Fala Produtor - Mensagem

  • Ludmila Rattis Passos - MG 15/06/2011 00:00

    Oi Paulo Cezar!

    Permita-me responder cada uma de suas questões:

    1) Como você explica o fato de os paises Europeus e EUA nunca terem se preocupado com com APPS e reserva legal e estarem com suas atividades agropecuárias ativas até hoje??

    R: Países europeus e EUA estão em regiões temperadas, portanto têm biomas muito diferentes dos nossos. A Alemanha, por exemplo, tem menos espécies de plantas e animais do que o nosso bioma da Mata Atlântica (digo do jeito que está hoje, degradado e com pouquíssimos fragmentos). Não há como comparar ou mesmo aplicar alguma política pública desses países no nosso imenso e complexo Brasil, com todos os seus biomas.

    Países da Europa sofrem por falta de água. Pergunte para Portugal, França, Espanha, Itália, Grécia e Polônia que muito padecem por falta desse bem tão abundante no nosso país o que eles fariam se tivessem nossos corpos d’água. Assoreariam? Acho que não.

    2) O que vc quer que o governo faça com as milhares de familias de pequenos agricultores que vivem e produzem as margens do São Francisco e outros rios, com todos os sulistas que estão atualmente sobrevivendo em áreas de APPs?

    R: Em resposta ao Telmo, eu disse que sou a favor de uma mudança no Código, porém a mudança não pode ser do jeito que está. Você coloca duas situações: dos Sulistas que vivem em um ambiente e dos pequenos agricultores do Rio São Francisco. São duas realidades diferentes que devem ser tratadas de maneira distintas. Minha realidade no sudoeste de Minas Gerais é uma. A sua realidade aí em Goiás é outra. Como estabelecer um só critério para esse nosso enorme e complexo país, Paulo Cezar? Conheço pequenos agricultores – aqui perto de mim e no Pontal do Paranapanema – que plantam no sistema de agroflorestas e dá certo! É muito bonito ver o equilíbrio entre a produção agrícola e a natureza!

    3) Vc quer joga-los à marcê do bolsa familia, ou quer que eles engrossem as camadas de desempregados das grandes cidades?? Ou talvez vc queira ver o pobre e o miserável fique sem nenhuma condição de comprar um quilo de feijão, de arroz, de carne ou de farinha porque se tornará absurdo o preço, já que a produção ficará bem abaixo da crescente demanda.

    :

    R: Essa não é a realidade dos agricultores que produzem verduras orgânicas e plantio de café, mandioca, milho, abacaxi entre outras culturas em sistema agroflorestal. Muito pelo contrário! Antes de terem um pedaço de terra para plantar eles viviam sem saneamento básico, sem energia elétrica e sem perspectivas.

    4) Não seja tão radical. O Aldo está certo, nós agricultores estamos com ele.

    R: Não acredito haver radicalismo no equilíbrio. Só quero continuar plantando e engordando meus bois e que meus filhos possam fazer o que faço, já que o que sei e tenho herdei do meu pai. Se a gente for a favor dessas devastadoras mudanças a gente pode comprometer a água de nossas propriedades e essas pessoas tão pobres que vivem às margens do rio e da sociedade.

    A mudança no código pode mudar nossas realidades, para pior ou para melhor, só depende de nós.

    Comentário referente a notícia: [b]NEM DESMATAMENTO, NEM ANISTIA, por Aldo Rebelo[/b]

    Veja a notícia completa http://www.noticiasagricolas.com.br/noticias.php?id=90551

    0