturas, o fizeram.
Sem entrar no mérito das outras regiões, falando apenas de Roraima, em 2000 a área plantada foi de 9.000 hectares e crescia vigorosamente até o ano de 2008 quando o plantio foi de 24.000 hectares e alcançava excelente produtividade já a época de 6.350 kg por hectare, atingindo naquele ano 152.400 toneladas do grão. Com enorme potencial de expansão.
Sem nos alongarmos, os dados demonstram claramente que a produção de arroz somente continuou nas áreas onde não haviam alternativas de cultivo (CASO DAS ÁREAS DA RAPOSA SERRA DO SOL).
Estas áreas tinham apenas 2 vocações : Produzir arroz ou virar reserva indígena. O PT e o stf escolheram a segunda.
Sem contar que a produção em Roraima era estratégica, pois abastecia o Norte do país, cuja população é 20 milhões de pessoas, além da proximidade com a Venezuela (aquele país socialista ao lado), que é o maior importador de arroz do Brasil (quebrados de arroz, pois a população não tem renda para comprar os melhores grãos).
De sorte que o argumento da exportação e do U$ não se sustentam para justificar a escassez e a alta dos preços até aqui.
Resta a única explicação que é a redução dos estoques de passagem em 2.000.000 de toneladas de 2008 para cá.
Que foi agravado pela doação de 300.000 toneladas dos estoques de arroz para Cuba e outros países amigos dos Desgovernos passados.
Falta de política agrícola e planejamento.
Considerando que as áreas de Roraima eram potencialmente produtoras (de fato) de arroz, e naquelas terras não haviam opções de outros cultivos, portanto, aqueles agricultores permaneceriam produzindo arroz, é perfeitamente factível e possível afirmar que a ausência da produção nas áreas, provocadas pela criação da Raposa Serra do Sol, foi uma das grandes causas que provocou este efeito vivido agora.
Numa conta rápida de padaria: 12 safras x 150.000 ton = 1.800.000 toneladas, praticamente a redução ocorrida nos estoques de passagem.
Para sobrar estoques de passagem, é indispensável que haja a produção.
Nós só colhemos aquilo que plantamos!!!
Mas a Sociedade paga o preço pelos desacertos, devaneios e ideologias do governo e do stf.
A conta pode demorar, mas, com certeza, chega!
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carlo meloni
sao paulo - SP
Muitissimo util esse debate..., so' gostaria de acrescentar duas coisas que a Katia de Abreu disse-----1º Os estoques de passagem sempre foram bem maiores em decadas passadas-----2º houve um problema de produçao na Tailandia e na India que provocou um aumento do preço internacional em dolares-------Sera' verdade ????
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Leodir Vicente Sbaraine
Terra Roxa - PR
Parabéns mais uma vez, sr. Geraldo, um show de conhecimento !!!
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Paulo Roberto Rensi
Bandeirantes - PR
Sr. GERALDO ... PARABÉNS! ... Mas, gostaria de só fazer um "conserto" ... Quando o Sr. cita: ... Até 2003 o Brasil era importador da oleaginosa e importou naquele ano 670 milhões de toneladas ...Acredito que deve ser 670 mil toneladas ... ... ... Agora quanto ao restante, mostra o seu conhecimento sobre o assunto. Inclusive, muito esclarecedor para todos que tiveram a oportunidade de conhecê-lo... ... PARABÉNS !!!
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Claudio Volpe Paulo
Londrina - PR
Belo debate, porém deixam de fora quem produz ... e que há anos trabalham muito duro, com margens pequenas e sujeitos aos riscos da natureza para colocar o arroz barato na mesa do pobre...
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Geraldo Nardelli
Marília - SP
Sr. Paulo Roberto Rensi, o sr. está correto. O valor é 670 mil toneladas que equivalem a 670 milhões de kg., o total importado de soja pelo Brasil no ano de 2003. Por um erro na hora de digitar a informação ficou equivocada, peço desculpas, é que o espaço visual para digitar respostas é estreito e as vezes atrapalha um pouco. De fato, não poderia ser 670 M de toneladas, pois a nossa safra total - recorde - neste ano safra, considerando todos os produtos será de aproximadamente 257 milhões de toneladas. Obrigado pela observação e oportunidade de corrigir. Quanto a informação da Senadora Kátia Abreu - trazida pelo Sr. Carlo Meloni, ela é parcialmente verdadeira, mas não absoluta. Aliás, muito relativa, assim que for possível, demonstrarei aqui, compartilhando com os companheiros produtores rurais os dados compilados e a minha visão sobre esta questão. Abraço!
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Otávio Perrone Santos
Casa Branca - SP
Geraldo, muito esclarecedora sua resposta. Só um ponto que queria destacar, entendo que sua conta faz mais sentido, mas vc não pode assumir a premissa de que por não ter produzido durante todos esses anos o arroz seria acumulado ad eternum, poderíamos ter exportado, o preço menor poderia ter estimulado o aumento no consumo ou poderia tb não, mas de novo meu questionamento é quanto as premissas que vc adotou, não seu raciocínio que está, depois do ajuste, mais coerente. Quanto ao milho e a soja que disse tvz não ficou claro o que quis dizer, o ponto era que os estoques de soja e milho tb vem sendo reduzido ano após ano gerando escassez, como no arroz (que no meu entendimento é mais um choque de oferta, agravado pelo câmbio e margens menores dessa atividade). apartidário que sou sempre vejo as notícias em todas as mídias com bastante ceticismo, por exemplo, o próprio NA noticiou que o preço do milho há uns dois anos atrás iria recuar mt por causa do acordo China-EUA, elembro de comentar que quem noticiou parecia ter outras intenções maiores do que informar, ou seja, tentar criar a falsa sensação de que aquele era o momento de vender. O mesmo aconteceu com a soja após o acordo ser assinado, quando na Jovem Pan o Villa deu uma notícia de que a China ia comprar dos EUA 10 milhões de toneladas de soja e à época aquilo significaria um desastre para a agricultura do país, o que provou-se contrário e mostra que a mídia sempre joga para os dois lados, geralmente para quem paga mais. Um abraço e obrigado pela contribuição.
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Otávio Perrone Santos
Casa Branca - SP
Otávio Perrone, você está totalmente equivocado. É muito rasa a sua argumentação para justificar a sua crítica. O arroz no Brasil possui ou possuía 4 grandes locais de produção. 01) Os lavrados de Roraima, que há 12 anos atrás já produziam mais de 100.000 ton ano e estavam em plena expansão, 02) Os varjões de SP e MG, inclusive o Vale do Ribeira, cujo cultivo foi proibido por causa da atuação do MP coagindo os pequenos agricultores a cumprirem a extensão do Código Florestal- ESTAS 2 REGIÕES NÃO PLANTAM MAIS. Restaram: 03) A região do Projeto Formoso do Araguaia e 04) A planícies alagáveis do Rio Grande... Em razão disso ocorreu uma mudança silenciosa, há 12 anos atrás, portanto em 2008 o estoque de passagem do arroz de uma safra pra outra (produção menos o consumo) era 2.500.000 toneladas. Já em 2019/2020 (mesmo com esse aumento ESTIMADO pela CONAB) o estoque de passagem foi de 441.000 toneladas. OU SEJA, A PERDA DA PRODUÇÃO ACUMULADA vem comprometendo a SEGURANÇA ALIMENTAR. As exportações de arroz sempre foram na média de 1.000.000 toneladas. A questão cambial tem um peso, mas muito menor do que a escassez. O PESO DO CÂMBIO SERÁ GRANDE AGORA com a importação, pois o arroz importado chegará ao consumidor final acima de R$ 40,00 o pacote. É máxima em qualquer mercado que a escassez se regula por preços, que sobem...sobem....sobem.... até que a demanda esteja ajustada com a produção. Portanto a reportagem está correta. UMA DICA: Quando for utilizar dados da Conab, não se prenda a estimativa de safra, pois ela, como o nome diz - ESTIMATIVA - é correlação apenas com o ano safra anterior. Aprofunda a pesquisa e no próprio sítio da CONAB tem os relatórios de produção/demanda e estoques, bem mais completos. Segue link: file:///C:/Users/geral/Downloads/ArrozZ-ZAnaliseZMensalZ-ZMaio-Junho-2020.pdf .
O concreto é que os 12 anos sem a produção anual da hoje RAPOSA SERRA DO SOL, permitiu a redução de mais de 2.000,000 de toneladas do estoque de arroz. E ISSO É FATO !!!!